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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A Lua Cheia de Fevereiro

PLENILÚNIO EM LEÃO, SOL EM AQUÁRIO



Assim como a Lua é a representação cósmica da Deusa, o Sol é a representação do Deus, que tem na Roda do Ano o reflexo de sua ação sobre as estações.
Influencia diretamente a sobrevivência do homem, pois é sua posição no girar do planeta que determina as épocas de semeadura, colheita e fertilidade dos animais. Mas, assim como fertiliza a Mãe Terra e, juntos, promovem a abundância, retira sua luz e calor e dá lugar ao frio e a fome.

LEÃO é um signo de fogo, regido pelo Sol, e representa, como o sol, luz, calor, brilho e imensa capacidade expressiva para oferecer ao mundo. Tem como algumas de suas características a determinação, a coragem e o poder, assim como exercita qualquer atividade ou relacionamento com forte presença e doação. 
Por outro lado, o rei leão espera o reconhecimento de seus dons, talentos e realizações. Inspira amor e admiração nos que o cercam, quando a expressividade nasce no coração e é carregada de sentimentos nobres e transparência.


AQUÁRIO é um signo de ar, regido por Urano, e tem como características as preocupações comunitárias, as mudanças, a impessoalidade e o idealismo. É o mais diferenciado dos signos do zodíaco, por ser dotado de habilidade mental suficiente para trilhar seus próprios caminhos, planejar o futuro e manejá-lo com criatividade. A regência de Urano o torna inovador e dado a inverter sua vida com mudanças bruscas.
Por outro lado, tende a rebeldia e a indisciplina e a atitudes extremadas que terminam por separá-lo de outras pessoas. Busca autonomia para emitir suas próprias opiniões se ter que se vincular a nada nem a ninguém.

A combinação de um signo regido pelo fogo com um signo regido pelo ar nos ensina que os elementos diferentes são também complementares, na medida em que o ar é necessário para a combustão do fogo.

Esse plenilúnio possui uma atmosfera propícia as mudanças pessoais, nos tirando do meramente individual em direção ao comunitário e expandindo nossa consciência planetária.
Projeta ondas de luz e amor para com as pessoas e o planeta.
Também nos estimula a coragem de superar obstáculos e rotinas que nos mantém presos a situações e sentimentos de derrota ou opressão. Como a rei Leão, é o momentos de rugir para uma nova vida.

NO CALENDÁRIO LUNAR - A LUA DA COLHEITA

Embora tenha adotado o termo Lua da Colheita pela proximidade com o Festival de Lammas, 1º. Festival da Colheita, a lua cheia de fevereiro também é chamada de Lua do Milho, da Cevada, Lua das Disputas e Weodmonath, que significa Mês da Vegetação.

No calendário lunar, é tempo de ritos de paz e prosperidade, novas experiências e purificação.
É tempo de assar pães com os grãos da colheita e comemorar a abundância da terra.

NO CALENDÁRIO CELTA - TINNE

Tinne é o oitavo signo que compõe o calendário celta, Beth Luis Nion.
Como esse calendário é originário do hemisfério norte, é preciso girá-lo, para que acompanhe a maré energética do hemisfério sul, e a energia desse plenilúnio corresponde ao signo do Azevinho, Tinne. 
Na mitologia celta e nas Tradições que usam seus elementos como referência, a luta anual entre o Rei Carvalho e o Rei Azevinho é bastante conhecida. Embora esteja eu fazendo referência à mitologia celta, o combate entre duas grandes forças vem de costumes de povos mais antigos, onde a “Mãe da Tribo” escolhia, a cada um ano e um dia, um novo consorte - o jovem mais forte e viril do clã, para garantir a fertilidade da terra. Esse combate entre o antigo e o novo consorte ficou conhecido como a luta entre “O Rei Novo e o Rei Velho” ou o combate entre “O Rei Carvalho e o Rei Azevinho” e, até hoje, é tema de mito-dramas.



O Azevinho representa o aspecto sempre verde na psique. A árvore, na mitologia, cresce sob um antigo monumento funerário e simboliza a energia solar dentro da Mãe Terra. A Deusa se veste de vermelho para simbolizar a colheita e a proximidade do outono.

NOS CLÃS MATRIFOCAIS

A Matriarca da segunda lunação é A Guardiã da Sabedoria.
Essa Matriarca é guardiã das tradições sagradas e da memória planetária. Ela nos ensina a encontrar a sabedoria, tornando-nos receptivos aos ensinamentos e pontos de vista alheios. Nos ensina a aceitar a verdade e o espaço sagrado de cada ser, expandindo nossa noção de família planetária e reafirmando nossos laços afetivos com todos os nossos irmãos.

* imagens retiradas da web
* Bibliografia consultada para informações mitológicas/históricas:
The Celtic Lunar Zodiac - Helena Paterson
Livro Mágico da Lua - D. J. Conway
O Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
Mara Barrionuevo - jornal O Exotérico, edição maio de 2002
e lembranças de antigos aprendizados que, pensei, estavam perdidos em minha memória

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ritos de Fevereiro



Morrer e renascer, a Roda está a girar! Essa estranha frase é o primeiro verso de um cântico usado pelos praticantes da Antiga Fé, chamada hoje de Bruxaria em um de seus ritos.
A Roda, a qual se refere o cântico, é a Roda do Ano, uma divisão em oito partes que os povos antigos estabeleceram para o período agrícola de um ano, em dois aspectos distintos: o aspecto solar e o aspecto que trata da fertilidade da terra.
Nesse calendário circular, o ciclo das estações gira infinitamente e, em observância a ele, os homens primitivos estabeleceram oito festivais religiosos, um para cada ciclo. Quatro destes festivais se referem a jornada do sol pelo céu - os solstícios e equinócios - e foram chamados Sabás Menores. Outros quatro estão relacionados ao ciclo agrícola - semeadura, crescimento, colheita e descanso da terra - e são chamados Sabás Maiores. Durante esses oito festivais, a Deusa Mãe e seu filho/consorte são homenageados.
Em cada festival, a Deusa muda de aspecto, da mesma forma que o ciclo de fecundidade da mulher: por vezes ela é a Mãe Terra, generosa em alimentos para seus filhos, por vezes ela é a Rainha do Céu, em suas fases lunares. Num festival ela se apresenta como a Amante Cósmica, para em seguida mostrar sua face Ceifeira, cobrando a vida que há pouco havia doado. Já seu filho e consorte, o Deus, tem na Roda do Ano o reflexo de sua existência: com ela ele nasce, nela cresce e seu torna adulto e dentro dela morre, para renascer num período seguinte.
Um dos festivais religiosos que honram os deuses dentro da Roda do Ano acontece no mês de fevereiro. No hemisfério norte, o segundo mês do ano é o coração do inverno, mas também a garantia de que a primavera se aproxima. Nesse mês, acontece o Festival de Brígida - Deusa Tríplice celta. O Sabá de Brígida é o Festival do Fogo ou da Purificação, a preparação dos campos para a recepção à primavera. Mas foi de outra deusa do fogo - a romana Februa - que o mês de fevereiro recebeu seu nome.
No hemisfério sul fevereiro acontece no coração do verão, prenunciando também o outono que se aproxima. No calendário agrícola, é o momento de colher o grão e, para abençoa-lo, comemoramos o Sabá de Lammas, ou 1o. Festival da Colheita.
Nessa época, os seguidores da Antiga Religião acreditam que “o Deus entra no milho” pois, para colher é preciso sacrificar o que será colhido. É momento de agradecer ao Deus pelo sacrifício e a Deusa da Terra pela abundância. É também momento de meditação, pois a Deusa da Terra está assumindo seu aspecto Ceifeira, cortando a vida para que ela possa renascer depois do inverno. Lammas é também o Festival do Pão, que para honrar aos deuses é feito dos primeiros grãos colhidos. Em algumas tradições, esse festival de fevereiro é chamado Lughnasad e comemora a ressurreição de Lugh, o grande deus guerreiro celta, também chamado deus sol.

Além dos festivais agrícolas, entre 1º e 3 de fevereiro foram comemorados os Mistérios de Elêusis na Grécia antiga: celebravam a Filha que Retorna - Deméter e Perséfone, Ceres e Prosérpina. No dia 7 os antigos comemoravam também o Dia de Selene e de outras deusas da lua, enquanto que em Roma, entre 14 e 21 de fevereiro, tinham lugar as festividades em homenagem à Deusa Afrodite. Em Singapura, China e Taiwan, fevereiro é o mês dedicado a Deusa Kuan Yin, a lua cheia.

Festivais Católicos
Muitos dos ritos católicos acontecem também no mês de fevereiro e grande parte deles tem origem em festividades pagãs. A Festa da Candelária tem como provável origem o Festival da deusa Brígida - ou Santa Brígida para os católicos. Sendo a festa da purificação de Nossa Senhora, esse ritual nos remete diretamente para a purificação dos campos durante o Sabá de Brígida. Curiosamente também é o tempo em que os católicos levam seus pães à igreja para que sejam abençoados, da mesma forma como os pagãos levam seus pães para os altares de Lammas.
Fevereiro é ainda o mês da procissão de Nossa Senhora dos Navegantes no estado do Rio Grande do Sul, da Festa de Nossa Senhora da Glória no Rio de Janeiro e de Nossa Senhora das Candeias (Candelária) na Bahia.

Deusas das Águas
Nossa Senhora dos Navegantes é relacionada, dentro das tradições Afro-brasileiras, à bela orixá Iemanjá, a Rainha dos Mares. No dia 02 de fevereiro, Iemanjá é homenageada como o arquétipo da grande mãe, aquela que controla a fertilidade, a gravidez e a sensualidade. Das águas de Iemanjá tiveram origem os seres vivos, pois são salgadas como o líquido amniótico. Suas águas, assim como o líquido que protege o feto, não podem ser bebidas pelo homem, mas o mantêm vivo em sua origem. Essa deusa é a mãe dos orixás. A fertilidade e a sexualidade a ela atribuídas são vistas também em suas imagens: belas e generosas formas, seios fartos e corpo forte. Iemanjá é a própria energia da água, assim como Brígida é a energia do Fogo e Deméter a energia da Terra. São homenageadas no mesmo dia a Senhora do Fogo, a Senhora da Água e a Senhora da Terra, corpo, útero e espírito da deusa, elementos doadores de vida.
Aos que tem no coração a intuição do amor da deusa, não importa sob que nome ou credo Ela será louvada. Pois, como disse um dia uma grande Senhora da Magia, “todos os deuses são um só Deus e todas as deusas são uma só Deusa, e há apenas um iniciador”. A cada homem a sua verdade. Abençoadas sejam, Brígida, Kuan Yin, Deméter, Afrodite! Odoiá Iemanjá!
Abençoada seja Ker, a Senhora de Lammas.
Abençoados sejam aqueles que, perseguidos torturados e mortos pela intolerância de uma nova igreja, voltaram reafirmando sua fé.
Lammas é o primeiro Festival da Colheita. Que a colheita daquilo que plantamos seja farta.
Aos que, como eu, giram a Roda do Sul, abençoado Festival de Lammas.
Aos que giram pela Roda do Norte, abençoado Festival de Brígida.


* texto: Mara Barrionuevo, publicado no Jornal O Exotérico em edição de fevereiro do ano de 2000.
* imagem da web