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domingo, 6 de dezembro de 2015

A MAGIA DAS ERVAS


No Jardim das Feiticeiras

As ervas foram associadas, ao longo dos séculos, a pratica da bruxaria. Muitas feiticeiras - boa parte delas simples camponesas, mas talentosas herbanárias  foram queimadas por receitar ervas de vida ou de morte, usar ungüentos de vôo ou invocar tempestades no vapor de certas ervas nocivas fervidas com cobras venenosas e galos pretos.
Ingredientes da botânica foram usados por tais mulheres na confecção de talismãs e filtros do amor, na cura de doenças e nos antídotos contra feitiços. Seu herbanário mágico incluía também ervas e plantas comestíveis, usadas em poções que eram bebidas e receitas mágicas, a serem dividas com os deuses em busca de poder ou com os homens em busca do amor.

Ervas de vôo

A antropóloga Margaret Murray pesquisou ativamente as atividades das feiticeiras até a sua morte aos 100 anos, em 1963. Em uma de suas obras, The Witch-Cult in Western Europe, a Dra. Murray transcreve três receitas de ungüentos de vôo, contendo elementos como azeite, fuligem e uma mistura de ervas que varia a cada receita, como cinco folhas e acônito. Em outras receitas antigas os ingredientes, sempre acrescidos de ervas e plantas, incluem veneno de sapo, pó de sepultura e gordura de crianças não batizadas, entre outros. Tradicionalmente, são seis as ervas associadas aos vôo:

Acônito - é uma planta de lindas flores roxas em forma de capuz, dedicada à deusa Hécate. Produz alteração dos batimentos cardíacos e sensação de vôo ou queda.
Cicuta - aparentemente inofensiva, a cicuta possui pequenas flores brancas rendadas, depositárias de um néctar venenoso que intensifica a sensação de vôo pelos ares.
Cinco-folhas - é uma planta de pequenas e delicadas flores brancas, cuja farmacologia não apresenta nenhum efeito comprovado que contribua para a sensação de vôo.
Nenúfar branco - flor aquática semelhante ao lótus e de imensas folhas, suas propriedades associadas a sensação de vôo também não foram comprovadas.
Maria Preta - planta com pequena flor vermelha e frutinhas venenosas de seiva negra, produz, aplicada à pele, tremores e distorção da visão.
Estramônio - lindas flores brancas acompanhadas por estranhos bagos espinhentos e venenosos. Algumas gotas da toxina produzem horas de alucinações.



                                   Plantas que encantam

Além dos ungüentos de vôo, uma infinidade de plantas foi usada em encantamentos, poções e magia de cura.
Para despertar o amor, feiticeiras pulverizavam a pervinca misturada a minhocas sobre a carne que o objeto da paixão deveria ingerir. A mandrágora, com seus bagos verdes chamados por muitos de maças do amor, era utilizada para despertar a paixão, provocar a gravidez e restaurar a virilidade. Elixires utilizados para seduzir incautos jamais dispensavam ingredientes como a rosa e a escarola. A invisibilidade era produzida pelo heléboro negro e a clarividência pelo meimendro. Para aumentar a resistência do corpo às torturas e a agonia da fogueira, muitas feiticeiras se serviram do poder analgésico da verbena, uma planta que tem também a característica de afastar o mal se usada num pequeno sache junto ao corpo. As dores do parto eram suportadas através do uso da beladona, usada até hoje para combater dores de cabeça, e da ergotina, uma droga preparada a partir do esporão, um fungo que cresce no centeio. A digitalina, uma droga usada hoje pela medicina para combater problemas cardíacos, tem suas origens no uso que as feiticeiras fizeram das campainhas roxas da dedaleira, que em grandes doses possuí a mesma propriedade. Para evitar câimbras musculares durante os vôos noturnos (provavelmente provocadas por vassouras não ergométricas), muitas bruxas se serviam do aipo-silvestre e da hera silvestre da terra. A hera da terra também era usada na cura das asmas.



                               Ervas para espantar bruxas

Para se protegerem dos males que as feiticeiras provocavam (afinal, tudo era culpa delas, desde tempestades de granizo até dor de dente), aldeões e beatas solteironas pesquisaram suas próprias ervas mágicas. Algumas eram usadas para afastar as narigudas, enquanto que outras funcionavam como antídoto contra os feitiços.
Cachos amarelos de flores de endro, betônica e angélica, tão singelas quanto a temível cicuta, provocavam repulsa e detinham bruxas e feiosas em geral. O verbasco ou luz do Senhor era mergulhado em sebo e produzia um círio com os mesmos fins. Para proteger os bebes da busca pela sua gordurinha não batizada ou o gado contra feitiço, eram usados ramos de sorva vermelha. Contra o mau-olhado, a arma era a artemísia (que deve seu nome à deusa Ártemis). Para os males provocados pela bruxaria, chá de flor de hibisco.

Grimórios

Os antigos Grimórios, verdadeiras enciclopédias de feitiços, trazem o que os magos cerimonias classificavam como Magia dos Campos. Eis algumas preciosidades:
Meimendro - contribui para o desenvolvimento do amor e do ato sexual. Trazer consigo faz com que o homem se torne, aos olhos da mulher, agradável e jovial.
Verbena - cura úlceras, incontinência urinária, contusões e hemorróidas. Favorece o amor e a riqueza. Crianças que a trazem consigo são educadas e tem bom humor. Afungenta os espíritos malignos e os demônios. É um excelente talismã.
Oliveira - contra dor cabeça, escrever Athena sobre a folha e aplicá-la sobre a cabeça.
Artemísia - usada para proteção e contar fadiga em viagens.

Incensos
Produz-se um incenso natural, jogando algumas ervas trituradas, sozinhas ou combinadas, sobre pedras de carvão incandescentes:
Limpar ambientes carregados - alecrim, sálvia, alfavaca e casca de alho.
Alegrar ambientes tristes - noz-moscada, lavanda, hortelã e alecrim.
Atrair prosperidade -  canela, girassol, noz-moscada, bálsamo e hortelã.
Acalmar ambientes agitados -  canela, cardamomo, anis, camomila e macela.

Atrair o amor - cravo, jasmim, mirra, alfazema, verbena, melissa, canela.


Ervas, plantas e planetas

O conhecimento da regência astrológica de ervas e plantas desempenha um papel fundamental nos trabalhos de magia prática e medicina natural, onde o reino vegetal é utilizado tanto para a cura como para compor encantamentos, filtros e poções.
Cada um dos sete planetas ocultos rege um ser do mundo vegetal, seja árvore, erva, flor, fruta ou legume. Cada planeta rege ainda, em geral, as diferentes partes de uma planta: Júpiter rege os frutos, Vênus as flores, Mercúrio as sementes e cascas, Saturno as raízes, Marte o tronco e a Lua as folhas.
A identificação das plantas regidas por cada um dos sete planetas é possível a partir da observação de algumas características que o planeta imprime na planta. Nem todas as plantas regidas pelo planeta possuirão tais características por serem elas, muitas vezes, regidas por mais de um planeta.
Em alguns casos, mesmo sem o conhecimento astrológico, algumas plantas se fazem fáceis de identificar, por serem “a cara do planeta”. É fácil associar a rosa perfumada a vaidosa Vênus, a urtiga ao guerreiro Marte, o cânhamo ao sisudo Saturno, o girassol ao astro dourado ou os misteriosos cogumelos à rainha da noite.

Planetas e Plantas

Sol  - as ervas regidas pelo astro-rei são geralmente aromáticas e de sabor acidulado. Algumas trazem o sol estampado em suas flores ou folhas e seguem os movimentos do sol, como o girassol; outras se abrem pouco a pouco, quando o sol se levanta, como a peônia; outras ainda fecham suas folhas quando o sol se afasta. Algumas permanecem sempre verdes, como o loureiro.
Plantas do Sol: Loureiro, palmeira, cafeeiro, nogueira, freixo, vidoeiro, giesta, girassol, heliotrópio, trigo, louro, açafrão, alecrim,  alcachofra, palmito, angélica, camomila, visco, arruda, dália, verbena, canela, cardamomo, cevada, cravo-da-índia, manjerona, tomilho, cítricos, ligústica, junípero, vinha, rosmarinho, erva-de-são-joão.
Lua - à deusa da noite são consagradas as plantas da água, como o lótus e as  que sofrem a influência das fases lunares, como o lírio branco. A regência da lua também aparece em plantas com folhas grandes como a bardana e nas esponjosas ou leitosas com sabor insípido, como o repolho. Muitas vezes são narcóticas, como o tabaco.
Plantas da Lua: Palmeira, salgueiro, murta, bardana, nenufar, lírio, lótus, copo-de-leite, agrião, alface, couve, artemísia, junco, pepino, melão, narciso, rosa branca, rosa silvestre, abóbora, aveia, beldroega, beringela, melancia, semente de papoula, repolho, camomila,  cogumelos, alga marinha, verduras folhosas, tabaco, chá-da-índia.
Marte - o planeta guerreiro rege plantas com grande abundância de calor, como o alho; as que fazem chorar, como a cebola; as que tem espinhos, picam, provocam coceiras ou inflamação na pele, como a urtiga e o cacto. Seu sabor é ácido e picante.
Plantas de Marte: Espinheiro, acácia, araucária, mostardeira, pau-brasil, gengibre, coentro, alcaparra, salsa, urtiga, aloé, manjericão, cominho, orégano, cebola, alho, mostarda, tansagem, pimenta, cacto, estragão, absinto, aipo, alcachofra, favas, hortelã, noz-moscada, rábano, taioba, ruibarbo, erva-férrea, assa-fétida, betônica, genciana, sangue-de-dragão, gengibre, salsaparrilha, basílico, lúpulo, escamônia, colocíndita.
Mercúrio - as plantas regidas pelo polivalente Mercúrio são um pouco mais difíceis de classificar, pois são de composição variada e diferentes cores. Em geral, as flores são abundantes e pequenas, como a camomila e a hortênsia.
Plantas de Mercúrio: Pessegueiro, aveleira, amoreira, endro, madressilva, alcaçuz, anis, camomila, agárico, azaléia, hortênsia, sempre-viva, avenca, manjerona, acelga, serralha, chicória, lingústica, endívia, alcaravia, cáscara sagrada, ênula, feno-grego, lavanda, mandrágora, salsa, valeriana, funcho, flores do campo, mil-folhas, mercurial.
Júpiter - o  rei dos deuses rege árvores majestosas e portadoras de felicidade, como o carvalho e  ervas aromáticas e de olfato agradável, como a hortelã; rege também os frutos oleaginosos e de grandes sementes, como o abacate e as nozes.
Plantas de Júpiter: Carvalho, oliveira, álamo, figueira, plátano, videira, caneleira, castanheiro, hortelã, meimendro, agrimônia, bálsamo, cardamomo, cravo, noz-moscada, sálvia, nozes, amêndoas, abacate, avelãs, castanha, gergelim, marmelo, rabanete, trigo sarraceno, ameixa, amora, cereja, anis, borragem, betônica, sangüinária, trevo, dente-de-leão, hissopo, junípero, erva-cidreira, cinco-follhas, cana-de-açúcar.
Vênus - o planeta do amor caracteriza suas plantas pelo perfume, como a rosa e a valeriana e pela doçura dos frutos e abundância de sementes, como os figos. Suas flores são belas e muitas plantas são afrodisíacas, como a romã.
Plantas de Vênus: Macieira, tamareira, oliveira, bergamoteira, laranjeira, vidoeiro, romazeira, verbena, valeriana, melissa, hortelã, cravo-da-índia, bétula, matricária, poejo, alfazema, beladona, bardana, figos, pêras, romãs, morangos, groselha, maça, rosa, jasmim, milho, framboesa, couve-flor, flores de acácia, narciso, sabugueiro, rosa de damasco, tanaceto, tomilho, violeta, banana-da-terra, gerânio, pinho, baunilha.
Saturno - o poderoso e mau humorado Saturno rege as plantas venenosas e que entorpecem, como a maconha, as que não produzem frutos ou produzem frutos, raízes, folhas ou galhos negros, como a figueira negra e o pinheiro. Seu odor é forte ou ácido, o sabor é amargo e o crescimento lento.
Plantas de Saturno: Figueira negra, freixo, nespeira,  pinheiro, cipreste, azevinho, sorveira, choupo, arnica, beladona, confrey, cânhamo, arruda, maconha, tabaco, acônito, cicuta, meimendro negro, mandrágora, papoula, vetiver, tomilho, teixo, cevada, cominho, salsa, heléboro, caraxixu (erva-moura), selo-de-salomão, cavalinha.

Talismãs Astrológicos

Um talismã simples, feito de ervas, pode ser executado mediante a mistura de 9 ervas numa pequena sacola de tecido. Para o amor, ervas de Vênus; para a prosperidade, Júpiter e o Sol; para proteção, Júpiter, Sol e Lua; para afastar energias indesejáveis, ervas de Saturno; para disputas, Marte; para o comércio, ervas de Mercúrio.

Plantas medicinais e seu preparo

A utilização de plantas medicinais, chamada hoje fitoterapia,  é sem dúvida o método de medicação mais antigo da história da humanidade e seu estudo sistemático data de 5 mil anos, época dos sumérios. Tal conhecimento surgiu da necessidade do homem de melhorar sua saúde, aumentar sua força e curar suas feridas. Homens primitivos, camponeses, nobres medievais e tribos indígenas de todos os continentes utilizaram-se da dádiva sagrada e curadora da Mãe Terra. O imperador chinês Shen-nung (3737-2697 ªC.) escreveu um livro chamado Pen-ts’ao, com mais de 300 preparados medicinais com ervas.  No Egito, por volta de 2.000 ªC., dois mil doutores praticavam a medicina das ervas, de acordo com um registro chamado Papiro Ebers. Entre os gregos, o uso de ervas foi tão difundido que o próprio Aristóteles contava com mais de 300 espécies plantadas em seu jardim, de acordo com o filósofo grego Teofrasto. O primeiro tratado europeu sobre ervas medicinais foi compilado por Dioscórides, médico grego, e o primeiro livro publicado em inglês, o Grete Herball, data do ano de 1526. No ano de 1597 o cirurgião inglês John Gerard, médico do rei James I, publicou uma das mais importantes obras desse sobre o tema, o Gerard’s Herball, seguido da publicação de John Parkinson, o Theatrum Botanicum.
A medicina moderna tem, entre seus especialistas, aqueles que utilizam a fitoterapia e a homeopatia com método de tratamento. Mesmo dentre a medicação produzida em laboratório, muitas das drogas derivam de recompilações botânicas, como é o caso da digitalina, usada durante séculos para combater males do coração e reconhecida cientificamente pelo médico inglês William Withering como droga eficiente no tratamento das enfermidades coronárias.
O primeiro passo para a utilização das ervas e plantas é sua correta preparação, que deve ser feita em recipientes de vidro, esmalte ou inox, sendo desaconselháveis o uso de alumínio, ferro e estanho. A seguir, os métodos mais utilizados e seu preparo:

Infusão - ferver água e despejar sobre a erva, tampando em seguida a mistura, que deve descansar assim por 10 minutos. Na infusão usam-se folhas e flores. O chá medicinal deve ser filtrado em pano de algodão ou linho e consumido em horários sistemáticos. Após a preparação, dura aproximadamente 8 horas.

Decoção - é a ação de cozinhar a parte desejada - normalmente raízes, sementes, cascas ou caules - durante o período de 15 a 30 minutos.

Maceração - colocar de molho a erva – no caso,  folhas e flores em água fria, vinho, álcool, conhaque, leite, óleo  ou cachaça pelo período de 1 a 24 horas. Esse método mantém vitaminas e sais minerais.

Banho - cozinhar por 20 minutos entre 100 e 500 gr da erva em 10 litros de água.

Compressas - acrescentar a erva à água a ponto de entrar processo de fervura. Deixar ferver por alguns minutos e aplicá-la, quente e com parte de um tecido atoalhado. Para hemorragias, edemas, hematomas e ferimentos em geral, a compressa é aplicada fria.

Tintura - preparada com quaisquer partes da planta, com 30% de erva, 60% de álcool de cereais e 10% de água da chuva ou destilada. Misturar os ingredientes num vidro escuro e guardá-lo num local escuro por 20/30 dias (com folhas tenras pode ser usado após 8 dias). Filtrar antes do uso.
Ungüento - cozinhar em banho-maria por 1 hora ou deixar sob o sol forte durante 4 horas a mistura de 10 partes de gordura vegetal (vaselina, manteiga de cacau, etc.) e 3 parte de sumo fresco da planta (basta triturá-la). Pode-se acrescentar cera de abelha.

Pomada - misturar e guardar em lugar fresco partes iguais de lanolina anidra, tintura de erva e vaselina.

Alguns exemplos de uso das ervas com fins estéticos e no combate de males simples, preparadas de acordo com os variados métodos existentes em herbolários:

Anti-rugas - creme feito com 20gr de flor de calêndula macerada em 250g de azeite de oliva e conservada por 10 dias em vidro escuro. Filtrar num pano e espremer bem.

Bolsas nas pálpebras - cavalinha  ou camomila em compressas da erva em infusão. Folhas frescas e bem lavadas de erva cidreira, diretamente no local. Rodelas de pepino descascado e envoltos em gaze, aplicados sobre os olhos por 20 minutos.

Cabelos
Oleosos : alfazema em tintura: 20 gr folhas para 100 ml de álcool de cereais. Queda: gervão em chá; babosa como revitalizante em creme condicionador: bater no liqüidificador 1 folha de babosa, 1 colher de óleo de amêndoas e 1 colher de maizena. Caspa: bardana, usada como chá após a lavagem. Clarear: chá de camomila. Escurecer: enxaguar os cabelos com 50 gr de  folha de nogueira em 1lt de água em infusão por 10 minutos, acrescida de ½ copo de vinagre de vinho.
Crescimento: 100gr de folhas frescas de agrião espremido.

Celulite - hera terrestre e sálvia em banhos e cremes. Chá de verbena: 50gr em 1 lt de água fervidos por 10 min. Indispensável associar a um tratamento local.

Cólica menstrual - catinga de mulata, malva e artemísia em chás. Manjerona como ungüento aplicado sobre o ventre.

Contusões - alecrim em tintura, confrei em ungüento: 5 partes de cada ingrediente: suco fresco de confrei, vaselina e  lanolina cozidos em banho-maria por meia hora.

Obesidade - malva, sabugeiro, carqueja, losna, salsa em chá por 40 dias.

Pele
Manchas e espinhas: confrei em forma de creme ou pomada.
Oleosa: pepino, tomate, levedo e limão (ao sol, provoca manchas).
Seca: abacate e pêssego.

Pés
Suor : banho de imersão de 15 minutos: 100gr de sálvia cozida em fogo brando por 10 min em 3 litros de água.
Cansaço: banho de imersão de 15 minutos: 40gr de folha de nogueira cozida em 1 lt de água.

Prisão de Ventre - 3 ameixas, 1 cravo-da-índia e ¼ lt de água quente macerados durante a noite. Ferver pela manhã por 3 minutos e beber antes do almoço acrescentando 1 colher de chá de mel. A polpa de uma maça fervida por 10 minutos em ¼ de lt de água com a casca de 1 limão. Tomar pela manhã.

A Farmácia da Natureza

Bebê com cólica? Chazinho de erva-doce. Você tá nervoso? Chá de camomila! Receitas que a tataravó passou para a biza, que passou para avó e assim sucessivamente. A verdade é que, 3º milênio, e o bebê continua tomando chá de erva doce e nós continuamos adeptos da camomila. E continua funcionando perfeitamente. Mesmo vindas da natureza, algumas ervas possuem contra-indicações e efeitos colaterais, o que torna desaconselhável seu uso indiscriminado. Algumas são venenosas e podem provocar doenças graves. Nada de mascar cicuta, dentro do espírito ou mata ou cura, pois pode apostar que mata! E nada de excluir a consulta médica ou os medicamentos; um autodiagnostico errado pode provocar sérios problemas de saúde. Outra experiência perigosa é tentar colher ervas selvagens para uso medicinal; se você não for um especialista, desista!
Mas algumas ervas medicinais e populares, plantadas num jardim ou em vasos, bem ao estilo da nossa avó, podem se transformar numa pequena farmácia caseira e natural, desde que respeitadas algumas condições de plantio e manutenção:

1. Plantar as mudas na terra e transplantá-las, se for o caso, apenas na lua nova, usando hormônios vegetais para que as mudas peguem mais rápido.
2. Manter as ervas e plantas sempre em contato com a luz solar, atentando para o equilíbrio da água - sempre pura - e as correntes de vento.
3. Não usar adubos ou defensivos químicos; podar sempre partes secas ou amareladas.

De posse da “sofisticada tecnologia” de plantio, basta escolher algumas dentre as inúmeras plantas que farão parte da horta caseira. Alguns exemplos e usos, de acordo com as obras Erva-Viva, de Mary Caran e Natureza Amiga:

Alecrim - calmante, bom para memória, coração, cansaço e stress, regula a pressão e estimula a circulação, é desinfetante, cicatrizante, expectorante e antidepressivo (pela ação da colina que se contrapõe a adrenalina). Possui vitamina C e B12, que atua em dermatites e feridas. Colocado sobre brasas, desinfeta o ambiente. O banho é melhor que o chá. Na infusão, usar somente folhas e flores. Para adubá-lo, usar casca de ovo.
Alfazema - atua na dor de cabeça, gota, retenção urinária, tontura, enxaqueca, dor de garganta e gases de bebes recém nascidos. Crianças fracas devem banhar-se com alfazema. Propaga-se por mudas e sementes na primavera. Não gosta de chuva.
Artemísia - indicada para cólicas menstruais, sob a forma de chá e como condimento no preparo de comidas gordurosas para evitar indigestão. Para pés cansados e doloridos, usar como banho. Gosta de lugares arejados e ensolarados.
Arruda - indicada para lavagem de feridas e sarnas, para irritação nos olhos e cansaço (em compressas). Não deve ser usada em doses muito fortes. É proibida  na gravidez.
Babosa - emoliente nos casos de tumores, inflamações, queimaduras e urticárias. O uso interno é limitado. Proibido para gestantes e portadores de hemorróidas. Suas mudas são feitas à partir de “filhotes” soltos de sua base.
Bardana - diurética, atua na bronquite, cálculos renais, biliares e da bexiga, gastrites, gota, enfermidades cardíacas, prisão de ventre, reumatismo, herpes e envenenamento por mercúrio. Cresce com facilidade e sem grandes cuidados.
Boldo - indicado contra insônia e como digestivo. Atua contra fraqueza, gases, reumatismo, dor de estômago e de cabeça. Sua muda se faz por galhos.
Camomila - estômago fraco, dor de cabeça, resfriado, calmante, digestivo. Seu uso exagerado pode enfraquecer os nervos e provocar icterícia. Cultivada através de sementes, a planta morre após a colheita das flores.
Confrei - poderoso cicatrizante (possui alantoina), auxilia no desenvolvimento de novas células. Atua na leucemia, diabetes, hepatites, úlceras e gastrites. Para eliminar infecção de cortes, usar com própolis. Usar com cuidado:  possui alcalóides perigosos.
Cavalinha - mineralizante, combate problemas renais (possui sílica). Atua na bexiga, nas bronquites, tuberculoses e inflamações da garganta. Como compressa, pode ser usada em úlceras, edemas e olhos inflamados.
Erva Cidreira - dores de cabeças, de dentes (em bochechos), desmaios, afecções gástricas e intestinais, dores reumáticas, tosse, enxaqueca e icterícia. Gosta de sol e suas mudas dividem-se por touceiras. Renová-la 2 vezes por ano.
Erva Doce - acalma dores de dente e ouvido, atua na tosse, náusea, diarréia e gases. A raiz é diurética e não deve ser tomada por mais de 3 dias seguidos. Propaga-se por sementes, gosta de solos argilosos e bem drenados.
Gervão - indicado para queda de cabelo, problemas de fígado, anemia e icterícia.
Hortelã - purificador e fortificante, usa-se para asma, cólicas intestinais, vermes, insônia (com mel), calmante para dores no corpo, dores de dente e cansaço. Existem 25 variedades diferentes.
Losna - empregada nos catarros, cólicas, náuseas, menstruação dolorosa, limpa os órgãos e reforça o organismo debilitado, combate obesidade e diabetes.
Manjericão - além do uso culinário, atua nas fraquezas, anemias, tosse, febre, cansaço, é diurético e calmante. Nas afecções da garganta é usado com gargarejos e em compressa sobre mamilos doloridos.  Propaga-se por galhos em solos soltos e na sombra. Não é simpáticos a clima muito frios.
Majerona - além do uso na culinária, atua na debilidade muscular e dos nervos, nos reumatismos e resfriados.
Malva - usada antigamente em saladas, atua na tosse, rouquidão, prisão de ventre, inflamações da pele, da bexiga e dos rins, nas dores de dente e de garganta. Gosta de terra boa e pouca água.
Melissa - indicada para dor de cabeça, insônia e cansaço.
Tansagem - atua contra problemas da boca e garganta, picada de insetos, doenças venéreas e problemas de ordem sexual. Puxa espinhas da pele.

Texto: Mara Barrionuevo para o jornal O Exotérico, 2003
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Mas para encerrar 2015 um segredo ainda vou contar

Você já leu por ai sobre alguma antiga poção fervida pela Bruxa num velho caldeirão, impossível de imaginar de onde aquilo a Bruxa foi tirar?
Humm .. e se ela fervia na macabra receita um pequeno dragão com olho de gato, o pé de um corvo e um sapo?
Não fuja, não. A mistura que acabei de inventar pra você serve só pra lhe contar que isso ai nada mais é do que estragão, escabiosa, gerânio branco e linho.
Mas não ferve isso porque minha mistura não serve para nada.
Só estou te dando um exemplo de como, pelas velhas e espertas Bruxas, dando nome de bicho pra erva em Grimório, você ficou assustado por nada.