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sexta-feira, 15 de julho de 2011

O Ano Lunar


Desde os primórdios da humanidade a misteriosa lua, mudando suas faces e formas, foi associada à Deusa e aos mistérios femininos do corpo e do sangue.
Uma escultura datada de cerca de 20.000 a.C., chamada de A Grande Deusa de Laussel, representa uma mulher segurando um chifre de bisão. Esse chifre, aludindo a própria lua, traz 13 marcas, uma para cada mês lunar.
As fases da lua são associadas as faces da Deusa - Donzela, Amante, Mãe e Anciã, assim como as fases da mulher: a infância-adolescência, a juventude-plenitude, a maternidade e o envelhecimento seguido da morte.
Grande parte da literatura a cerca da Deusa fala da Deusa Tríplice - Donzela, Mãe e Anciã ignorando, creio que propositalmente, a lua nova ou Lua Escura.
Esse tema, porém, será abordado num outro momento.

Embora esteja hoje ao alcance das mãos vasta literatura sobre as diversas formas do paganismo e, embora sejam, sem dúvida, enriquecedoras e esclarecedoras as informações, é necessario lembrar que a Antiga Fé e seus ritos tem origem no hemisfério norte.
Os Ritos Sazonais ou grandes Festivais do Sol, conhecidos como Sabás, estão intimamente ligados aos ciclos das estações. Portanto, embora respeite a forma ritual dos que 'giram pela Roda do Norte', meus escritos dos últimos 12 anos, assim como meu trabalho ritual pessoal e grupal nos últimos 25, 'gira a Roda' e adapta esses rituais ao ciclo das estações do hemisfério sul.
Também esse é assunto para outro momento.
Essa introdução a cerca do que será desenvolvido em outro momento tem sua razão de ser.

Assim como a literatura voltada para os Sabás tem, como referencial, o hemisfério norte, toda a literatura que conheço a cerca das 13 fases da lua trazem a mesma referência.
Se simplesmente "copiar e colar" o que está nos livros, estaria sendo incoerente com minha forma de trabalhar com as energias do universo e seus ciclos.
Eu "giro pela Roda do Sul" e, nesse meu andar, tentarei não usar apenas "informações invertidas" das literaturas, mas acrescentar a essa informações minhas impressões e visões pessoais.

Embora tenha escrito sobre as Tradições da Deusa e inúmeras outras facetas do ocultismo por 12 anos, somente há pouco me ocorreu ser parturiente de um blog sobre a Antiga Fé e o Sagrado Feminino. Poeticamente, acredito que essa nova fase de escrita estivesse, por esse tempo, sendo gestada no Caldeirão de Cerridween.

As Treza Luas

Diferentes culturas usaram o Calendário Lunar para alinhar seus fluxos de vida com o fluxo energético de cada lua. Egípcios, chineses, gregos, celtas, romanos, povos da Mesopotânea e culturas índigenas, entre tantos outros, tiveram seus primeiros calendários baseados nas andanças da lua pelo céu. Cada mês lunar foi associado a uma polaridade astrológica, a um Animal Totem, um ciclo sazonal, um evento da natureza.
Como polaridade astrológica, o plenilúnio acontece quando a lua encontra-se no signo oposto ao que se encontra o sol. É esse o momento de equilibrar a energia dos dois signos.
Entre os índios Cherokee, Seneca e outras tribos, cada uma das treze luas está sob a regência e proteção de uma Mãe de Clã ou Matriarca.

Na lenda das Treze Matriarcas, o símbolo da Mãe Terra é o casco da tartaruga formado por 13 segmentos. Diz essa lenda que, num passado muito distante, a Terra desviou de sua órbita e foi destruída por cataclismos gerados pela ganância dos seres vivos.
** qualquer semelhança com a resposta que a Mãe Terra tem dado ao homem moderno e suas inúmeras agressões à natureza, pode não ser mera coincidência**
Para iniciar um novo ciclo e dar à humanidade a chance de reestabelecer o equilíbrio perdido, a Mãe Cósmica manifestou, na Terra, treze partes do Todo na forma das Treze Matriarcas, regentes das 13 lunações.
Cada Matriarca detém no coração e no ventre a visão e a capacidade de gerar sonhos e, através dos laços de sangue manifestos nas treze luas, deixaram para a humanidade um legado de amor e compaixão, guardado no coração das mulheres. É o Sagrado Feminino se manifestando através do segredo das luas.
Na Terra, as Matriarcas formaram um conselho chamado de "A Casa da Tartaruga" e, a cada plenilúnio, uma dessas Mães de Clã nos convida a entrar e compartilhar de suas bençãos e ensinamentos.

A Roda do Ano da Wicca, com seus oito Festivais Solares, não inicia, como a Roda Astrológica, em 21 de março com a entrada do Sol em Áries.
Para alguns Tradições, inicia em torno 21 de junho, no Solstício de Inverno com o Sabá de Yule, que representa o nascimento do Deus Sol.
Para outras, no Samhain, o Ano Novo da Antiga Fé.

O calendário lunar que passo a dividir com os leitores, inicia-se nesse plenilúnio de 15 de julho, primeira Lua Cheia da Roda do Ano.



O Plenilúnio de Julho


15 de julho de 2011
Plenilúnio em Capricórnio, Sol em Câncer
Capricórnio é um signo de terra. Algumas de suas características positivas são a organização, a praticidade, a objetividade, a seriedade e a tenacidade em alcançar seus objetivos.
Por outro lado, tem imensa dificuldade de se relacionar emocionalmente e expressar sentimentos.
Câncer é um signo de água e regido pela lua. Algumas de suas caracteríscas positivas são a sensibilidade, o amor á família, a criatividade, a fertilidade, a geração e preservação e a facilidade de criar vínculos afetivos.
Por outro lado, a sensibilidade extrema o faz necessitar de segurança e proteção e torna-o por vezes incapaz de se responsabilizar por seus atos.
A combinação dessas forças opostas, nesse plenilúnio, nos oportuniza a criação de uma estrutura segura, organizada (terra), que tenha por objetivo a abertura psíquica (água)para receber orientações de nosso Eu superior. Essa polaridade cósmica nos convida a desenvolver a sensibilidade de forma organizada para que os ensinamentos da Grande Mãe fluam do inconsciente para o consciente criativo.
* uma percepção clara e física dessa polaridade: no momento em que escrevo esse texto, o dia encontra-se bastante úmido (a água de Câncer) e quente (o verão de Capricórnio) num momento em que o inverno no Sul do País deveria nos trazer um dia de frio rigoroso.


Lua do Lobo
Embora tenha adotado, por conviniência mágica, o Totem do Lobo para caracterizar esse plenilúnio, a lua cheia de julho também é chamada de Lua da Neve, Lua do Pequeno Inverno, Lua Fria.
No calendário lunar, esse é o tempo dos ritos de renovação espiritual, de busca pela clareza, de abertura da mente e de meditação no eu mais elevado.

Beth
Os celtas possuiam um calendário ou zodíaco conhecido como Beth Luis Nion, cujos 'signos' ou luas eram representados por 13 árvores sagradas.
À energia desse plenilúnio corresponde ao signo do Vidoeiro, Beth, cuja tradução poderia ser "mundo" e o mito associado a ele é o da história do nascimento de Taliesin.
Uma vez mais, a energia da terra nos convida à abertura espiritual, a iniciação e a transformação através do Caldeirão de Cerridween, local de gestação do mais famoso druida de Gales, nascido da própria Deusa.

A Matriarca da Sétima Lunação
"Aquela que ama todas as coisas". É a guardião do amor incondicional e ensina o amor e a compaixão em todas as manifestações da vida. Nos ensina a quebrar padrões impostos de dependência e ensina nossa criança interior a aceitar e dar amor, curando as feridas do passado.
**não "girei a Roda" em relação ao Clã Matrifocal de julho por uma razão simples:
A lua, no Mapa Natal, rege nossas emoções. Em julho, se faz cheia no signo de Capricórnio e os ensinamentos "d'Aquela que ama todas as coisas" vão de encontro à necessidade de aprendizado do lidar e expressar emoções, típicos de Capricórnio.

* imagens retiradas da web
* Bibliografia consultada para informações mitológicas/históricas:
The Celtic Lunar Zodiac - Helena Paterson
O vôo da Águia - Leo Artése
Livro Mágico da Lua - D. J. Conway
O Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
* textos e interpretação: Mara Barrionuevo

terça-feira, 12 de julho de 2011

As Raizes da Antiga Fé


Wicca, ou a Arte dos Sábios, é o termo pelo qual hoje é conhecida a mais antiga prática religiosa do ocidente.  A palavra wicca vem do inglês arcaico wicce – dobrar ou moldar, ou de wish, de raiz anglo-saxã, que significa vidente e se relaciona com a palavra inglesa witch – bruxa, originalmente mulher sábia.

A representação mais antiga que se conhece de uma divindade encontra-se na Caverne des Trois Frères, em Ariège e data do final do período paleolítico (Idade da Pedra Lascada - 1 milhão de anos atrás até 10 000 a.C)
A figura é de um homem vestido com a pele de um cervo ou veado, usando na cabeça chifres desse animal, desenhado na parte superior da caverna; abaixo dele e à sua volta há representações de animais pintados de maneira magistral, característica do artista do paleolítico. Levando em conta a posição relativa das figuras, o homem ocupa uma posição dominante e está no ato de realizar uma cerimônia na qual os animais tomam parte. Embora a pintura dos animais esteja localizada onde pode ser facilmente vista por um observador, o homem com chifres só pode ser visto da parte da caverna onde o acesso é mais difícil. Esse fato sugere que um alto grau de divindade era atribuído a essa representação.
De acordo com antropóloga Margaret Murray, seu significado só pode ser compreendido pela analogia, mas os elementos são suficientes para que possamos crer que o homem representa o Deus Encarnado, prestes a realizar uma dança sagrada.
Diz Gerald Gardner em The Meaning of Withcraft: “Ele é o antigo deus fálico da fertilidade que veio dos primórdios do mundo.”
Os ritos mágicos primitivos tiveram origem no costume dos homens do paleolítico de vestirem-se para a caçada com pele e cornos de animais, assumindo desse modo o papel de Deus da Caça. A persistência dessa forma ritual foi observada até menos de cem anos, quando os índios Mandan executavam a Dança do Búfalo para o mesmo propósito.
O Homo sapiens sapiens já vivia há cerca de 40 000 anos, e é o responsável por essas representações, assim como pelas pinturas nas paredes de outras cavernas como a de Lascaux, na França e de Altamira, na Espanha.
Nesse período a temperatura na Europa caia rapidamente e grandes lençóis de gelo ocupavam a Terra. A glaciação matou a vida vegetal e a sobrevivência dos clãs dependia da caça. As pinturas representavam o espírito dos animais que nossos ancestrais desejavam caçar e foram a primeira forma de magia simpática reconhecida pelos historiadores.
No início de neolítico, os grandes lençóis de gelo retrocederam, e as sociedades nômades de caça deram lugar às sociedades sedentárias. Quando os humanos caçadores-coletores que habitavam as florestas começaram a desenvolver essas sociedades agrícolas, trouxeram consigo as antigas deidades do mundo selvagem. O Deus de cornos de gamo da floresta foi transformado um Deus com cornos de bode dos pastos, provavelmente pela necessidade de se domesticarem animais numa sociedade agrícola. E, nessa sociedade o Deus da floresta tornou-se também o Deus das colheitas.
O foco do antigo culto, no entanto, não era centrado numa forma masculina, mas numa forma feminina. Os primeiros ancestrais da expressão do paganismo cultuavam uma Deusa Mãe que refletia a misteriosa natureza das mulheres, a qual lhes consentia sangrar por dias sem enfraquecer e gerar outra vida humana. E, se a vida provinha da mulher que ‘engravidava dos deuses deitada ao luar’, toda a criação provinha de uma divindade feminina.
O desconhecimento dos homens, até a Idade do Bronze, sobre a relação entre o ato sexual e a concepção, e a crença de que as mulheres engravidavam deitadas ao luar, estabeleceram um profundo respeito ao feminino e aos mistérios da procriação, dando origem ao conceito do Divino Feminino e ao culto da Deusa Mãe como criadora do mundo.
Embora se ignore se a Deusa existiu primeiro ou se Deusa e Deus evoluíram juntos, é certo que o sucesso da caçada e a sobrevivência dos clãs dependia da fertilidade dos animais e a fertilidade foi e é um dos maiores atributos da Deusa.
Imagens neolíticas de figuras femininas poderosas foram encontradas em dezenas de lugares espalhados pelo planeta, como a Deusa de Willendorf, a do Rio Nilo e a impressionante estatueta de uma mulher dando á luz sentada num trono e cercada por animais, de Çatal Hüyük na Turquia, datada de 5750 a.C
A RELIGIÃO
Para os pagãos, os Deuses são a própria natureza e, por isso, a preservação dela é a essência da Religião da Deusa. O princípio da imanência está em tudo. Ela é onipresente na vida e em cada ser humano. A Antiga Fé não vê a divindade como algo á parte da natureza. Ela é o mundo, a terra, e todas as coisas que existem. Rios, mares, árvores, pedras são a própria divindade manifesta.
O paganismo como religião começou a tomar forma no período mesolítico e se estabeleceu definitivamente entre os povos do neolítico, cuja cultura e sobrevivência estavam diretamente ligadas á terra.
Nessa época, as tribos deixaram a vida nômade para se estabelecerem em comunidades sedentárias agrícolas. Através da observação, pelas mulheres, dos ritmos da terra, a agricultura foi sistematizada pelos homens.
Desenvolveram então rituais sazonais de adoração á natureza observando a própria natureza e a trajetória do sol ao longo do ano. Tais ritos acompanhavam o ciclo das estações, a semeadura, crescimento e colheita das lavouras e fertilidade os animais.
Embora fosse a Deusa foco dos cultos, era em torno da figura do deus que girava a Roda do Ano. Nos ritos, bem como na religião como um todo, o deus personifica o Sol e sua passagem pelo céu. A Deusa personifica a lua e seus ciclos, bem como toda a natureza vegetal. Ela é a mãe, ele o filho/amante; ela a semeadora, ele a semente. Ele é a caça e também o caçador. Ela dá a vida e chama para a morte.
A Roda do Ano, composta por oito rituais, é um síntese de séculos de história, desde os ritos de caça e de culto aos mortos do paleolítico, aos ritos apropriados a fertilidade da terra e dos rebanhos do neolítico.
A Roda do Ano:
YULE, o solstício de inverno. A Festa de Renascimento do Sol celebra o nascimento do Deus Sol após a noite mais longa do ano. Ele passa a governar a parte escura do ano.
IMBOLC, o 1º. Festival do Sol. Os campos são purificados e preparados para a semeadura, enquanto se celebra o crescimento da Criança Divina nascida no Yule.
EOSTRE, o equinócio de primavera, tempo da semente brotando na terra. O dia e a noite são iguais e a Criança Divina vai se tornado o jovem caçador.
BELTAINE, o Festival da Fertilidade celebra a força vital da natureza e se acendem os fogos que vão iluminar o caminho do verão. O Deus jovem e a Deusa se unem.
LITHA, o solstício de verão é a época do grão amadurecido. É no ápice que inicia a decadência. A Deusa passa a governar a parte clara, o Deus torna-se adulto.
LAMMAS, o primeiro festival da colheita, comemora a união fértil dos deuses em Beltaine. O Deus adulto de Litha inicia seu processo de amadurecimento.
MABON, o equinócio de outono, celebra segundo festival da colheita. Os frutos da terra são todos colhidos e o Deus começa a envelhecer.
SAMHAIN, o Festival dos Mortos, marca a volta da estação fria e a morte do Deus, que renascerá em Yule. Acontece em 31 de outubro, dia do Ano Novo Celta.
A estrutura religiosa de vários povos da antiguidade foi unificada em uma única religião pelos druidas, sacerdotes celtas. Em The Mysteries of Britain, Lewis Spence afirma que os ensinamentos druídicos surgiram de uma combinação da cultura mediterrânea neolítica com as crenças nativas da antiga Bretanha. O Culto aos Mortos, comum ás crenças da Europa Setentrional, teriam sido trazidos por viajantes mediterrâneos, os homens de Long Barrow, ao litoral britânico por volta de 2000 a.C. Entre 600 e 500 a.C os celtas invadiram a Europa e se deparam com os cultos.
Com o início da Idade do Ferro, as ilhas britânicas ficaram isoladas e dessa forma as crenças celtas transformaram os ensinamentos importados numa religião única.
Quando uma Roma cristianizada invadiu a Europa no sec. VII d.C, iniciou-se a conversão dos povos pagãos a nova religião do Cristo.
Cinco séculos mais tarde, aqueles que não aderiram á nova religião passaram a sofrer a perseguição da igreja. Mas foi no ano de 1484 que essa perseguição tornou-se oficial, com a assinatura da Bula de Inocêncio VIII, dando aos inquisidores Heinrich Krames e James Sprenger poderes de vida e morte sobre os pagãos seguidores da Antiga Fé.
Durante 4 séculos, milhares de pessoas foram torturadas e mortas sob o pretexto de servirem ao demônio, genocídio perpetrado na época em que se formavam as nações modernas.
A Santa Inquisição transformou o Deus de Chifres no demônio cristão e o Sagrado Feminino em feiticeiras malignas queimadas em fogueiras.
A Antiga Fé teria sido completamente varrida da história, não fossem os poucos que conseguiram escapar do braço secular da igreja e levado os ensinamentos antigos para as sombras da História.
O paganismo desses povos foi resgatado nos sec XIX e XX por antropólogos como Margaret Alice Murray, Gerald Gardner e Charles Godfrey Leland que escreveu, em 1899, Aradia Golpel of Witches.
Os neo-pagãos chamam de WICCA a Antiga Fé. Mas, mesmo estabelecida como religião, a WICCA tateia no escuro a procura de suas raízes. Afinal, a pré-história nos deixou apenas resquícios de suas civilizações e a História, como sempre, é escrita pelos vencedores.
** Esse texto é tão somente a introdução das variadas facetas da Religião da Deusa que serão desenvolvidas aqui, e foi extraído de dois diferentes trabalhos:
O Paganismo para USP, junho/2010 e A Religião da Grande Mãe para o jornal O Exotérico, maio 2002, ambos de autoria de Mara Barrionuevo.

** Referência a autores no corpo do texto
** Imagens retiradas da Net
** Bibliografia recomendada:
Gardner, Gerald – Bruxaria Hoje
Grimassi, Raven – Os Mistérios Wiccanos
Heinrich Krames e James Sprenger – Malleus Maleficarum
Murray, Margaret – The Witch-Cult in Western Europe
Prieto, Claudiney – Wicca A Religião da Deusa
Starhawk – Spiral Dance