Durante três dias ininterruptos, pessoas do mundo
inteiro participam da festa mais popular dos últimos séculos. É uma ocasião
especial em que pessoas de todas as classes sociais, níveis culturais e
situações econômicas “transformam-se” magicamente por três dias naquilo que gostariam realmente de ser. Os desejos,
as fantasias, os ideais tem espaço para manifestarem-se por esse curto período
de tempo pelo qual muitos esperam o ano todo.
O Carnaval é definido como o período anual de festas
profanas que tem início no Dia de Reis (Epifania) e se estende até a
Quarta-feira de Cinzas, véspera da Quaresma. Alguns países tratam o Carnaval de
maneira curiosa. Em Portugal, o Carnaval corresponden ao Entrudo, época de se
comer carne, em oposição à Quaresma, época de jejuar. Em alguns países chamam de Carnaval a um
boneco grotesco que é queimado e enterrado na Quarta-feira de cinzas. No
Brasil, este boneco é Judas, o discípulo traidor.
As origens do Carnaval tem sido buscadas na
antiguidade, entre as mais antigas celebrações orgíacas de caráter religioso.
Dentre as possíveis origens atribuídas ao Carnaval
estão as Saturninas Romanas, festival religioso que celebrava a entrada da
primavera e consequentemente o renovar da natureza, trazendo de volta a vida
que foi-se no inverno.
Dois Carnavais foram instituídos com o passar do
tempo: o de primavera e o de inverno. Provavelmente a origem do Carnaval de
inverno remonta-se aos dois Festivais Celtas, Beltane - o Festival da Primavera
-, e Samhain, o Festival de inverno. São
dois momentos considerados sagradas pelas antigas culturas.
Outra possível origem do Carnaval vem dos Mistérios
de Elêusis, as festas da Deusa Deméter. Conta a lenda que Deméter era uma das
filhas de Gaia, a Grande Deusa que dançando criou o mundo. Junto com seus
irmãos, os Titãs, foi condenada a viver nas profundezas da terra. Deméter
aprendeu a amar seu lugar de exílio e, quando recebeu a liberdade, tornou-se a
Deusa da Natureza. Certo dia sua filha Kore, enquanto apreciava flores, foi
sequestrada por Hades, o Senhor do Submundo. Desesperada Deméter procurou por
todos os cantos da terra sua filha mas não encontrou. Cansada da busca e
travestida de uma velha senhora, estava sentada em uma pedra quando foi vista
pelas filhas do Rei de Elêusis, que levaram-na ao palácio de Celeu e Metanira.
Lá, Deméter foi encarregada de amamentar Demófon. Para retribuir a
hospitalidade do Rei, Deméter resolver tornar Demófon um imortal: todas as
noites untava o príncipe com ambrosia e colocava-o para dormir dentro da
lareira. Uma noite, não resistindo a curiosidade, a mãe do príncipe escondeu-se
para observar a ama e gritou ao ver seu
filho na lareira. Desfez-se o encantamento e Deméter então monstrou-se a
Metanira em toda sua glória. Deixou o palácio e procurou Hécate, a feiticeira,
para juntas implorarem a Hélios, o Sol, que lhes dissesse o paradeiro de Kore.
Hélios disse-lhes que Hades havia raptado Kore, que agora chama-se Perséfone, a
Senhora do Submundo. Deméter dirigiu-se então a Zeus, irmãos de Hades, mas Zeus
não quiz interferir na atitude do irmão. Deméter, furiosa, fez secar toda a
terra, murchar todas as plantas e árvores e proibiu qualquer planta de
florescer. Assustado, Zeus pediu a Hades que devolvesse Perséfone à mãe. Hades
não pode discordar, mas antes de devolvê-la fez com que a Deusa ingerisse sete
sementes de romã. A Lei dizia que aquele que comesse no submundo jamais poderia
voltar dele. Assim, ficou decidido que Perséfone passaria nove meses do ano com
Deméter e três meses com Hades no submundo.
O mundo voltou a ser verdejante, e para recompensar
seus anfitriões de Elêusis Deméter iniciou nos mistérios agrários Demòfon e
ensinou-lhe a plantar o trigo que não existia na terra antes disso. Dai
nasceram os Ritos ou Mistérios de Elêusis.
Mara Barrionuevo para jornal O Exotérico
Mara Barrionuevo para jornal O Exotérico