Vikings
Numa vizinhança bastante próxima ao Círculo Polar
Ártico, no extremo norte do Velho Mundo, uma região deu origem a mitos e lendas
sobre gigantes do gelo, kobolds e anões. Deu ainda à humanidade um de seu
filhos mais brilhantes, Hans Christian Andersen, o famoso dinamarquês autor de
inúmeras histórias infantis como A
Pequena Sereia, O Patinho Feio e O Soldadinho de Chumbo.
Tal região, que de tão pequena possui área menor do
que o estado do Mato Grosso, é hoje
conhecida como Escandinávia e compreende os países da Dinamarca, Suécia e
Noruega. Mas não foram apenas as maravilhosas histórias de Andersen que fizeram
a fama da Escandinávia. Muito antes dele, bravos guerreiros já espalhavam pelo mundo a cultura dos
marinheiros do gelo conhecidos como vikings.
Há 14 mil anos atrás esses guerreiros do gelo -
muitas vezes divididos em grupos rivais - já começavam a avançar em direção ao
norte do planeta na medida em que a imensa capa de gelo que cobria a região da
Escandinávia ia desaparecendo. Fixando-se ali, passaram a conquistar
progressivamente imensas regiões que a princípio incluíram a maior parte das
Ilhas Britânicas. Cruzaram audaciosamente o Atlântico Norte a bordo de seus dracares, barcos grandes e bonitos e povoaram regiões distantes
como a longínqua Islândia a partir do ano de 825 e a Groenlândia em 985.
Chegaram a aportar na América do Norte no ano de 992, cinco séculos antes de
Colombo. A bordo de seus estranhos e
belos barcos de fundo chato, se deslocavam com uma habilidade e coragem
assombrosas. Na Europa continental, os atrevidos guerreiros sitiaram Paris em
845 e saquearam sem parar França, Portugal, Espanha e norte da África.
Conseguiram do rei Carlos da França no ano de 911 uma região inteira, à qual
deram seu nome - a Normandia ou terra dos
homens do norte e o reconhecimento de seu duque Rollon como o primeiro
duque da Normandia. No apogeu de suas conquistas, anexaram ao reino escandinavo
a Bretanha, a Normandia, a Sicília e a Rússia. Estabeleceram ainda comércio com
Bizâncio, Pérsia e Índia, trocando peles, couro e minério por algodão, vinho e
cereais.
Durante o inverno os vikings ficavam em casa
cuidando das ovelhas. Somente no verão se afoitavam pelos mares, sem proteção
para o neve ou o frio. E nessas ocasiões se revelavam destemidos guerreiros, de
uma audácia quase insana.
Ao contrário da imagem que foi popularizada, os
vikings não usavam capacetes com chifres nem eram brutamontes. Possuíam uma
estrutura social bastante semelhante aos celtas, onde encontravam-se no topo da
pirâmide os reis, na base os escravos e entre os dois estágios, os
agricultores. Possuíam ainda um grupo à parte, os juizes - homens sábios da
comunidade - que formavam o Parlamento, chamado Ting, responsável pelas principais decisões. O atual governo da
Escandinávia, com sua monarquia parlamentar, tem raízes na organização social
dos vikings. Provavelmente porisso a realeza nórdica em muitos aspectos sempre
foi bastante diferente da britânica. A atual herdeira do trono dinamarquês,
Margrethe II, é tataraneta do rei viking Gorm, o Velho.
A religião praticada pelos vikinks era rica em
deuses rudes e violentos, correspondentes aos sonhos desses guerreiros. Ainda
assim, exceto pela descrição de um templo situado em Uppsala, na Suécia, não
existem vestígios de arquitetura religiosa além de alguns grandes túmulos
cercados de pedras. Ao que parece, esse povo jamais sentiu necessidade de
erguer templos ou locais de sacrifício, pois quando necessitavam reunir-se para
a realização de assembléias ou sacrifícios o faziam sob árvores gigantescas, em
geral o freixo. A explicação para esse fato parece basear-se na vida integrada
com a natureza que o povo levava.
Além de não possuírem templos, não possuíam
sacerdotes ou chefes religiosos de nenhuma espécie, nada semelhante a faraós,
papas ou druidas. A “autoridade” religiosa era em geral exercida pelos anciãos
ou guerreiros considerados mais sábios. Ainda assim, cada um rezava a sua
maneira, normalmente dentro de sua própria casa e sem nenhuma doutrina precisa.
Alguns possuíam estatuetas as quais dirigiam suas preces e pequenos sacrifícios
e talvez porisso fosse grande a diferença religiosa entre os clãs.
Alguns escritores, como Michael Howard, afirmam
terem existido entre os vikings rituais de iniciação nos Mistérios Odínicos
(mistérios do deus Odin) onde o iniciado era pendurado num teixo. Odin era um
deus pai viking ao qual a lenda atribui a descoberta das Runas, o alfabeto nórdico considerado mágico, com 24 glifos
conhecido hoje por Futhark.
Anterior a esse alfabeto mágico, o povo germânico
empregava símbolos talhados em rocha como forma de escrita, provavelmente
relacionados aos cultos indo-europeus dedicados à fertilidade. Tais símbolos
incluem figuras representando homens, animais, partes do corpo humano, armas,
símbolos solares e suásticas, entre outros.
Entre suas crenças, provavelmente estava a da vida
além da morte. Os incríveis barcos dracares
eram muitas vezes convertidos em féretros sob os quais os nobres eram
enterrados levando consigo jóias, roupas, calçados, instrumentos musicais,
animais e até mesmo escravos que
deveriam permanecer servindo-os após a morte.
No decorrer de suas conquistas essas praticas foram
desaparecendo. Os vikings foram tomando contato com o catolicismo até que no
ano de 966 Harald do Dente Azul se
batizou. A partir daí, os vikings foram pouco a pouco se convertendo ao
cristianismo.
Ainda hoje a influência da mitologia dos navegadores
vikings se faz sentir pela Europa, principalmente nas festividades e no
calendário. Assim, a terça-feira é tuesday
que significa o dia de Tyr, um dos
deuses nórdicos. A quarta-feira é Wednesday,
dia de Woden ou Odin e a sexta-feira é friday, dia da deusa Freya. Na Alemanha, a quarta-feira é donnerstag, dia de Donar ou Thor.
A tradição dos festivais de solstícios e equinócios
para alguns historiadores é atribuída aos vikings e muitos afirmam que a Festa
de São João, bem como muitas outras festividades cristãs tem como origem a
Festa da Luz dos nórdicos. Nessas festividades, bem como nos calendários europeu
e americano, sobreviveram a tradição e a mitologia desses destemidos
navegadores do gelo que brindavam conquistas bebendo no crânio do inimigo. Skuld !
Deuses e
Gigantes
A Criação
Conta a lenda viking que no começo não havia terra,
céu ou mar, somente o vazio, Ginnungagap.
Primeiros a surgir, os reinos de Muspell
- o fogo e Niflheim - o gelo se
espalharam. O ar começou a ficar morno e o gelo a derreter e tomar a forma do
gigante Ymir, que era mau. Enquanto o
gigante dormia começou a suar e de suas pernas e braço esquerdo nasceram três
gigantes congelados, um feminino e dois masculinos. Depois disso o gelo
derretido criou uma vaca chamada Audhumla,
das tetas da qual fluíam quatro rios de leite que alimentavam Ymir. Audhumla se nutria lambendo o gelo salgado e lambendo desenterrou Buri que era forte e belo e tinha um
filho chamado Bor. Bor casou-se com Bestla, filha de um dos gigantes gelados. Tiveram três filhos que
por sua vez deram origem aos deuses e vikings: Odin, Vili e We. Odin e seus irmãos mataram Ymir e de tanto sangue afogaram-se os
outros gigantes gelados, com exceção de Bergelmir
e sua mulher. Da carne de Ymir
fizeram a terra, de seus ossos e dentes as rochas e pedras, de seu sangue os
rios e lagos. A terra foi feita em forma de círculo e para os gigantes deram o
reino de Utgard. Para eles mesmos
estabeleceram o reino de Asgard.
Caminhando pelo oceano recém criado, Odin
e seus irmãos viram dois troncos. Odin
lhes deu respiração e vida, Vili
cérebros e sentimentos, We lhes deu
audição e visão. Criaram assim o primeiro homem, Ask e a primeira mulher, Embla
e Midgard foi seu lar. Deles
descende a humanidade.
Abaixo de Midgar,
o reino dos homens, está Niflheim, o
gélido reino da morte. Acima está Asgard,
o reino dos deuses, de onde Odin
cuida do mundo. Asgard e Midgard são ligados por uma ponte em
forma de arco-íris chamada Bifrost. E
no centro de todos os reinos esta o freixo gigante Yggdrasil, a árvore do mundo cujos ramos em dão sombra e as raízes
o suportam. Yggdrasil possui três
raizes: uma em Niflheim, onde a
serpente Nidhogg se alimenta dos
cadáveres, uma em Asgard onde moram as Nornes
- as três velhas que governam o destino dos homens e que mantém Yggdrasil
viva, e uma em Jotunheim, a terra dos
gigantes.
Os Deuses
Além dos deuses da Criação, um grande grupo de
deuses ocupava o panteão viking. Vigorosos, passavam o tempo todo lutando,
comendo e bebendo, abandonando-se em intermináveis festas. Eram sem dúvida um
reflexo do povo que os adorava.
Thor é o deus do céu e do trovão, o mais poderoso dos
deuses nórdicos. Filho de Odin e da
terra, ele conduz uma carruagem puxada
por dois bodes e possui três grandes tesouros: um cinto que dobra a sua força,
um terrível martelo, Miollnir, com o
qual despedaça seus inimigos e um par de luvas de ferro que ele precisa usar
para segurar o martelo. É o guardião sagrado de Asgard e das casas de seus adoradores.
Loki é o deus trapaceiro, filho dos gigantes Farbauti e Laufey e irmão de criação de Odin.
Suas brincadeiras causavam problemas e foi ele quem provocou a morte de Balder. Tem três filhos: Fenris-Lobo, a serpente de Midgard que dá volta ao mundo e Sleipnir, o corcel de oito patas de Odin. É ele quem conduzirá os gigantes
contra os deuses na batalha final de Ragnarok.
Balder era o sábio e belo filho de Odin e Frigg e o mais
estimado dos deuses. Todas as coisas vivas, menos o visco, juraram não
machucá-lo. Através da malícia de Loki,
Balder foi morto com esse visco por
seu irmão, o deus cego Hoder. Após a
batalha final de Ragnarok, Balder voltará para liderar a
humanidade.
Frigg é a deusa do parto e da fertilidade, possivelmente
uma versão Mãe Terra. Esposa de Odin,
podia como ele prever o futuro.
Freyja era a deusa do amor, da fertilidade e das videntes,
a mais bela das deusas. Sua propriedade mais preciosa é o colar Brisingamen, que ela ganhou dos anões.
Transforma-se freqüentemente em falcão e viaja numa carruagem puxada por dois
gatos.
Freyr era um deus da fertilidade, irmão de Freyja. Possuia um navio mágico, Skidbladnir que podia acomodar todos os
deuses. Apaixonou-se por Gerd, a
filha de um gigante. Cortejá-la custou-lhe a espada e porisso vai desarmado
para a batalha de Ragnarok.
Heimdall é o vigia de Asgard e Bifrost, a ponte do
arco-íris. É ele quem irá soprar o chifre Gjall
para assinalar o início da última grande batalha entre deuses e gigantes.
Midgard a serpente é um dos monstruosos filhos de Loki e da giganta Angrboda. Essa serpente rodeia o mundo dos seres humanos e será
morta por Thor em Ragnorak.
Nornes são as três deusas do destino que regam as raízes
de Yggdrasil. Seus nomes são Urd, Skulk e Verdandi e significam
Destino, Ser e Necessidade.
Tyr é o deus da guerra. Sacrificou sua mão esquerda
enquanto amarrava o Fenris-Lobo com o
grilhão mágico Gleipnir, feito pelos
anões.
Valquírias são guerreiras filhas de Odin. Esperam os guerreiros mortos no Vahalla. Cavalgam para as batalhas
concedendo vitória ou derrota, conforme a vontade do pai.
Ragnarok - Uma visão do fim
do mundo
Como todos os povos, os vikings tinham sua própria
visão do fim do mundo, o qual acontecerá numa batalha chamada Ragnarok, que eles chamavam idade da
espada, do vento, do machado. A lenda diz que Fenris-Lobo se libertará de seus grilhões e com as mandíbulas
abertas lutará ao lado de Surt e Midgard, a serpente, que por sua vez
espalhará veneno por toda terra e todo o mar. Então, Heimdall tocará seu chifre
a os deuses se dirigirão para a batalha. Thor destruirá a serpente mas cairá
morto por sue veneno. Odin será engolido pelo Fenris-Lobo e seu filho Vidar,
como vingança, partirá o lobo ao meio. Heimdall e Loki se destruirão
mutuamente. A terra será submergida pelo mar e o sol escurecerá, enquanto o céu
queima e as estrelas caem. A morte alcançará a todos: deuses, gigantes, anões,
homens e mulheres.
Mas dois, Lif e Lifthrasir, escondidos em Yggdrasil
se salvarão. Serão alimentados pelo orvalho da manhã e a partir deles a humanidade renascerá. Balder
e Holder, filhos de Odin, voltarão a viver, enquanto que os rios se encherão
novamente de peixes e os campos de trigo. Os humanos encontrarão na grama o
tabuleiro de ouro onde os deuses jogavam seus jogos e, admirados, lembrarão de
Odin e dos palácios dourados de Asgard.
Runas - O
Alfabeto Mágico dos Vikings
O alfabeto rúnico, considerado mágico, é uma antiga
forma de escrita das tribos germânicas introduzidas da Grã-Bretanha pelos
invasores anglo-saxões. As runas não se parecem em nada com o alfabeto
tradicional e representam tanto palavras quanto sons, em semelhança com o
alfabeto hebraico. Há muitos tipos diferentes de alfabetos e letras rúnicas ,
sendo provavelmente o mais conhecido o Futhark ou Fupark. Esse alfabeto rúnico
consiste de 24 runas divididas em 3 grupos de oito, chamados Oito de Freyja,
Oito de Hagal e Oito de Tiw. A seqüência do Futhark foi encontrada no século V
gravada numa pedra na Suécia. Achados arqueológicos deixam claro que o alfabeto
germânico original possuía 24 runas, mas o antigo alfabeto rúnico inglês
aumento para 29, memso número de runas seguidas de verso no famoso Poema Rúnico inglês. Há também
evidencias de um acréscimo posterior de mais quatro runas, perfazendo um total
de 33.
Enquanto o alfabeto rúnico inglês foi ampliado o
escandinavo passou por várias reduções, terminando por contar com 16 runas.
Essas dezesseis aparecem tanto no Poema Rúnico
islandês como no norueguês. Os poemas rúnicos podem ser considerados a forma
usada para auxiliar a memorização do significado das runas, que caíram em
desuso pela introdução do latim. Os versos do Poema Rúnico norueguês dão ainda uma imagem crítica da sociedade e
ambiente em forma de aforísmos, enquanto que o Poema Rúnico inglês é considerado descritivo.
Enquanto que origem histórica das runas é obscura,
sua origem mitológica é bastante conhecida: conta a lenda que foram descobertas
pelo deus Odin, descrito como um homem alto, magro, vestido com uma longa capa.
A face de Odin é dura; tem apenas um olho fixado à distância. Seu outro olho é
coberto por um chapéu mole de abas largas. Traz consigo um ramo de abrunheiro e
é acompanhado por um corvo e um lobo. Afirma-se que Odin obteve o conhecimento
das runas por um ato de supremo sacrifício: permaneceu suspenso por nove dias e
nove noites em Yggdrasil, empalado por sua própria lança para obter a sabedoria
proibida. Ao final do nono dia, olhanto para baixo Odin encontrou as runas.
Bebeu também do caldeirão da inspiração do deus Mimer e o preço que pagou pela
sabedoria foi a perda de um olho. Na antigüidade as runas eram lançadas pelos
xamãs. Hoje, aquele que lança as runas é chamado runemal . As runas podem ser usadas como oráculo, pois cada uma
trás uma mensagem que pode ser usada na arte divinatória.
Significado
das Runas do alfabeto Futhark
Mannaz - Homem, o Eu - Refere-se a
raça humana ou a um membro da tribo. Sugere modéstia e devoção, receptividade à
vida e quietude, alegria por executar suas tarefas.
Gebo - Associação - Refere-se a
uma oferenda aos deuses. Sugere casamento ou consolidação de relações antigas,
uniões igualitárias onde exerce-se a dádiva da liberdade.
Ansuz - Mensagens, Sinais - É a
runa do Deus Loki ou de Odin. Sugere o recebimento de mensagens, o dom da
comunicação, sabedoria através do contato com os deuses.
Othila - Separação, terras ou
propriedade herdadas. Sugere um época de caminhos separados, rupturas radicais,
desistências. Também aquisições imobiliárias.
Uruz - Força, o Boi Selvagem.
Significa término e novos começos. Sugere força, boa fortuna e progresso, mas
para isso pede a morte de formas antigas, renovação.
Perth - Iniciação, Assuntos
secretos - Essa runa pende para o desconhecido. Sugere forças poderosas em
ação, renovação do espírito, ganhos materiais inesperados.
Nauthiz - Sujeição. A necessidade
que levava os vikings praticar feitos
impossíveis. Sugere necessidade de lutar, precaver-se. Hora de restaurar o
equilíbrio, perseverar.
Inguz - Fertilidade, os Novos
Começos - Esta associada a Ing, o Herói-Deus. Sugere harmonização das relações
pessoais, novo caminho, livrar-se da rotina, abrir-se aos céus.
Eihwaz - Teixo, Poderes
Preventivos. Associada as varetas de adivinhação. Sugere paciência,
perseverança e previsão. Atrasos, obstáculos e desconfortos são possíveis.
Algiz - Proteção, a Runa do Alce
- Mantinha invasores afastados das propriedades. Sugere controle das emoções,
novos desafios e oportunidades, novo trabalho, proteção.
Fehu - Bens, Gado. A moeda
corrente dos tempos antigos. Sugere plenitude, ambição satisfeita, recompensas
recebidas. Desfrutar e partilhar a boa sorte.
Wunjo - A luz, Alegria - Um galho
com frutos. Sugere nova claridade, restauração, recebimento de bênçãos, hora de
dedicar algum tempo a si mesmo,contentamento.
Jera - Colheita, Um Ano - A
estação da fertilidade. Sugere o cultivo cuidadoso do que foi plantado,
encorajamento para o sucesso, paciência na espera dos resultados.
Kano - Abertura, Fogo, Archote -
Símbolo da adoração ao sol. Sugere abertura, claridade, liberdade, dar e
receber sem restrições, abertura nos relacionamentos, seriedade.
Teiwaz - Energia do Guerreiro,
Deus Tiw - Runa protetora de escudos e espadas. Sugere moldagem do caráter,
perseverança, coragem, dedicação, motivos corretos, maturidade.
Berkana - Crescimento, Renascimento
- Um ramo de bétula. Sugere época de crescimento, paciência, , generosidade,
modéstia, tenacidade, atitudes corretas.
Ehwaz - Progresso, Movimento - Um
cavalo - Sugere transição, movimento, novos lugares, novas atitudes, moradias,
nova vida. Crescimento e mudanças em relacionamento.
Laguz - Fluxo, a Água - Líquido
do ventre da Grande Mãe. Sugere satisfação das necessidades emocionais,
despertar da intuição, o final feliz dos contos de fada.
Hagalaz - Granizo, Forças
Destruidoras - O clima frio das terras do norte. Sugere a desintegração que
precede o despertar, cair em si, mudança, libertação da psique.
Raido - União, Reunião,
Comunicação - Jornada no dorso de um cavalo. Sugere cura pessoal,
automodificação e união. Viagem trazendo felicidade. Viagem da alma.
Thurisaz - Portal, Lugar da não-ação
- O Deus Thor. Um cetro de abrunheiro. Sugere trabalho a ser feito, parada
diante de um portal, desfazer-se do passado, revisão.
Dagaz - Transformação, o Dia - O
dia em que o sol está mais poderoso. Sugere transições radicais, período de
realização, prosperidade, mudança da rotina, época de transformação.
Isa - Imobilidade, Aquilo que
impede - O Gelo do norte do mundo. Sugere atividades úteis congeladas,
suspensão dos planos, inverso espiritual, sacrifício pessoal.
Sowelu - Integralidade, Forças
Vitais - A energia do Sol. Sugere impulso para auto-realização, retirar-se,
recuo oportuno, acautelar-se, buscar a integralidade.
Os povos “bárbaros” da antigüidade - entre eles os
vikings - celebravam festivais anuais em comemoração as passagens das estações
do ano. Tais festivais, entre os vikings chamados de Festivais da Luz, tinham
como objetivo agradecer e incentivar a mãe natureza a continuar produzindo
grãos e concedendo fertilidade aos animais.
Um dos mais importantes festivais acontecia no
começo do inverno e ainda hoje é comemorado em torno do solstício, 21 de junho.
É conhecido como Festival de Yule, Ritual de Inverno ou Alban Arthan. Sendo o solstício de inverno a
noite mais longa do ano, no hemisfério sul o catolicismo transformou esse
festival pagão em noite de São João e no hemisfério norte, onde o solstício
acontece por volta de 21 de dezembro, no Natal.
Em toda a Europa primitiva, cerimônias agrárias
presididas por um deus barbudo e atarracado ocorriam durante os doze dias que
sucediam a abertura dos portais do norte,
25 de dezembro. Por ser esse o Festival de Renascimento do Sol, durante esses
dias imobilizavam-se todas as rodas, pois as representações do sol deviam ser
imóveis. Nos calendários rúnicos da antigüidade, o dia 25 de dezembro era
caracterizado por uma roda, que além de representar o sol representa a Roda do
Ano, ou seja, a grande roda das estações. Nessa roda, os ciclos das estações
são entendidos como os processos de nascimento, crescimento, morte e
renascimento de todas as coisas vivas sobre a terra, incluindo o homem. Num
drama sagrado, o paganismo mitificou esses processos através da relação da
Grande Mãe e da Criança Divina (o deus Cornudo) com a Roda do Ano.
A proximidade do inverno é um período em que a
Criança Divina encontra-se no útero da Grande Mãe. Lê-se em Spiral Dance: “Ele dorme em seu ventre e
em seus sonhos Ele é o Senhor da Morte que rege a Terra da Juventude. Sua
sepultura torna-se o útero do nascimento, pois no meio do inverno a Deusa dará
novamente à luz a Ele.” Durante toda a noite do solstício, a mais longa do ano,
espera-se o nascimento da Criança Divina, o que acontece ao amanhecer, quando o
sol nasce. Diz-se então que o Sol
Espiritual (o deus Cornudo) renasceu da escuridão e vem para governar a parte escura do ano - o inverno.
A festa católica que acontece por volta do solstício
(no hemisfério norte, local de origem dos festivais) é o Natal e representa o
nascimento do Sol Espiritual do
catolicismo, Jesus.
Nas comemorações do Yule queima-se carvalho ou
acende-se velas vermelhas gravadas com símbolos solares. Os antigos penduravam
nas portas o visco e o azevinho, possível
origem dos enfeites de porta do Natal. Enfeitavam ainda árvores com
símbolos mágicos para representar os deuses solares - na versão católica, a
árvore de natal - e ofereciam presentes sagrados aos deuses - origem dos
presentes de Natal. Seus alimentos eram o peru, os bolos de frutas , a gemada e
o vinho quente. Para os escandinavos, Santa
Claus foi o Cristo na Roda,
antigo título para o deus nórdico do sol. Ainda hoje, o deus referenciado nesse
Festival é Freyr, o deus viking ligado a paz e a prosperidade.
Freyr ou Jesus, todos os deuses são um só.
Alegremo-nos por saber que, não importa qual sejam nossas crenças, em todos os
solstícios o Filho da Luz renascerá. Abençoado seja!
Fonte: Mara Barrionuevo para o jornal O Exotérico
Referência bibliográficas:
Spiral Dance - Starhawk
Os Vikings - Gilles Ragache
O Livro de Runas - Ralph Blum
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Fonte: Mara Barrionuevo para o jornal O Exotérico
Referência bibliográficas:
Spiral Dance - Starhawk
Os Vikings - Gilles Ragache
O Livro de Runas - Ralph Blum
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