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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Plenilúnio em Touro - Sol em Escorpião

Trabalhando com a Sombra



Touro 



É o símbolo da produtividade e persistência, do ritmo lento e decidido. É o primeiro signo do elemento terra, muito ligado às sensações físicas. A regência de Vênus dá aos taurinos afetividade, sensualidade e uma certa indolência. Signo que representa a busca de estabilidade e segurança, com tendência à possessividade e acumulação, o que gera dificuldade com as mudanças. Touro prefere os caminhos seguros e conhecidos.
Touro tem a função de estabilizar as conquistas e os caminhos abertos por Áries, e por isso mantém os pés bem firmes na terra, aguentando com paciência o que muitos outros abandonam pela metade.
Quer uma vida simples, que pode chegar ao conformismo, pois é um signo um tanto preguiçoso na hora de mudar. É ele quem tem o papel de concentrar, nas realizações terrenas, todo o impulso e o desejo iniciados por Áries. Para fazer isso, só mesmo sendo muito ligado nas coisas da terra. Um ser sensual por excelência, Touro compreende a beleza, aspira a ela e tem a obstinação necessária para superar todos os entraves à realização, no mundo concreto, de uma ideia, projeto ou inspiração. Daí, Touro torna-se teimoso, turrão, tem de levar à frente um projeto, de qualquer jeito.
É fácil compreender que, se o objetivo básico do Touro é realização e consolidação, é só a partir do valor que reconhece em algo que se torna capaz de se esforçar para realizá-lo. Daí que a palavra "valor" é mágica para Touro. Sem vislumbrar o valor de um projeto, ele pouco se anima a sair de sua posição. Essa necessidade de descobrir o valor de tudo está na base de sua preferência amorosa, profissional e existencial. Mas quando percebe o valor de algo – e isso implica em fazer uma escolha entre mil outras possibilidades – vai até o fim.
Para fazer isso, precisa ter um apuro e um refinamento com a natureza, uma intimidade com as formas da realidade que o torna alguém que conhece os meios corretos para tornar o que faz digno da admiração alheio. Confiável e sólido, sabe fazer frutificar algo belo. Uma das características do Touro é ter “boa mão para plantar”, um dos indícios evidentes de um dom que pode se manifestar em muitas outras áreas de sua vida.
Características: paciência, persistência, sensualidade, busca de paz, praticidade, estabilidade, sentido da forma e estética, harmonia, beleza, acomodação, teimosia, obstinação, materialismo, ciúme, possessividade. O taurino motivado pelo afeto (ou pelo materialismo...) busca com muita dedicação os seus objetivos, mas deve perceber quando é necessário desapegar-se.

Escorpião



É o relacionamento aprofundado, pois é um signo da água, de fortes emoções. É a intensidade emocional, a paixão, o sexo, a necessidade de penetrar nos mistérios do ser humano e da vida, e o renascimento pessoal e dos relacionamentos.
A posse e a propriedade – do corpo, do afeto, dos bens – se manifestam com toda a intensidade neste signo que busca o propósito.  Quer conhecer o que está além e não se contenta com as aparências, pois pressente os recursos ainda não manifestos da força conjunta.
Daí, a tremenda capacidade do Escorpião revelar os segredos, traduzir as mensagens subliminares, "reagir com o estômago" a tudo o que ameace a estabilidade e a fixidez necessária para o cumprimento de um propósito. A atenção fiel que Escorpião dá a seus parceiros é prova disso, como também é a extrema fidelidade – a pior coisa que se pode fazer a ele é a traição.
Dinâmico, administrador de crises, para as quais sempre encontra soluções, detesta perder o controle dos fatos, da realidade, pois confia demais em sua intuição animal. Dizem que escorpião é um signo relacionado ao sexo e à morte e o paralelo é que o sexo em seu ápice é como a pequena morte que marca uma etapa além da qual, todos se transformam. Daí a necessidade de intensidade, de experiências transformadoras, a coragem de enfrentar as perdas e a grande paixão pelas ideias, pessoas ou causas que abraçam, nas quais mergulham até o fim para conseguir sua realização.
No amor, é a paixão intensa, a sexualidade sagrada, o mergulho de corpo e alma no outro a quem dá a fidelidade e o afeto, embora prefira saber onde pisa. Pode guardar certos segredos, porque no fundo teme perder o controle, mas tem sempre uma força capaz de virar um relacionamento que parece estar no fim para que ganhe nova vida. Nesse sentido, as "dores-de-cotovelo" do Escorpião são terremotos, nos quais afunda com toda a sua alma para depois renascer, mais sábio e mais forte.
Características: profundidade, magnetismo, sexualidade, envolvimento emocional, persistência, perspicácia, senso de pesquisa, intuição, desapego, reciclagem, capacidade de cura, desconfiança, inflexibilidade, obsessões, lutas de poder, controle excessivo, ciúmes e vingança. A regência de Plutão sinaliza que escorpião tem um potencial curador, pois está orientado para o âmago das experiências, os mistérios, o oculto, a sexualidade. Mas precisa se tornar amigo de seus instintos e emoções, para que estes não tenham poder destrutivo.
Seu elemento é a Água, sua pedra é a granada, seu metal é o ferro, sua cor é o vermelho-sangue e vermelho-arroxeado. Astro regente: Marte (tradicionalmente) e Plutão (modernamente)

Matriarca do Mês

Aquela que Anda com Firmeza
Mãe da inovação e da esperança, ensina o uso adequado da vontade e do poder para modificar circunstâncias da vida pela ação pessoal.

Calendário Lunar – Lua da Lebre

Tempo de ritos que buscam o caminho interior, de corrigir males por ventura provocados aos outros e exercitar o eu criativo.


Como trabalhar o plenilúnio

Embora opostos, Escorpião e Touro tem em comum algumas características negativas, como inflexibilidade, necessidade de posse e propriedade e o ciúme.  A combinação de ambos exalta o descontrole emocional, a necessidade de possuir e controlar.
Por isso, esse plenilúnio favorece a avaliação da “sombra”, pois Escorpião possibilita um profundo mergulho nos registros do subconsciente para descobrir e transmutar padrões compulsivos, obsessivos, rígidos e escravizantes de Touro.
A energia curadora, mística e transformadora de Escorpião e a tenacidade de Touro, juntas, nos possibilitam alcançar, como a Fênix, o renascimento do Eu.



Abandonar velhos hábitos, rever relacionamentos que não nos servem mais, livrar-se de resíduos emocionais dolorosos, confeccionar talismãs e amuletos, encantamentos para a saúde e prosperidade e ritos de passagem também são favorecidos por esse plenilúnio.

* imagens da web
* Bibliografia:
Livro Mágico da Lua - D. J. Conway
O Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
Ritual de Lua Cheia em Mystic Fair RJ por Mara Barrionuevo
Mara Barrionuevo para Jornal O Exotérico – Edição maio 2002

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Vikings - Os Guerreiros do Gelo


Vikings


Numa vizinhança bastante próxima ao Círculo Polar Ártico, no extremo norte do Velho Mundo, uma região deu origem a mitos e lendas sobre gigantes do gelo, kobolds e anões. Deu ainda à humanidade um de seu filhos mais brilhantes, Hans Christian Andersen, o famoso dinamarquês autor de inúmeras histórias infantis como A Pequena Sereia, O Patinho Feio e O Soldadinho de Chumbo.
Tal região, que de tão pequena possui área menor do que o estado do Mato Grosso,  é hoje conhecida como Escandinávia e compreende os países da Dinamarca, Suécia e Noruega. Mas não foram apenas as maravilhosas histórias de Andersen que fizeram a fama da Escandinávia. Muito antes dele, bravos guerreiros  já espalhavam pelo mundo a cultura dos marinheiros do gelo conhecidos como vikings.

Há 14 mil anos atrás esses guerreiros do gelo - muitas vezes divididos em grupos rivais - já começavam a avançar em direção ao norte do planeta na medida em que a imensa capa de gelo que cobria a região da Escandinávia ia desaparecendo. Fixando-se ali, passaram a conquistar progressivamente imensas regiões que a princípio incluíram a maior parte das Ilhas Britânicas. Cruzaram audaciosamente o Atlântico Norte a bordo de seus dracares,  barcos grandes e bonitos e povoaram regiões distantes como a longínqua Islândia a partir do ano de 825 e a Groenlândia em 985. Chegaram a aportar na América do Norte no ano de 992, cinco séculos antes de Colombo. A bordo de seus  estranhos e belos barcos de fundo chato, se deslocavam com uma habilidade e coragem assombrosas. Na Europa continental, os atrevidos guerreiros sitiaram Paris em 845 e saquearam sem parar França, Portugal, Espanha e norte da África. Conseguiram do rei Carlos da França no ano de 911 uma região inteira, à qual deram seu nome - a Normandia ou terra dos homens do norte e o reconhecimento de seu duque Rollon como o primeiro duque da Normandia. No apogeu de suas conquistas, anexaram ao reino escandinavo a Bretanha, a Normandia, a Sicília e a Rússia. Estabeleceram ainda comércio com Bizâncio, Pérsia e Índia, trocando peles, couro e minério por algodão, vinho e cereais.



Durante o inverno os vikings ficavam em casa cuidando das ovelhas. Somente no verão se afoitavam pelos mares, sem proteção para o neve ou o frio. E nessas ocasiões se revelavam destemidos guerreiros, de uma audácia quase insana.
Ao contrário da imagem que foi popularizada, os vikings não usavam capacetes com chifres nem eram brutamontes. Possuíam uma estrutura social bastante semelhante aos celtas, onde encontravam-se no topo da pirâmide os reis, na base os escravos e entre os dois estágios, os agricultores. Possuíam ainda um grupo à parte, os juizes - homens sábios da comunidade - que formavam o Parlamento, chamado Ting, responsável pelas principais decisões. O atual governo da Escandinávia, com sua monarquia parlamentar, tem raízes na organização social dos vikings. Provavelmente porisso a realeza nórdica em muitos aspectos sempre foi bastante diferente da britânica. A atual herdeira do trono dinamarquês, Margrethe II, é tataraneta do rei viking Gorm, o Velho.
A religião praticada pelos vikinks era rica em deuses rudes e violentos, correspondentes aos sonhos desses guerreiros. Ainda assim, exceto pela descrição de um templo situado em Uppsala, na Suécia, não existem vestígios de arquitetura religiosa além de alguns grandes túmulos cercados de pedras. Ao que parece, esse povo jamais sentiu necessidade de erguer templos ou locais de sacrifício, pois quando necessitavam reunir-se para a realização de assembléias ou sacrifícios o faziam sob árvores gigantescas, em geral o freixo. A explicação para esse fato parece basear-se na vida integrada com a natureza que o povo levava.


Além de não possuírem templos, não possuíam sacerdotes ou chefes religiosos de nenhuma espécie, nada semelhante a faraós, papas ou druidas. A “autoridade” religiosa era em geral exercida pelos anciãos ou guerreiros considerados mais sábios. Ainda assim, cada um rezava a sua maneira, normalmente dentro de sua própria casa e sem nenhuma doutrina precisa. Alguns possuíam estatuetas as quais dirigiam suas preces e pequenos sacrifícios e talvez porisso fosse grande a diferença religiosa entre os clãs.
Alguns escritores, como Michael Howard, afirmam terem existido entre os vikings rituais de iniciação nos Mistérios Odínicos (mistérios do deus Odin) onde o iniciado era pendurado num teixo. Odin era um deus pai viking ao qual a lenda atribui a descoberta das Runas, o alfabeto nórdico considerado mágico, com 24 glifos conhecido hoje por Futhark.

Anterior a esse alfabeto mágico, o povo germânico empregava símbolos talhados em rocha como forma de escrita, provavelmente relacionados aos cultos indo-europeus dedicados à fertilidade. Tais símbolos incluem figuras representando homens, animais, partes do corpo humano, armas, símbolos solares e suásticas, entre outros.
Entre suas crenças, provavelmente estava a da vida além da morte. Os incríveis barcos dracares eram muitas vezes convertidos em féretros sob os quais os nobres eram enterrados levando consigo jóias, roupas, calçados, instrumentos musicais, animais  e até mesmo escravos que deveriam permanecer servindo-os após a morte.
No decorrer de suas conquistas essas praticas foram desaparecendo. Os vikings foram tomando contato com o catolicismo até que no ano de 966 Harald do Dente Azul se batizou. A partir daí, os vikings foram pouco a pouco se convertendo ao cristianismo.

Ainda hoje a influência da mitologia dos navegadores vikings se faz sentir pela Europa, principalmente nas festividades e no calendário. Assim, a terça-feira é tuesday que significa o dia de Tyr, um dos deuses nórdicos. A quarta-feira é Wednesday, dia de Woden ou Odin e a sexta-feira é friday, dia da deusa Freya. Na Alemanha, a quarta-feira é donnerstag, dia de Donar ou Thor.
A tradição dos festivais de solstícios e equinócios para alguns historiadores é atribuída aos vikings e muitos afirmam que a Festa de São João, bem como muitas outras festividades cristãs tem como origem a Festa da Luz dos nórdicos. Nessas festividades, bem como nos calendários europeu e americano, sobreviveram a tradição e a mitologia desses destemidos navegadores do gelo que brindavam conquistas bebendo no crânio do inimigo. Skuld !


Deuses e Gigantes
A Criação

Conta a lenda viking que no começo não havia terra, céu ou mar, somente o vazio, Ginnungagap. Primeiros a surgir, os reinos de Muspell - o fogo e Niflheim - o gelo se espalharam. O ar começou a ficar morno e o gelo a derreter e tomar a forma do gigante Ymir, que era mau. Enquanto o gigante dormia começou a suar e de suas pernas e braço esquerdo nasceram três gigantes congelados, um feminino e dois masculinos. Depois disso o gelo derretido criou uma vaca chamada Audhumla, das tetas da qual fluíam quatro rios de leite que alimentavam Ymir. Audhumla se nutria lambendo o gelo salgado e lambendo desenterrou Buri que era forte e belo e tinha um filho chamado Bor. Bor casou-se com Bestla, filha de um dos gigantes gelados. Tiveram três filhos que por sua vez deram origem aos deuses e vikings: Odin, Vili e We. Odin e seus irmãos mataram Ymir e de tanto sangue afogaram-se os outros gigantes gelados, com exceção de Bergelmir e sua mulher. Da carne de Ymir fizeram a terra, de seus ossos e dentes as rochas e pedras, de seu sangue os rios e lagos. A terra foi feita em forma de círculo e para os gigantes deram o reino de Utgard. Para eles mesmos estabeleceram o reino de Asgard. Caminhando pelo oceano recém criado, Odin e seus irmãos viram dois troncos. Odin lhes deu respiração e vida, Vili cérebros e sentimentos, We lhes deu audição e visão. Criaram assim o primeiro homem, Ask e a primeira mulher, Embla e Midgard foi seu lar. Deles descende a humanidade.





Abaixo de Midgar, o reino dos homens, está Niflheim, o gélido reino da morte. Acima está Asgard, o reino dos deuses, de onde Odin cuida do mundo. Asgard e Midgard são ligados por uma ponte em forma de arco-íris chamada Bifrost. E no centro de todos os reinos esta o freixo gigante Yggdrasil, a árvore do mundo cujos ramos em dão sombra e as raízes o suportam. Yggdrasil possui três raizes: uma em Niflheim, onde a serpente Nidhogg se alimenta dos cadáveres, uma em Asgard onde moram as Nornes - as três velhas que governam o destino dos homens e que  mantém Yggdrasil viva, e uma em Jotunheim, a terra dos gigantes.

Os Deuses



Além dos deuses da Criação, um grande grupo de deuses ocupava o panteão viking. Vigorosos, passavam o tempo todo lutando, comendo e bebendo, abandonando-se em intermináveis festas. Eram sem dúvida um reflexo do povo que os adorava.
Thor é o deus do céu e do trovão, o mais poderoso dos deuses nórdicos. Filho de Odin e da terra,  ele conduz uma carruagem puxada por dois bodes e possui três grandes tesouros: um cinto que dobra a sua força, um terrível martelo, Miollnir, com o qual despedaça seus inimigos e um par de luvas de ferro que ele precisa usar para segurar o martelo. É o guardião sagrado de Asgard e das casas de seus adoradores.
Loki é o deus trapaceiro, filho dos gigantes Farbauti e Laufey e irmão de criação de Odin. Suas brincadeiras causavam problemas e foi ele quem provocou a morte de Balder. Tem três filhos: Fenris-Lobo, a serpente de Midgard que dá volta ao mundo e Sleipnir, o corcel de oito patas de Odin. É ele quem conduzirá os gigantes contra os deuses na batalha final de Ragnarok.
Balder era o sábio e belo filho de Odin e Frigg e o mais estimado dos deuses. Todas as coisas vivas, menos o visco, juraram não machucá-lo. Através da malícia de Loki, Balder foi morto com esse visco por seu irmão, o deus cego Hoder. Após a batalha final de Ragnarok, Balder voltará para liderar a humanidade.
Frigg é a deusa do parto e da fertilidade, possivelmente uma versão Mãe Terra. Esposa de Odin, podia como ele prever o futuro.
Freyja era a deusa do amor, da fertilidade e das videntes, a mais bela das deusas. Sua propriedade mais preciosa é o colar Brisingamen, que ela ganhou dos anões. Transforma-se freqüentemente em falcão e viaja numa carruagem puxada por dois gatos.
Freyr era um deus da fertilidade, irmão de Freyja. Possuia um navio mágico, Skidbladnir que podia acomodar todos os deuses. Apaixonou-se por Gerd, a filha de um gigante. Cortejá-la custou-lhe a espada e porisso vai desarmado para a batalha de Ragnarok.
Heimdall é o vigia de Asgard e Bifrost, a ponte do arco-íris. É ele quem irá soprar o chifre Gjall para assinalar o início da última grande batalha entre deuses e gigantes.
Midgard a serpente é um dos monstruosos filhos de Loki e da giganta Angrboda. Essa serpente rodeia o mundo dos seres humanos e será morta por Thor em Ragnorak.
Nornes são as três deusas do destino que regam as raízes de Yggdrasil. Seus nomes são Urd, Skulk e Verdandi e significam Destino, Ser e Necessidade.
Tyr é o deus da guerra. Sacrificou sua mão esquerda enquanto amarrava o Fenris-Lobo com o grilhão mágico Gleipnir, feito pelos anões.
Valquírias são guerreiras filhas de Odin. Esperam os guerreiros mortos no Vahalla. Cavalgam para as batalhas concedendo vitória ou derrota, conforme a vontade do pai.

Ragnarok - Uma visão do fim do mundo



Como todos os povos, os vikings tinham sua própria visão do fim do mundo, o qual acontecerá numa batalha chamada Ragnarok, que eles chamavam idade da espada, do vento, do machado. A lenda diz que Fenris-Lobo se libertará de seus grilhões e com as mandíbulas abertas lutará ao lado de Surt e Midgard, a serpente, que por sua vez espalhará veneno por toda terra e todo o mar. Então, Heimdall tocará seu chifre a os deuses se dirigirão para a batalha. Thor destruirá a serpente mas cairá morto por sue veneno. Odin será engolido pelo Fenris-Lobo e seu filho Vidar, como vingança, partirá o lobo ao meio. Heimdall e Loki se destruirão mutuamente. A terra será submergida pelo mar e o sol escurecerá, enquanto o céu queima e as estrelas caem. A morte alcançará a todos: deuses, gigantes, anões, homens e mulheres.
Mas dois, Lif e Lifthrasir, escondidos em Yggdrasil se salvarão. Serão alimentados pelo orvalho da manhã e  a partir deles a humanidade renascerá. Balder e Holder, filhos de Odin, voltarão a viver, enquanto que os rios se encherão novamente de peixes e os campos de trigo. Os humanos encontrarão na grama o tabuleiro de ouro onde os deuses jogavam seus jogos e, admirados, lembrarão de Odin e dos palácios dourados de Asgard.


Runas - O Alfabeto Mágico dos Vikings


O alfabeto rúnico, considerado mágico, é uma antiga forma de escrita das tribos germânicas introduzidas da Grã-Bretanha pelos invasores anglo-saxões. As runas não se parecem em nada com o alfabeto tradicional e representam tanto palavras quanto sons, em semelhança com o alfabeto hebraico. Há muitos tipos diferentes de alfabetos e letras rúnicas , sendo provavelmente o mais conhecido o Futhark ou Fupark. Esse alfabeto rúnico consiste de 24 runas divididas em 3 grupos de oito, chamados Oito de Freyja, Oito de Hagal e Oito de Tiw. A seqüência do Futhark foi encontrada no século V gravada numa pedra na Suécia. Achados arqueológicos deixam claro que o alfabeto germânico original possuía 24 runas, mas o antigo alfabeto rúnico inglês aumento para 29, memso número de runas seguidas de verso no famoso Poema Rúnico inglês. Há também evidencias de um acréscimo posterior de mais quatro runas, perfazendo um total de 33.
Enquanto o alfabeto rúnico inglês foi ampliado o escandinavo passou por várias reduções, terminando por contar com 16 runas. Essas dezesseis aparecem tanto no Poema Rúnico islandês como no norueguês. Os poemas rúnicos podem ser considerados a forma usada para auxiliar a memorização do significado das runas, que caíram em desuso pela introdução do latim. Os versos do Poema Rúnico norueguês dão ainda uma imagem crítica da sociedade e ambiente em forma de aforísmos, enquanto que o Poema Rúnico inglês é considerado descritivo.
Enquanto que origem histórica das runas é obscura, sua origem mitológica é bastante conhecida: conta a lenda que foram descobertas pelo deus Odin, descrito como um homem alto, magro, vestido com uma longa capa. A face de Odin é dura; tem apenas um olho fixado à distância. Seu outro olho é coberto por um chapéu mole de abas largas. Traz consigo um ramo de abrunheiro e é acompanhado por um corvo e um lobo. Afirma-se que Odin obteve o conhecimento das runas por um ato de supremo sacrifício: permaneceu suspenso por nove dias e nove noites em Yggdrasil, empalado por sua própria lança para obter a sabedoria proibida. Ao final do nono dia, olhanto para baixo Odin encontrou as runas. Bebeu também do caldeirão da inspiração do deus Mimer e o preço que pagou pela sabedoria foi a perda de um olho. Na antigüidade as runas eram lançadas pelos xamãs. Hoje, aquele que lança as runas é chamado runemal . As runas podem ser usadas como oráculo, pois cada uma trás uma mensagem que pode ser usada na arte divinatória.

Significado das Runas do alfabeto Futhark

Mannaz - Homem, o Eu - Refere-se a raça humana ou a um membro da tribo. Sugere modéstia e devoção, receptividade à vida e quietude, alegria por executar suas tarefas.
Gebo - Associação - Refere-se a uma oferenda aos deuses. Sugere casamento ou consolidação de relações antigas, uniões igualitárias onde exerce-se a dádiva da liberdade.
Ansuz - Mensagens, Sinais - É a runa do Deus Loki ou de Odin. Sugere o recebimento de mensagens, o dom da comunicação, sabedoria através do contato com os deuses.
Othila - Separação, terras ou propriedade herdadas. Sugere um época de caminhos separados, rupturas radicais, desistências. Também aquisições imobiliárias.
Uruz - Força, o Boi Selvagem. Significa término e novos começos. Sugere força, boa fortuna e progresso, mas para isso pede a morte de formas antigas, renovação.
Perth - Iniciação, Assuntos secretos - Essa runa pende para o desconhecido. Sugere forças poderosas em ação, renovação do espírito, ganhos materiais inesperados.
Nauthiz - Sujeição. A necessidade que levava os vikings  praticar feitos impossíveis. Sugere necessidade de lutar, precaver-se. Hora de restaurar o equilíbrio, perseverar.
Inguz - Fertilidade, os Novos Começos - Esta associada a Ing, o Herói-Deus. Sugere harmonização das relações pessoais, novo caminho, livrar-se da rotina, abrir-se aos céus.
Eihwaz - Teixo, Poderes Preventivos. Associada as varetas de adivinhação. Sugere paciência, perseverança e previsão. Atrasos, obstáculos e desconfortos são possíveis.
Algiz - Proteção, a Runa do Alce - Mantinha invasores afastados das propriedades. Sugere controle das emoções, novos desafios e oportunidades, novo trabalho, proteção.
Fehu - Bens, Gado. A moeda corrente dos tempos antigos. Sugere plenitude, ambição satisfeita, recompensas recebidas. Desfrutar e partilhar a boa sorte.
Wunjo - A luz, Alegria - Um galho com frutos. Sugere nova claridade, restauração, recebimento de bênçãos, hora de dedicar algum tempo a si mesmo,contentamento.
Jera - Colheita, Um Ano - A estação da fertilidade. Sugere o cultivo cuidadoso do que foi plantado, encorajamento para o sucesso, paciência na espera dos resultados.
Kano - Abertura, Fogo, Archote - Símbolo da adoração ao sol. Sugere abertura, claridade, liberdade, dar e receber sem restrições, abertura nos relacionamentos, seriedade.
Teiwaz - Energia do Guerreiro, Deus Tiw - Runa protetora de escudos e espadas. Sugere moldagem do caráter, perseverança, coragem, dedicação, motivos corretos, maturidade.
Berkana - Crescimento, Renascimento - Um ramo de bétula. Sugere época de crescimento, paciência, , generosidade, modéstia, tenacidade, atitudes corretas.
Ehwaz - Progresso, Movimento - Um cavalo - Sugere transição, movimento, novos lugares, novas atitudes, moradias, nova vida. Crescimento e mudanças em relacionamento.
Laguz - Fluxo, a Água - Líquido do ventre da Grande Mãe. Sugere satisfação das necessidades emocionais, despertar da intuição, o final feliz dos contos de fada.
Hagalaz - Granizo, Forças Destruidoras - O clima frio das terras do norte. Sugere a desintegração que precede o despertar, cair em si, mudança, libertação da psique.
Raido - União, Reunião, Comunicação - Jornada no dorso de um cavalo. Sugere cura pessoal, automodificação e união. Viagem trazendo felicidade. Viagem da alma.
Thurisaz - Portal, Lugar da não-ação - O Deus Thor. Um cetro de abrunheiro. Sugere trabalho a ser feito, parada diante de um portal, desfazer-se do passado, revisão.
Dagaz - Transformação, o Dia - O dia em que o sol está mais poderoso. Sugere transições radicais, período de realização, prosperidade, mudança da rotina, época de transformação.
Isa - Imobilidade, Aquilo que impede - O Gelo do norte do mundo. Sugere atividades úteis congeladas, suspensão dos planos, inverso espiritual, sacrifício pessoal.
Sowelu - Integralidade, Forças Vitais - A energia do Sol. Sugere impulso para auto-realização, retirar-se, recuo oportuno, acautelar-se, buscar a integralidade.

Os povos “bárbaros” da antigüidade - entre eles os vikings - celebravam festivais anuais em comemoração as passagens das estações do ano. Tais festivais, entre os vikings chamados de Festivais da Luz, tinham como objetivo agradecer e incentivar a mãe natureza a continuar produzindo grãos e concedendo fertilidade aos animais.
Um dos mais importantes festivais acontecia no começo do inverno e ainda hoje é comemorado em torno do solstício, 21 de junho. É conhecido como Festival de Yule, Ritual de Inverno ou  Alban Arthan. Sendo o solstício de inverno a noite mais longa do ano, no hemisfério sul o catolicismo transformou esse festival pagão em noite de São João e no hemisfério norte, onde o solstício acontece por volta de 21 de dezembro, no Natal.
Em toda a Europa primitiva, cerimônias agrárias presididas por um deus barbudo e atarracado ocorriam durante os doze dias que sucediam a abertura dos portais do norte, 25 de dezembro. Por ser esse o Festival de Renascimento do Sol, durante esses dias imobilizavam-se todas as rodas, pois as representações do sol deviam ser imóveis. Nos calendários rúnicos da antigüidade, o dia 25 de dezembro era caracterizado por uma roda, que além de representar o sol representa a Roda do Ano, ou seja, a grande roda das estações. Nessa roda, os ciclos das estações são entendidos como os processos de nascimento, crescimento, morte e renascimento de todas as coisas vivas sobre a terra, incluindo o homem. Num drama sagrado, o paganismo mitificou esses processos através da relação da Grande Mãe e da Criança Divina (o deus Cornudo) com a Roda do Ano.
A proximidade do inverno é um período em que a Criança Divina encontra-se no útero da Grande Mãe. Lê-se em Spiral Dance: “Ele dorme em seu ventre e em seus sonhos Ele é o Senhor da Morte que rege a Terra da Juventude. Sua sepultura torna-se o útero do nascimento, pois no meio do inverno a Deusa dará novamente à luz a Ele.” Durante toda a noite do solstício, a mais longa do ano, espera-se o nascimento da Criança Divina, o que acontece ao amanhecer, quando o sol nasce. Diz-se então que o Sol Espiritual (o deus Cornudo) renasceu da escuridão e vem para governar a parte escura do ano - o inverno.
A festa católica que acontece por volta do solstício (no hemisfério norte, local de origem dos festivais) é o Natal e representa o nascimento do Sol Espiritual do catolicismo, Jesus.
Nas comemorações do Yule queima-se carvalho ou acende-se velas vermelhas gravadas com símbolos solares. Os antigos penduravam nas portas o visco e o azevinho, possível  origem dos enfeites de porta do Natal. Enfeitavam ainda árvores com símbolos mágicos para representar os deuses solares - na versão católica, a árvore de natal - e ofereciam presentes sagrados aos deuses - origem dos presentes de Natal. Seus alimentos eram o peru, os bolos de frutas , a gemada e o vinho quente. Para os escandinavos, Santa Claus foi o Cristo na Roda, antigo título para o deus nórdico do sol. Ainda hoje, o deus referenciado nesse Festival é Freyr, o deus viking ligado a paz e a prosperidade.

Freyr ou Jesus, todos os deuses são um só. Alegremo-nos por saber que, não importa qual sejam nossas crenças, em todos os solstícios o Filho da Luz renascerá. Abençoado seja!

Fonte: Mara Barrionuevo para o jornal O Exotérico


Referência bibliográficas:

Spiral Dance - Starhawk
Os Vikings - Gilles Ragache
O Livro de Runas - Ralph Blum


imagens da web

domingo, 7 de setembro de 2014

THE WORLD GODDESS DAY - SEPTEMBER 07th


MORRIGHAN




Blessed be the Morrighan, the Morrigam, the Morrigu
Blessed be the Phantom Queen, Witches Queen
Blessed be the Goddess Triple
Daughters of the Morrighan raise your voice
Chant Her Names in a ryhme
Create a place
A sacred place for you and Her
Listen still and hush thy soul
Listen carefully
You may hear
Her whispers in thy ear.
Blessed be the Kerridwen, Cerridwen
Blessed be the Death Goddess

Blessed be Triple Goddess


KERRIDWEN



Blessed be Kerridwen, Lady of the Cauldron
She's with me
and hugs me
and loves me
and keeps me
as safe as can be
in Her Cauldron of Regeneration
my Goddess, my Mother.
I'm with Her
and hug Her
and love Her
and keep Her
inside my heart
my Goddess, my Mother, Kerridwen

terça-feira, 26 de agosto de 2014

WICCA - As raízes da Antiga Fé


Wicca, ou a Arte dos Sábios, é o termo pelo qual hoje é conhecida a mais antiga prática  religiosa do ocidente, a Antiga Fé ou Bruxaria. A palavra wicca vem do inglês arcaico wicce – dobrar ou moldar, ou de wish, de raiz anglo-saxã, que significa vidente e se relaciona com a palavra inglesa witch – bruxa, originalmente mulher sábia.
A representação mais antiga que se conhece de uma divindade encontra-se na Caverne des Trois Frères, em Ariège e data do final do período paleolítico (Idade da Pedra Lascada - 1 milhão de anos atrás até 10 000 a.C)
A figura é de um homem vestido com a pele de um cervo ou veado, usando na cabeça chifres desse animal, desenhado na parte superior da caverna; abaixo dele e à sua volta há representações de animais pintados de maneira magistral, característica do artista do paleolítico. Levando em conta a posição relativa das figuras, o homem ocupa uma posição dominante e está no ato de realizar uma cerimônia na qual os animais tomam parte. Embora a pintura dos animais esteja localizada onde pode ser facilmente vista por um observador, o homem com chifres só pode ser visto da parte da caverna onde o acesso é mais difícil. Esse fato sugere que um alto grau de divindade era atribuído a essa representação.
De acordo com antropóloga Margaret Murray, seu significado só pode ser compreendido pela analogia, mas os elementos são suficientes para que possamos crer que o homem representa o Deus Encarnado, prestes a realizar uma dança sagrada.
Diz Gerald Gardner em The Meaning of Withcraft: “Ele é o antigo deus fálico da fertilidade que veio dos primórdios do mundo.”

O Deus das Bruxas


Os ritos mágicos primitivos tiveram origem no costume dos homens do paleolítico de vestirem-se para a caçada com pele e cornos de animais, assumindo desse modo o papel de Deus da Caça. A persistência dessa forma ritual foi observada até menos de cem anos, quando os índios Mandan executavam a Dança do Búfalo para o mesmo propósito.
O Homo sapiens sapiens  já vivia há cerca de 40 000 anos, e é o responsável por essas representações, assim como pelas pinturas nas paredes de outras cavernas como  a de Lascaux, na França e de Altamira, na Espanha.
Nesse período a temperatura na Europa caia rapidamente e grandes lençóis de gelo ocupavam a Terra. A glaciação matou a vida vegetal e a sobrevivência dos clãs dependia da caça. As pinturas representavam o espírito dos animais que nossos ancestrais desejavam caçar e foram a primeira forma de magia simpática reconhecida pelos historiadores.
No início de neolítico, os grandes lençóis de gelo retrocederam, e as sociedades nômades de caça deram lugar às sociedades sedentárias. Quando os humanos caçadores-coletores que habitavam as florestas começaram a desenvolver essas sociedades agrícolas, trouxeram consigo as antigas deidades do mundo selvagem. O Deus de cornos de gamo da floresta foi transformado um Deus com cornos de bode dos pastos, provavelmente pela necessidade de se domesticarem animais numa sociedade agrícola. E, nessa sociedade o Deus da floresta tornou-se também o Deus das colheitas.

A Deusa



O foco do antigo culto, no entanto, não era centrado numa forma masculina, mas numa forma feminina. Os primeiros ancestrais da expressão do paganismo cultuavam uma Deusa Mãe que refletia a misteriosa natureza das mulheres, a qual lhes consentia sangrar por dias sem enfraquecer e gerar outra vida humana. E, se a vida provinha da mulher que ‘engravidava dos deuses deitada ao luar’, toda a criação provinha de uma divindade feminina.
O desconhecimento dos homens, até a Idade do Bronze, sobre a relação entre o ato sexual e a concepção, e a crença de que as mulheres engravidavam deitadas ao  luar, estabeleceram um profundo respeito ao feminino e aos mistérios da procriação, dando origem ao conceito do Divino Feminino e ao culto da Deusa Mãe como criadora do mundo.
Embora se ignore se a Deusa existiu primeiro ou se Deusa e Deus evoluíram juntos, é certo que o sucesso da caçada e a sobrevivência dos clãs dependia da fertilidade dos animais e a fertilidade foi e é um dos maiores atributos da Deusa.
Imagens neolíticas de figuras femininas poderosas foram encontradas em dezenas de lugares espalhados pelo planeta, como a Deusa de Willendorf, a do Rio Nilo e a impressionante estatueta de uma mulher dando á luz sentada num trono e cercada por animais, de Çatal Hüyük na Turquia, datada de 5750 a.C

A RELIGIÃO
Para os pagãos, os Deuses são a própria natureza e, por isso, a preservação dela é a essência da Religião da Deusa. O princípio da imanência está em tudo. Ela é onipresente na vida e em cada ser humano. A Antiga Fé não vê a divindade como algo á parte da natureza. Ela é o mundo, a terra, e todas as coisas que existem. Rios, mares, árvores, pedras são a própria divindade manifesta.
O paganismo como religião começou a tomar forma no período mesolítico e se estabeleceu definitivamente entre os povos do neolítico, cuja cultura e sobrevivência estavam diretamente ligadas á terra.
Nessa época, as tribos deixaram a vida nômade para se estabelecerem em comunidades sedentárias agrícolas. Através da observação, pelas mulheres, dos ritmos da terra, a agricultura foi sistematizada pelos homens.
Desenvolveram então rituais sazonais de adoração á natureza observando a própria natureza e a trajetória do sol ao longo do ano. Tais ritos acompanhavam o ciclo das estações, a semeadura, crescimento e colheita das lavouras e fertilidade os animais.
Embora fosse a Deusa foco dos cultos, era em torno da figura do deus que girava a Roda do Ano. Nos ritos, bem como na religião como um todo, o deus personifica o Sol e sua passagem pelo céu. A Deusa personifica a lua e seus ciclos, bem como toda a natureza vegetal. Ela é a mãe, ele o filho/amante; ela a semeadora, ele a semente. Ele é a caça e também o caçador. Ela dá a vida e chama para a morte.  

A Roda do Ano

     
A Roda do Ano, composta por oito rituais, é um síntese de séculos de história, desde os ritos de caça e de culto aos mortos do paleolítico, aos ritos apropriados a fertilidade da terra e dos rebanhos do neolítico. 
São eles:
YULE, o solstício de inverno. A Festa de Renascimento do Sol celebra o nascimento do Deus Sol após a noite mais longa do ano. Ele passa a governar a parte escura do ano.
IMBOLC, o 1º. Festival do Sol. Os campos são purificados e preparados para a semeadura, enquanto se celebra o crescimento da Criança Divina nascida no Yule.
EOSTRE, o equinócio de primavera, tempo da semente brotando na terra. O dia e a noite são iguais e a Criança Divina vai se tornado o jovem caçador.
BELTAINE, o Festival da Fertilidade celebra a força vital da natureza e se acendem os fogos que vão iluminar o caminho do verão. O Deus jovem e a Deusa se unem.
LITHA, o solstício de verão é a época do grão amadurecido. É no ápice que inicia a decadência. A Deusa passa a governar a parte clara, o Deus torna-se adulto.
LAMMAS, o primeiro festival da colheita, comemora a união fértil dos deuses em Beltaine. O Deus adulto de Litha inicia seu processo de amadurecimento.
MABON, o equinócio de outono, celebra segundo festival da colheita. Os frutos da terra são todos colhidos e o Deus começa a envelhecer.
SAMHAIN, o Festival dos Mortos,  marca a volta da estação fria e a morte do Deus, que renascerá em Yule. Acontece em 31 de outubro, dia do Ano Novo Celta.

O Druidismo



A estrutura religiosa de vários povos da antiguidade foi unificada em uma única religião pelos druidas, sacerdotes celtas. Em The Mysteries of Britain, Lewis Spence afirma que os ensinamentos druídicos surgiram de uma combinação da cultura mediterrânea neolítica com as crenças nativas da antiga Bretanha. O Culto aos Mortos, comum ás crenças da Europa Setentrional, teriam sido trazidos por viajantes mediterrâneos, os homens de Long Barrow,  ao litoral britânico por volta de 2000 a.C.
Entre 600 e 500 a.C os celtas invadiram a Europa e se deparam com os cultos.
Com o início da Idade do Ferro, as ilhas britânicas ficaram isoladas e dessa forma as crenças celtas transformaram os ensinamentos importados numa religião única.

A Inquisição



Quando uma Roma cristianizada invadiu a Europa no sec. VII d.C, iniciou-se a conversão dos povos pagãos a nova religião do Cristo.
Cinco séculos mais tarde, aqueles que não aderiram á nova religião passaram a sofrer a perseguição da igreja. Mas foi no ano de 1484 que essa perseguição tornou-se oficial, com a assinatura da Bula de Inocêncio VIII, dando aos inquisidores Heinrich Krames e James Sprenger poderes de vida e morte sobre os pagãos seguidores da Antiga Fé.
Durante 4 séculos, milhares de pessoas foram torturadas e mortas sob o pretexto de servirem ao demônio, genocídio perpetrado na época em que se formavam as nações modernas.
A Santa Inquisição transformou o Deus de Chifres no demônio cristão e o Sagrado Feminino em feiticeiras malignas queimadas em fogueiras.
A Antiga Fé teria sido completamente varrida da história, não fossem os poucos que conseguiram escapar do braço secular da igreja e levado os ensinamentos antigos para as sombras da História.

O paganismo desses povos foi resgatado nos sec XIX e XX por antropólogos como Margaret Alice Murray, Gerald Gardner e Charles Godfrey Leland que escreveu, em 1899, Aradia Golpel of Witches.
Os neo-pagãos chamam de WICCA a Antiga Fé. Mas, mesmo estabelecida como religião, a WICCA tateia no escuro a procura de suas raízes. Afinal, a pré-história nos deixou apenas resquícios de suas civilizações e a História, como sempre, é escrita pelos vencedores.

Esse texto é tão somente a introdução das variadas facetas da Religião da Deusa que serão desenvolvidas aqui, e foi extraído de dois diferentes trabalhos:
O Paganismo, junho/2010 e A Religião da Grande Mãe para o jornal o Exotérico, maio 2002, ambos de autoria de Mara Barrionuevo.

Imagens da Net
Bibliografia recomendada:
Gardner, Gerald – Bruxaria Hoje
Grimassi, Raven – Os Mistérios Wiccanos
Heinrich Krames e James Sprenger – Malleus Maleficarum
Murray, Margaret – The Witch-Cult in Western Europe
Prieto, Claudiney – Wicca A Religião da Deusa

Starhawk – Spiral Dance

terça-feira, 24 de junho de 2014

Os Mistérios do Sangue

Ritual de Reconsagração do Ventre
Os Mistérios do Sangue



O fluxo do sangue e seu cessar são a base dos Mistérios Femininos. O sangue, ou sua ausência, funciona como um sinalizador natural dos estágios de transformação pela qual a mulher irá passar, desde a primeira menstruação até a menopausa, passando pelo sangramento provocado pela ruptura do hímen, até o sangue que é naturalmente vertido no momento do parto.
O período menstrual é um momento mágico onde a mulher recebe a Dádiva da Curadora. As mulheres estão mais naturalizadas com sua natureza psíquica durante a menstruação, pois o sangue tende a absorver a energia astral, tornando-as mais aptas a curar nesse período. Isso acontece porque a doença se manifesta no campo energético antes de se manifestar no físico, e a mulher menstruada pode absorver a energia astral e aterrá-la. O fluxo menstrual funciona como um elo de ligação entre a mulher e a terra.


No período da menopausa, a mulher era chamada Sábia pelos antigos. Reter seu sangue significa reter a energia e transformá-la. Os calorões que acompanham o climatério e a menopausa são, na verdade, a Kundalini em manifestação, despertando e alimentando os Chakras, nossos centros energéticos.
A menopausa é um período de grande poder. Despertar a Dádiva da Sábia é reconectar-se com a sabedoria do universo.

A mulher moderna precisa reconhecer seu poder e honrar seu útero sagrado. O útero é o Cálice da Criação, o caldeirão de gestação de todas as suas criações.

Através do útero geramos não apenas as crianças do futuro. No útero encontra-se nossa capacidade de dar vida a tudo, gestando com cuidado nossos sonhos.
Façamos de nosso poder criador o grande caldeirão da existência.

Os Mistérios do Sangue - Ritual de Reconsagração do Ventre
12 de julho, sábado, das 10hs às 18hs
local: Casa do Sol - Rua Dr. Flores, 245 cj 702 - Porto Alegre - RS
Focalizadora: Mara Barronuevo
Investimento: R$ 120,00
Inscrições até 07 de julho
mara_barrionuevo@hotmail.com - Fone: (51) 9777.1039

domingo, 2 de março de 2014

Origens do Carnaval


Durante três dias ininterruptos, pessoas do mundo inteiro participam da festa mais popular dos últimos séculos. É uma ocasião especial em que pessoas de todas as classes sociais, níveis culturais e situações econômicas “transformam-se” magicamente por três dias naquilo  que gostariam realmente de ser. Os desejos, as fantasias, os ideais tem espaço para manifestarem-se por esse curto período de tempo pelo qual muitos esperam o ano todo.
O Carnaval é definido como o período anual de festas profanas que tem início no Dia de Reis (Epifania) e se estende até a Quarta-feira de Cinzas, véspera da Quaresma. Alguns países tratam o Carnaval de maneira curiosa. Em Portugal, o Carnaval corresponden ao Entrudo, época de se comer carne, em oposição à Quaresma, época de jejuar.  Em alguns países chamam de Carnaval a um boneco grotesco que é queimado e enterrado na Quarta-feira de cinzas. No Brasil, este boneco é Judas, o discípulo traidor.
As origens do Carnaval tem sido buscadas na antiguidade, entre as mais antigas celebrações orgíacas de caráter religioso.
Dentre as possíveis origens atribuídas ao Carnaval estão as Saturninas Romanas, festival religioso que celebrava a entrada da primavera e consequentemente o renovar da natureza, trazendo de volta a vida que foi-se no inverno.
Dois Carnavais foram instituídos com o passar do tempo: o de primavera e o de inverno. Provavelmente a origem do Carnaval de inverno remonta-se aos dois Festivais Celtas, Beltane - o Festival da Primavera -,  e Samhain, o Festival de inverno. São dois momentos considerados sagradas pelas antigas culturas.
Outra possível origem do Carnaval vem dos Mistérios de Elêusis, as festas da Deusa Deméter. Conta a lenda que Deméter era uma das filhas de Gaia, a Grande Deusa que dançando criou o mundo. Junto com seus irmãos, os Titãs, foi condenada a viver nas profundezas da terra. Deméter aprendeu a amar seu lugar de exílio e, quando recebeu a liberdade, tornou-se a Deusa da Natureza. Certo dia sua filha Kore, enquanto apreciava flores, foi sequestrada por Hades, o Senhor do Submundo. Desesperada Deméter procurou por todos os cantos da terra sua filha mas não encontrou. Cansada da busca e travestida de uma velha senhora, estava sentada em uma pedra quando foi vista pelas filhas do Rei de Elêusis, que levaram-na ao palácio de Celeu e Metanira. Lá, Deméter foi encarregada de amamentar Demófon. Para retribuir a hospitalidade do Rei, Deméter resolver tornar Demófon um imortal: todas as noites untava o príncipe com ambrosia e colocava-o para dormir dentro da lareira. Uma noite, não resistindo a curiosidade, a mãe do príncipe escondeu-se para observar a ama e gritou  ao ver seu filho na lareira. Desfez-se o encantamento e Deméter então monstrou-se a Metanira em toda sua glória. Deixou o palácio e procurou Hécate, a feiticeira, para juntas implorarem a Hélios, o Sol, que lhes dissesse o paradeiro de Kore. Hélios disse-lhes que Hades havia raptado Kore, que agora chama-se Perséfone, a Senhora do Submundo. Deméter dirigiu-se então a Zeus, irmãos de Hades, mas Zeus não quiz interferir na atitude do irmão. Deméter, furiosa, fez secar toda a terra, murchar todas as plantas e árvores e proibiu qualquer planta de florescer. Assustado, Zeus pediu a Hades que devolvesse Perséfone à mãe. Hades não pode discordar, mas antes de devolvê-la fez com que a Deusa ingerisse sete sementes de romã. A Lei dizia que aquele que comesse no submundo jamais poderia voltar dele. Assim, ficou decidido que Perséfone passaria nove meses do ano com Deméter e três meses com Hades no submundo.

O mundo voltou a ser verdejante, e para recompensar seus anfitriões de Elêusis Deméter iniciou nos mistérios agrários Demòfon e ensinou-lhe a plantar o trigo que não existia na terra antes disso. Dai nasceram os Ritos ou Mistérios de Elêusis.

Mara Barrionuevo para jornal O Exotérico