http://www.mysticfair.com.br/bannermystic2011.gif

terça-feira, 27 de março de 2012

Páscoa - Origens e Mitos


Oito de abril, Páscoa! Dia feliz, quando podemos nos deliciar sem culpa com guloseimas das mais gostosas e variadas, desde os deliciosos pães de mel até os irresistíveis chocolates em forma de ovos e coelhos (você já teve o indiscutível prazer de morder a orelha de um coelho de chocolate?).
Páscoa, crianças de zero a 100 anos ansiosas e felizes, esperando pelo Sr. Coelhinho com seu enorme ninho recheado de ovos.


Para a maioria dos adultos, mais do que distribuição de chocolates a Páscoa é uma festa religiosa que comemora a Ressurreição do Cristo. Mas, o que teria em comum o dia da ressurreição, os chocolates, os coelhos e ovos? Para responder a essa pergunta, vamos voltar na história e tentar entender a origem dessa festa religiosa.

Na antiguidade, algumas representações de Deusas as mostravam acompanhadas de lebres, coelhos e ovos.
Na Grã-Bretanha, fala-se de uma deusa com o nome de Andraste. Pouco se sabe dessa Deusa, a não ser que era cultuada pela rainha-guerreira Boadicea. Andraste era associada à lua e o coelho era seu animal sagrado. De acordo com a história, a rainha Boadicea esteve perto de expulsar os conquistadores romanos, soltando um lebre um pouco antes da batalha. Ao observar o padrão de fuga da lebre, Boadicea teria previsto a conduta da batalha.
Uma versão posterior de Andraste é Eostre (interessante observar que o têrmo equivalente à Páscoa em inglês é easter). Eostre é a mesma Ostara, a deusa saxã da primavera e da fertilidade.
Ostara é representada segurando um ovo com uma das mãos, e mantendo um coelho aos seus pés. O coelho é sabidamente um símbolo da fertilidade, motivo pelo qual é o animal sagrado de Ostara. Já o ovo desde os tempos primitivos é simbólico.
Havia o Ovo do Mundo chamado pelos hindus Hiranya Garbha, no qual Brahmâ foi gestado e o Ovo do Mundo dos egípcios que procede Knef, a divindade não criada.
Havia ainda o Ovo da Babilônia no qual a deusa Ishtar foi gestada. De acordo com a lenda, o Ovo da Babilônia caiu no rio Eufrates.

Ovos coloridos foram usados durante centenas de anos na estação da primavera - a estação da fertilidade, pois o ovo é e sempre será emblema de nascimento ou de renascimento humano ou cósmico, celeste e terrestre. Na antigüidade eram pendurados em templos egípcios e trocados como símbolos sagrados. Ainda hoje podemos vê-los suspensos nas mesquitas maometanas.

Já a Deusa Ostara era o símbolo da ressurreição e adorada por vários povos, sob diferentes nomes - Ostara, Ostera, Esther, Eostre e Andraste, no início da estação das flores. Era costume entre os pagãos saxões e escandinavos, em tal época do ano, a troca de ovos coloridos, chamados de “ovos de Ostara”, que se tornaram os atuais ovos de Páscoa.
Os romanos celebravam a primavera com corridas em pistas ovais e ofertando ovos como prêmio. Desde a antigüidade, vários povos celebram nessa ocasião - o Equinócio de Primavera - um dos oito festivais conhecidos atualmente por Sabats.

O Festival do Equinócio de Primavera é um antigo rito de fertilidade que celebra o renascimento da vida na terra e o tempo do equilíbrio, onde dia e noite são iguais. É o momento no qual a donzela Kore retorna do reino de Hades para os braços de sua mãe, Deméter. Feliz, a Deusa faz a terra brotar. Nesse Festival, são honradas as deusas Ostara e Eostar, motivo pelo qual algumas Tradições chamam tal ocasião de Festival de Eostar. Em homenagem à Deusa, os pagãos ainda hoje pintam ovos com tinta colorida e atiram nas fogueiras.
(vale lembrar que os ritos da Antiga Fé surgiram no hemisfério norte e lá, agora, é primavera)

O cristianismo, adotando tal festa religiosa, deu outro significado a esse festival de renascimento e fertilidade, relacionando-o com a festa de ressurreição de Cristo que, como a vida latente no ovo, dormiu no sepulcro por três dias para então renascer para uma nova vida. Isso porque o Cristo era identificado como o Sol da Primavera que renasce após a morte do inverno.

Até hoje, o domingo de Páscoa é determinado pelas datas do festival pagão, pois o equinócio de primavera no hemisfério norte - local onde surgiram os ritos, acontece por volta do final de março.
O dia de Páscoa é determinado pelo primeiro domingo (dia do Sol) após a primeira lua cheia (o símbolo da Deusa grávida), após o equinócio (no hemisfério Sul, o equinócio de outono).
Como muitas das festas religiosas do cristianismo, a Páscoa é enriquecida com inúmeras características, costumes e tradições pagãs. A lebre, sagrada para as deusas lunares, e o ovo, símbolo do nascimento e renascimento, transformaram-se nas principais estrelas da festa de Páscoa.

Para aqueles que desejarem festejar a Páscoa como os antigos pagãos, vai aqui uma dica: Na noite anterior à Páscoa, acenda uma vela dourada, amarela ou verde e queime incenso de jasmim ou salva. Pinte com tinta colorida alguns ovos (um deles de dourado, simbolizando o sol). Separe alguns e ofereça aos amigos mais queridos. Projete nos restantes aquilo que gostaria de ver nascer ou renascer em sua vida e atire-os num fogo - fogueira, caldeirão, lareira ou numa churrasqueira - em honra da deusa Ostara.
Inclua em sua refeição ovos cozidos e bolos de mel.

Tenha um feliz Festival de Eostar e é claro, uma deliciosa Páscoa!

* texto: Mara Barrionuevo para jornal O Exotérico (numa Páscoa de mil, oitocentos e coquinhos)
* imagens da web

sexta-feira, 9 de março de 2012

XAMANISMO - A VIAGEM INICIÁTICA DA ALMA


Há cerca de 120.000 anos, viveu sobre o planeta o Homo Sapiens Neanderthalensis, ou Homem de Neanderthal. Esse homem primitivo possuía um cérebro igual ao nosso, usava instrumentos bem feitos e enterrava seus mortos. Para alguns historiadores, as primeiras manifestações de religiosidade da raça humana surgiram ai, no momento em que nosso antepassado passou a ritualizar a morte.
Depois do Homem de Neanderthal, no final do período Paleolítico, iniciou-se a evolução do Homo Sapiens Sapiens. Esse ancestral do homem deixou registrado, através de pinturas em cavernas, os primeiros sinais mágicos. A arqueologia registra, entre outras, as pinturas de animais nas cavernas de Lascaux e Niaux, na França e de Altamira, na Espanha.

Há 40 000 anos, nossos ancestrais viveram numa Europa em que grandes lençóis de gelo faziam seus últimos movimentos e, como caçadores, eles se aventuravam em pequenos grupos na perseguição de renas e bisões para garantir a sobrevivência dos clãs.
Alguns deles pintavam nas paredes das cavernas, antes da caçada, o animal que seria abatido e cujo espírito desejavam homenagear. Os especialmente dotados convocavam então as manadas até uma armadilha, onde alguns animais se deixariam capturar, garantindo assim a carne que os alimentaria.
Esses caçadores, chamados hoje xamãs primitivos, vestiam-se com peles e chifres e, em harmonia com o espírito da manada, se identificavam com os ritmos da natureza. Na Sibéria e Ucrânia, esses xamãs se identificavam com a natureza adorando uma Senhora dos Mamutes.

Xamã é uma palavra oriunda dos povos Tungus da Sibéria, usada pelos antropólogos para designar uma classe de pessoas dotadas de poderes ou conhecimentos especiais. Tais pessoas são, em culturas ocidentais, conhecidas como feiticeiros, curandeiros e videntes.
Mas nem todo feiticeiro ou vidente pode ser considerado um xamã. A antropologia moderna chama de xamanismo às religiões animistas onde o pajé, feiticeiro ou xamã é a figura central.
Xamã é uma pessoa - homem ou mulher - que desenvolveu a habilidade de acessar um determinado estado de consciência que o torna capaz de contatar uma realidade não visível à grande maioria das pessoas. Nessa realidade, que pode ser chamada supra sensorial, o xamã busca poder, conhecimento e capacidade de cura para os males físicos e espirituais da humanidade.
A técnica usada pelo xamã para acessar os níveis internos da realidade externa poderia ser comparada a técnicas de transformação de consciência usadas pela yoga. Porém, o xamanismo retira seus ensinamentos da própria natureza - animais, plantas, pedras, o próprio meio-ambiente configuram o vasto campo de aprendizado do xamã.

O antropólogo Michael Harner, estudioso do xamanismo entre as tribos Conibo e Jivaro da Amazônia peruana, fala dessa capacidade de transformação de consciência como êxtase - um transe durante o qual a alma do xamã, ao que parece, deixa o corpo e sobe aos céus ou desce ao submundo a fim de aprender.
A esse êxtase, a maioria dos antropólogos, inclusive o próprio Dr. Harner, chama de Estado Xamânico de Consciência (EXC). No EXC, o xamã não apenas desloca sua consciência da realidade física, como percebe claramente a realidade incomum a sua volta, sendo capaz de discernir sábia e perfeitamente a cerca do que passa a perceber.
Metaforicamente, essa mudança consciente de realidade é chamada pelo xamã de viagem.
Tal como os antigos druidas, que participavam de uma morte simbólica durante suas iniciações, e durante tal morte - ou transe - viajavam ao mundo dos espíritos para buscar sua sabedoria, o xamã empreende sua viagem durante um transe no qual o corpo físico permanece imóvel, enquanto que a alma galga livre por entre os inúmeros mundos que habitamos sem perceber, embora façam eles parte de nossa realidade.

São três as categorias de viagens xamânicas: as que acontecem através do submundo, do mundo do meio e do mundo superior.

A viagem ao mundo superior se caracteriza pela sensação de voar ou escalar uma montanha ou um árvore. Encontramos aqui um paralelismo entre o xamanismo e diversas outras culturas, onde o simbolismo da árvore encontra-se presente, como a Árvore da Vida da Cabala judaica, a Árvore do Mundo, Yggdrasil , da cultura nórdica ou a Árvore do Conhecimento, responsável pela expulsão de Adão e Eva do paraíso. A Árvore dos Xamãs, de acordo com Mircea Eliade em Xamanismo - Técnicas Arcaicas do Êxtase, encontra-se no centro do mundo e é por ela que eles sobem e descem durante suas viagens.

A maior característica do xamã tribal é o exercício da medicina natural. É para tornar-se um grande curandeiro que o xamã empreende suas viagens em busca de conhecimento e, como curador da tribo, o xamã tem obrigação de conhecer a doença.
Para isso, aqueles que estão sendo treinados passam por um estágio chamado ‘doença do xamã’ ou ‘o curandeiro ferido’. Submetem-se voluntariamente a experiências de doença para delas retornarem curados e sábios, muitas vezes com o auxílio de um espírito-guia, que se convencionou chamar Animal de Poder.
Além desse animal, um xamã reúne insetos, plantas e outros objetos, que se tornarão tsentsak, espíritos auxiliares de cura, que lhe prestarão ajuda em suas lutas contra demônios ou espíritos maus que provocam doenças. De seus rituais farão parte também estranhas beberagens alucinógenas, animais míticos, tambores e chocalhos, canto e dança, e muitos, muitos espíritos.
Então, todos prontos para começar a viagem?

PRÁTICAS XAMÂNICAS

Quando, no ano de 1968, Carlos Castaneda lançou seu primeiro livro, Os Ensinamentos de Don Juan, traduzido para o Brasil como A Erva do Diabo, o xamanismo estava sendo apresentado ao ocidente civilizado.
Desde então, centenas de fãs e muitos livros depois, termos como peiote, ayahuasca, animal de poder e viagem xamânica passaram a fazer parte do vocabulário e da vida de um número sem-fim de ocidentais apaixonados pela arte desses magos da natureza. Algumas das práticas xamânicas são aparentemente simples; já outras, bem...é melhor deixar para os xamãs.

BUSCA DO SONHO

Sonhar, para o xamã, não possui a conotação habitual.
Um sonho xamã é, na verdade, um ensinamento recebido dos espíritos. Os aborígenes australianos dizem que o Grande Espírito nos sonha, até o sonho se materializar. O objetivo do xamã é ligar-se ao Grande Espírito pegando o fio de seu sonho e sonhando junto com ele.
De acordo com sua crença, é difícil para os espíritos se comunicarem conosco quando estamos acordados, pois nossa mente consciente racionalizaria as informações recebidas. O xamã ou curandeiro nativo busca, através dos sonhos, a sabedoria dos curandeiros espirituais, que podem se manifestar através de animais, plantas ou pedras que falam, criaturas míticas e universos paralelos.
Através do sonho é possível contatar também seu Animal de Poder e, de acordo com algumas teorias, transformar a realidade provocando uma mudança no sonho. Para os xamãs, certos sonhos devem ser mantidos em segredo, pois, compartilhar um sonho de poder com a pessoa errada pode significar a perda desse poder ou mesmo a aquisição de alguma doença.

ERVAS DE VISÃO



Alguns curandeiros se utilizam de uma série de plantas psicoativas para buscar sonhos ou empreender as viagens xamãnicas. Uma dessas ervas, o peyote ou erva do diabo, forneceu o título em português para o primeiro livro de Castaneda.
O peyote, utilizado em doses conhecidas pelos curandeiros, provoca sonhos e visões, principalmente pela quantidade de veneno arsênico natural que se encontra na planta. Curandeiros nativos do sudoeste dos EUA se utilizam de outra planta para obter os mesmos resultados: a datura ou trombetinha, também citada por Castaneda em seus livros.
No entanto, a mais conhecida e utilizada de todas as plantas é, provavelmente, a ayahuasca, ou pequena morte, como é chama entre os nativos.
Os índios Conibo preparam uma beberagem feita da mistura de raízes da ayahuasca com folhas de cawa, outra planta alucinógena. Tal beberagem, fervida durante horas, resulta num líquido verde-escuro que deve ser ingerido sob supervisão do xamã, pois pode provocar a morte.

Apesar do largo uso de tais plantas, principalmente a ayahuasca, não somente entre pajés e xamãs, mas entre praticantes do Santo Daime e entre os ayahuasqueiros - descendentes de nativos que tratam doenças sob o efeito da droga - o curandeiro precisa conhecer outros métodos para alcançar a visão sem o uso das ervas. É essa habilidade que faz dele um verdadeiro xamã.

A VIAGEM

Numa viagem feita em EXC, o xamã mantém o controle sobre o rumo que deseja tomar, mas não sobre aquilo que vai descobrir. Transforma-se ele num explorador das infinitas possibilidades do universo oculto.
Entre os Chukchee da Sibéria, o ritual começa no escuro, ao som de tambores. O som cessa no momento em que o xamã cai no chão, pois ele está na verdade caindo no Mundo Profundo. É o começo da viagem.
Para empreender a viagem, o xamã necessita de uma passagem para o Mundo Profundo, que pode existir tanto na realidade física quanto na realidade incomum.
Os aborígenes da Califórnia usam como entrada uma nascente de águas quentes; os Arunta da Austrália tem num toco oco de árvore a entrada para o Mundo Subterrâneo. Outras entradas podem ser também cavernas, tocas de animais, buracos no chão, todas elas a porta de um túnel pelo qual desce o xamã. Os xamãs são conhecidos como aqueles que têm a capacidade de viajar longas distâncias sob a terra, entrando por uma nascente ou um buraco e saindo em outro lugar ou, por vezes, no mesmo.

MEDICINA NATURAL


O xamã é, na verdade, o grande curandeiro e são várias as formas usadas para curar, que variam de acordo com a sua tradição. Um índio Jivaro do Peru não usa necessariamente os mesmos meios de um aborígene australiano, embora a maioria das práticas seja comum a todas as culturas.
A medicina natural é praticada durante uma cerimonia de cura que dura até quatro dias. São usados a fumaça das ervas, as canções, o tambor e o chocalho, a dança e a fumaça de um cachimbo para estabelecer comunicação com o Grande Espírito e atrair seus aliados espirituais.

No xamanismo jivaro, tais aliados podem ser os tsentsak, espíritos auxiliares compostos por plantas, insetos e objetos pequenos o bastante para serem engolidos pelo xamã. O mau xamã usa tais aliados para provocar doenças; já o bom xamã usa esses mesmos tsentsak para ajudá-los a sugar os espíritos do corpo do paciente. Para isso, o curandeiro bebe ayahuasca para ver dentro do corpo doente.

Outra forma de cura indígena é o suor medicinal ou Tenda do Suor. Tal tenda é uma espécie de mini templo onde são usados o vapor da água aliado a alguma erva de cura e suas finalidades são diversas.
Na maioria das vezes, a busca é de purificação ou visão, quando então é oferecido tabaco para atrair os espíritos. Apesar da simplicidade, dizem os xamãs que não existem duas cerimônias iguais de Tenda do Suor.

ANIMAIS DE PODER


O xamanismo cultiva a crença de que todos os seres e fenômenos, sejam animais, vegetais, minerais, vento, sol, lua e estrelas, nuvens, rios ou montanhas tem poder.
Mais do que isso, durante séculos o xamã acreditou que seu poder era o mesmo dessas energias. Em seus mitos, os animais costumam ser apresentados em forma humana, com características individuais que identificam cada um deles.

Embora a irmandade mítica homem-animal esteja perdida entre as culturas antigas, o xamã ainda hoje busca uma estreita relação com a força desses animais. Tais animais não são, no entanto, comuns. Para os xamãs, não existe um corvo, um veado, um lobo. Existe O Corvo, O Veado, O Lobo.

O Animal de Poder representa a energia de uma espécie inteira, o que dá a ele o poder espiritual que os ocultistas chamariam de poder da alma-grupo. No México, o Espírito Guardião ou Animal de Poder é conhecido pela palavra nagual, que corresponde tanto ao animal, quanto ao xamã que se transforma nesse animal.

São várias as formas pela qual o xamã, ou mesmo o indivíduo comum, pode reconhecer seu Animal de Poder. O método mais usado é a busca da visão do animal numa vigília solitária num lugar agreste.
Alguns empreendem a busca numa espécie de viagem xamanica. Para isso, é necessário um ambiente tranquilo e sem interrupções. O buscador visualiza a entrada do Mundo Profundo como um buraco, uma caverna ou a passagem pelo tronco oco de uma árvore. A paisagem que surge pode ser uma campina, uma floresta, uma praia. Caminhando por essa paisagem, é possível identificar o Animal de Poder, contatá-lo e familiarizar-se com ele. Muitas vezes não é na primeira tentativa que o contato se faz. É preciso não desistir.

O Animal de Poder é geralmente selvagem. Por vezes se apresenta como um animal mítico como um centauro ou um dragão. Jamais será um inseto, ou se apresentará como um réptil mostrando as presas. Para que seja reconhecido como Animal de Poder, deverá ser identificado pelo menos 4 vezes.

O modo mais fácil para começar a trabalhar com os Animais de Poder é estudar primeiro as habilidades naturais do animal e como metaforicamente você vai aplicá-las em diversas situações na vida.
Por exemplo, por sua visão apurada, a Águia poderia lhe ajudar a manter uma visão de suas verdadeiras metas. Uma imagem de uma águia capturando sua presa é uma ferramenta poderosa para ajudá-lo alcançar metas. Tais imagens servem para lhe dar a força que você precisa para manter seu foco e alcançar metas.
Estudar também o modo de vida natural dos animais que representam seu Animal de Poder lhe ajuda a criar um laço poderoso com ele.
Estude ainda algum outro significado que esse animal pode ter em outras culturas. Por exemplo, para alguns: o urso representa introspecção, o colibri representa alegria, e o leopardo representa poder interno. Podemos usar estes mitos para nos ajudar a conectar com nossos Animais de Poder e como um enfoque para entender o que esses animais aliados vieram nos ensinar.
Assim que você estabelecer uma conexão forte com seu Animal de Poder, você poderá chama-lo quando desejar para auxiliá-lo e aconselhá-lo. Geralmente essa comunicação se dá pela Jornada Xamânica ou uma voz interna.

Uma das formas para conectar com seus Animais de Poder é utilizar um enfoque (um objeto físico para representar o animal) que pode ser um quadro, uma imagem, uma reprodução em miniatura ou uma parte do corpo, como um dente ou uma asa.
Qualquer um desses objetos poderá ser-lhe útil em sua conexão com ele. Segure o objeto e procure sentir a energia fluindo pelas mãos e tomando conta de todo seu ser dando-lhe a paz e o respeito necessário para a conexão.
(Nada de sair por ai abatendo animais para obter uma parte dele. Em caso de compra, certifique-se da origem. Ninguém quer trazer consigo parte de um animal que foi abatido para comércio).

Outro modo saudável para conectar com seu Animal de Poder é imitar o movimento dele. Exercite os movimentos que ele faz para livrar-se da tensão. Combinando esses movimentos com uma dança, você terá um pequeno ritual irá ajuda-lo no fortalecimento espiritual e em sua conexão com ele.
É muito importante, para manter esse elo, que você se ‘transforme’ regularmente no seu Animal de Poder, para que ele sinta-se satisfeito e possa permanecer ao seu lado. Esse espírito animal que existe na nossa mente-corpo, deseja ter a alegria de existir na forma material. Temos que encarar esse fato como uma permuta, pois tal como o ser humano deseja sentir a realidade incomum tornando-se um Xamã, também o Animal de Poder deseja sentir a nossa realidade entrando no corpo de um ser humano vivente. E você pode fazê-lo imitando os seus movimentos, criando uma 'dança' que vai possibilitar que ele se expresse através de seu corpo.

Mas, atenção: a busca pelo Animal de Poder, embora seja simples na teoria requer, na prática, muita experiência nos vários planos existenciais. Tentar empreender essa viagem sem ser guiado por quem já conhece o caminho é desaconselhável e perigoso.
(lembrem-se daquela velha história de crianças assistindo a um filme do Super Homem, e tentando reproduzir as proezas do herói. Não basta colocar uma capa vermelha e pular da janela)

Eis aqui alguns dos tantos Animais de Poder, e seu significado simplificado:

Águia - Conhecida como o pai do primeiro xamã, é considerada um animal iniciador, por simbolizar o voo do espírito livre alçando grandes alturas. A águia é símbolo da grande percepção, do conhecimento, da coragem, da liberdade e da nobreza.

Alce - Entre os índios americanos, o alce é o Espírito da Floresta. Para as antigas religiões, ele representava o Deus com Cornos ou o Divino Caçador. É o emblema da luz, da fecundidade e da renovação cíclica, da abundância das estações e da vida.

Búfalo - O búfalo, principalmente o branco, é entre os índios a representação do divino e de que suas preces estão sendo ouvidas. Os Lakotas reverenciam uma Mulher Novilha do Búfalo Branco. O animal simboliza a abundância, a vida semeada, o macho.

Beija-Flor - Esse delicado pássaro simboliza a leveza, a beleza, o júbilo e a alegria que pode ser expressa por aqueles que dançam o ritmo da vida. Símbolo da independência, dá aos homens o conhecimento do uso das flores e da qualidade das ervas para a cura.

Cavalo - Apesar de ter sido conhecido como animal funerário, o cavalo representa para o xamã o poder físico e o poder revelado. Seus atributos são a síntese do poder animal no homem e o caráter clarividente. Simboliza também poder e liberdade.

Coiote - Para os índios americanos, o coiote é o grande trapaceiro e responsável pelos males que atingem a humanidade, pela morte e pelos invernos. Apesar disso, é o símbolo da sabedoria, da criação, das brincadeiras, da inteligência e da adaptabilidade.

Castor - O castor é o construtor do reino animal. Constrói em regime de cooperação e revezamento. É o elaborador dos sonhos e simboliza a capacidade de sonhar sem ficar perdido. É um aliado na busca por um lar ou companheiro e protege nossas criações.

Cobra - Os índios consideram a cobra ou serpente um exemplo de adaptação à vida. Ela simboliza a ressurreição e a iniciação, o conhecimento, o renascimento e a expressão feminina. É também o símbolo da transmutação, dos ritos e da Mãe Terra.

Coruja - A Medicina da Coruja, entre os índios, está relacionada à clarividência, a projeção astral, a sabedoria e ao poder feminino. Sua audição e visão superiores a transformam na senhora da magia e representante da sabedoria do silêncio e da lua.

Corvo - O corvo é o Mensageiro do Vazio, aquele que nos dá coragem para penetrar na escuridão desse vazio, que os índios chamam de Grande Mistério. É o mensageiro do Reino Espiritual e nos ensina a enfrentar a existência sem ter medo do desconhecido.

Lobo - Na tradição indígena, o lobo é aquele que mantém a energia primal, preservando seu território e sua espécie. Tem visão, audição e olfato muito sensíveis. Simboliza o professor, o guardião, a espiritualidade, a lealdade, o conhecimento.

Puma - Para os índios é o Leão da Montanha e o animal totem da coragem e valentia no combate. Representa o poder, a força, a energia da liderança. Nele estão em harmonia a leveza, a beleza, o controle das energias, da força física e do poder pessoal.

Pantera - Associada ao leopardo e ao jaguar, é um totem muito antigo e poderoso. Esta associada à agressividade, a força e a ferocidade. Busca sua força no silêncio e é obstinada em perseguir e alcançar suas metas. Encontra seu poder na escuridão.

Raposa - Para os índios, ela é a Raposa Prateada, a heroína da criação. O Grande Espírito honrou-a com o dever de manter a família unida. Ela simboliza a proteção, a segurança, a camuflagem e a defesa do clã, e ainda a magia feminina e manutenção.

Urso - O urso é o Mestre da Floresta e é chamado para despertar o grande poder feminino e os poderes do inconsciente. Por isso, é invocado pelos xamãs para trabalhos de visão. Esta relacionado à Grande Mãe, as trevas, aos sonhos e poder inconsciente.


Gratidão ao Lobo, meu Animal de Poder, por estar caminhando comigo há 20 anos.

* imagens da web
* Bibliografia:
Michael Harner - O Caminho do Xamã
Mircea Eliade  - Xamanismo  Técnicas Arcaicas do Êxtase
A Iniciação de um Xamã - Kay Cordell Whitaker
Mara Barrionuevo para o jornal O Exotérico, edição de 1995

quarta-feira, 7 de março de 2012

TAROT - 78 DEGRAUS DE SABEDORIA


ORIGENS

No ano de 1432 um artista chamado Bonifácio Bembro pintou, para a família Visconti, um baralho de 78 cartas sem nome e sem número. Nesta época casavam-se Bianca Maria Visconti e Francesco Sforza.
Este baralho, chamado posteriormente de Visconti-Sforza, é um dos mais antigos baralhos de Tarô conhecidos e ainda existe na Biblioteca Pierpont Mongan em Nova York.
O termo Tarô, sua origem, assim como a origem das cartas permanece na obscuridade. Alguns estudiosos, entre eles Court de Gebelin, acreditam que a palavra Tarô deriva de dialetos egípcios - Tar = caminho e Ro = real.
Com a palavra Tarô é possível escrever uma frase que confirmaria esta origem - ROTA TARO ORAT TORA ATOR, que significa A RODA (no caso o arcano 10, Roda da Fortuna) DO TARO FALA A LEI DE ATOR (ou Hathor, divindade egípcia ligada à iniciação).
A origem das cartas também é obscura. De acordo com Paul Foster Case, elas teriam sido criadas num congresso de ocultistas em Fez, no Marrocos, para superar barreiras lingüísticas, pois a linguagem do símbolo é universal. W.A. Chatto, em seu livro “História das Cartas de Jogar” afirma terem sido inventadas em 1120 a.C. no reino do imperador chinês Seun-Ho para divertimento de suas diversas concubinas.
Outra teoria diz terem sido “inventadas” por Jacques Gringonneur para divertir Carlos VI da França.
Mas alguns dos maiores expoentes do ocultismo, como Papus, Eliphas Lévis, Mac Gregor Mathers e Antoine Court de Gebelin acreditam que o Tarô tenha surgido entre a civilização egípcia, através dos ensinamentos do grande iniciado Hermes Trismegisto - chamado Toth entre os egípcios.
Cout de Gebelin dedicou 20 anos de sua vida a pesquisa da mitologia antiga e procurou redescobrir a língua primitiva, cuja escrita hieroglífica explicaria as várias mitologias conhecidas. Em 1775 publicou sua pesquisa sob o título “Le Mond Primitif”, onde apresenta sua teoria sobre a origem egípcia do Tarô.
O grande magista Papus descreve a origem do Tarô da seguinte forma:
“Há três mil anos, em meio a grandiosa civilização egípcia, a ciência e a religião se achavam confinadas num só estudo, e todos os sábios, engenheiros, médicos e escribas eram chamados Iniciados.
No Templo era dada a instrução em todos os graus, conforme métodos pré-estabelecidos. A instrução mais elevada era dada no interior da Grande Pirâmide, Quéops. Sustenta a Tradição Hermética que as duas Chaves, o Tarô e a Astrologia, se encontram no interior desta pirâmide. Refere-se a ela um túnel, por baixo das patas da esfinge, a um Templo de Iniciação. Neste Templo, ao longo das paredes, veem-se tabuinhas nas quais estão inscritas as cartas do Tarô, que “pintam” a história da iniciação da alma à proporção que ela percorre o Ciclo da Necessidade.
Há 108 tabuinhas: 78 são o que conhecemos como Tarô Exotérico e 30 são o Tarô Esotérico. As últimas, de acordo com a Tradição, nunca foram produzidas no campo físico. Os neófitos, de acordo com seu grau de iniciação, alcançavam uma a uma, as 78 primeiras tábuas.

Houve um tempo em que o Egito, não mais podendo lutar contra seus inimigos, teve que preparar-se para morrer dignamente. Foi então que os sábios egípcios formaram uma grande assembléia para decidirem como salvariam da destruição a Ciência, reservada até então unicamente aos homens dignos de possuí-la. Discutiram primeiramente se os segredos seriam transmitidos a homens virtuosos recrutados secretamente. Mas, tendo observado que a virtude é a coisa mais frágil e difícil de encontrar, decidiram confiar a Tradição ao vício.
Foi então que se gravaram, em pequenas lâminas, misteriosas figuras que ensinavam outrora os maiores segredos da Ciência dos Magos, e desde então jogadores transmitem, de geração em geração, esse Tarô, melhor ainda do que o teriam feito os homens mais nobres da terra.
Porém, o baralho de jogar que conhecemos hoje encerra apenas os Arcanos Menores. Não teríamos um baralho completo se um povo conhecido pelo apego às tradições religiosas e as Sagradas Escrituras não as tivesse preservado durante milhares de anos: o povo hebreu. Eles receberam seu texto sagrado de Moisés, que foi iniciado no Egito e transmitiu a esse povo os mais profundos Mistérios da criação e da natureza humana. Os rabinos-iniciados têm preservado até hoje o Livro de Moisés inalterado. As várias partes do texto juntas formam a Torá, a Lei. Os textos sagrados que contém a chave da compreensão da Torá são o Zohar, a Clavícula de Salomão e o Tarô, que juntos formam a Kabala , ciência dos Deuses, da natureza e do homem.

MAS, AFINAL, O QUE É O TARÔ?

O termo Tarô aplica-se a um baralho de 78 cartas dividido em dois grupos principais: os Arcanos Maiores e os Arcanos Menores.
Os Arcanos Maiores, também chamados Trunfos, são 22 cartas numeradas de 1 a 21 e uma carta sem número, ou numerada zero, conhecida como O Louco.
Em alguns baralhos são numeradas de 1 a 22, sendo o Louco, apesar de não possuir número, o correspondente a posição número 21. Cada uma das outras 21 cartas traz um número, um título e uma figura simbólica que normalmente descreve um quadro estranho à nossa cultura, como a Roda da Fortuna, o Enforcado ou a Temperança.
Estas figuras são a representação de arquétipos universais, e despertam na mente do tarólogo uma história relacionada com a tendência geral da situação estudada.
Os Arcanos Maiores ilustram, além do conhecimento do universo e de si mesmo, a vida humana: suas alegrias e dores, esperanças e desesperanças, amizades, casamentos, doença e morte. Espelham a humanidade em suas múltiplas faceta ou “humanidade decaída”.

Cada um dos Arcanos Maiores relaciona-se ainda a um planeta ou signo zodiacal, uma letra do alfabeto hebraico, um dos 22 caminhos da Árvore da Kabala, um arquétipo, um mito, enfim, a um infindável número de possíveis relações, o que torna possível afirmar que o Tarô é um esquema cosmogônico completo.

Os Arcanos Menores, em número de 56, subdividem-se em 4 naipes - ouros, copas, espadas e paus, que por sua vez tem como os Arcanos Maiores uma série de relações, cujas principais são os quatro elementos e os quatro mundos habitados pelo homem, ou seja : ouros / terra / mundo físico, copas / água / mundo emocional, espadas / ar / mundo mental, paus / fogo / mundo espiritual.
Estão relacionados também com as quatro esferas ou mundos da Kabala: Assiah, Yetzirah, Briah e Atziluth.
A cada um dos quatro naipes pertence uma série de cartas numeradas de 1 a 10 e quatro ilustradas com figuras humanas, conhecidas como Corte ou Realeza.

Assim como os Arcanos Maiores estão relacionados aos signos e planetas, os Arcanos Menores se relacionam aos decanatos do zodíaco. Sendo assim, temos 40 cartas numeradas das quais retiraremos os quatro ases, pois os ases não se relacionam a decanatos, mas representam a síntese do elemento de seu naipe. As 36 cartas restantes, numeradas de 2 a 10, representam os 36 decanatos: 12 signos x 3 decanatos cada = 36 decanatos.

Além disso, cada Arcano Menor, com exceção dos ases, traz a posição de uma planeta num signo, o que por si só explicaria seu significado.
Como exemplo, podemos tomar o Sete de Copas, uma carta que nos fala de sonhos, devaneios, mediunidade, às vezes alucinações e é regida por Netuno em Escorpião ou o Seis de Ouros, que nos fala de abundância material e é regido pela Lua em Touro. Os vários elementos associados nas cartas representam não só experiências, mas também diferentes enfoques da vida.

As cartas da Corte ou Realeza representam 16 tipos de personalidades diferentes. São elas: o Rei ou Cavalheiro, a Rainha, o Valete, Cavaleiro ou Príncipe e o Pajem ou Princesa (a nomenclatura depende do autor do baralho). Nas cartas da Corte temos uma “família” completa para cada naipe.
Quando aparecem numa leitura de Tarô, podem representar pessoas, personalidade de pessoas ou de acontecimentos, decisões pessoais ou decisões de terceiros ou fatores humanos que tendem a influenciar nos acontecimentos. Um Rei, por exemplo, não significa exatamente um homem, nem uma Rainha uma mulher.
Doze dessas 16 cartas estão relacionadas aos signos, ou especificamente, aos graus dos signos do zodíaco. Por exemplo, o Rei de Paus é regido pelo signo de Áries, a Rainha de Copas por Peixes e o Príncipe de Espadas por Aquário. Pode-se dizer que essas doze cartas cobrem o mapa do céu. As 4 restantes, os Pajens, estão relacionados com os pólos.

Para sintetizar o significado das 78 cartas, podemos afirmar que os Arcanos Maiores refletem as decisões dos Deuses (o Karma), as Cartas da Corte as decisões dos homens (o livre arbítrio) e os Arcanos Menores são as forças postas em jogo pela combinação de karma e livre arbítrio.

Muito se tem falado a respeito do Tarô e certamente pouco se tem entendido. Durante séculos o ser humano tem buscado nos oráculos respostas para sua vida. Os que, no passado, consultavam o Oráculo de Delfos, certamente tinham os mesmos questionamentos daqueles que hoje procuram as leituras de Tarô. E assim como ocorre com todo grande oráculo, o uso mais conhecido do Tarô é a adivinhação.
Todos temos centenas de questionamentos sobre o presente e futuro. Entretanto, se olharmos para o Tarô sob outro ângulo, descobriremos que sua maior dadiva para a humanidade tem sido, atualmente, negligenciada: a possibilidade real de entendermos quem somos, como influenciamos o mundo ao nosso redor e de que forma estamos construindo, dia a dia, a nossa realidade.
O Tarô é um sistema que possibilita, através da leitura, o encontro de uma direção para nossa vida. Ensina a nos manter em harmonia com padrões mutáveis, criando um equilíbrio entre o Karma e o livre-arbítrio, o racional e o intuitivo, o objetivo e o subjetivo. Leva-nos também a observar nossas próprias atitudes em relação à vida, como o passado nos afeta hoje e a forma pela qual nossas esperanças e desejos nos auxiliam a criar o futuro.
O Tarô busca, com a ajuda do subconsciente, nossos padrões internos, ou seja, as sementes que estão plantadas em nosso interior. E, assim como cada semente já contém o botão, o aroma, a cor, a flor desabrochada e seu murchar, as sementes de nosso interior contém nosso padrão interno.
Não podemos, no entanto, vê-lo nem predizer o destino. Se o conhecêssemos, teríamos autoconhecimento e poderíamos avançar na vida com passos firmes.
As pessoas, em sua maioria, não conhecem a si mesmas. Não sabendo como lidar com o destino, ficam a vagar pela vida como crianças que tateiam no escuro, pois são incapazes de reconhecer que todas as respostas pelas quais anseiam estão dentro de si mesmas.
Muitos acontecimentos são imutáveis, dívida kármicas. Certo é, todavia, que a influência desses acontecimentos pode ser trabalhada de forma criativa ou destrutiva, dependendo de nosso grau de evolução. O homem só pode evoluir quando tiver autoconhecimento, sabendo quem é, o que faz aqui e para onde irá.
O Tarô ensina também importantes questões como o livre arbítrio. Será que agimos de acordo com escolhas deliberadas ou seguimos padrões de comportamento imutáveis, ditados pelo nosso Karma? Será que experiências de vidas passadas tendem a manipular nossas vidas em determinadas direções, ou somos nós quem determinados essas direções?
As leituras de Tarô mostram essas influências combinadas e seus prováveis resultados. E, a partir dai, do conhecimento das influências internas que conduzem nossas vidas é que começamos a mudar, nos tornando senhores de nossos destinos, e não apenas viajantes inconscientes da Roda da Fortuna.

A leitura de Tarô é uma fascinante viagem pelas paisagens estranhas dos mundos arquetípicos, povoados por magos, pessoas penduradas de cabeça para baixo e seres andróginos a dançar a Dança Espiral. É a Terra dos Sonhos, cujo ingresso é a coragem de mudar e a recompensa é o despertar da sabedoria latente em todos. O Tarô serve como um mapa no caminho do autoconhecimento, onde cada Arcano é um sinalizador que mostra em que região do Eu nos encontramos.




A Grande Roda do Samsara
A Roda da Lei (Dharma)
A Roda do Tarô
A Roda dos Céus
A Roda da Vida”

Todas essas Rodas são uma, mas de todas elas só a Roda do Tarô te serve conscientemente.
Medita, homem, nessa Roda extensamente, fazendo-a girar em tua mente.
Que a tua tarefa seja essa: ver como cada carta emana necessariamente de todas as demais, inclusive na ordem devida, desde o Louco até o Dez de Moedas.
E então, uma vez conhecida perfeitamente a Roda do Destino, perceberás Aquela Vontade que a pôs em movimento um princípio (não há princípio nem fim).
E é aqui que terás cruzado o abismo.

Aleister Crowley – O Livro das Mentiras

Imagens da web
Bibliografia:

• Autores citados no texto
• Mara Barrionuevo para o Jornal O Exotérico – dezembro de 2001