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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Roda do Ano


Apaixonado, o Deus Galhudo mudando de forma e mudando de rosto, busca sempre a Deusa. Neste mundo, a procura e a busca surgem na Roda do Ano.

Ela é a Grande Mãe que dá à luz ele como a Divina Criança do Sol, no solstício de inverno. Na primavera, ele é semeador e semente que germina com a luz crescente, verde como os novos brotos. Ela é a iniciadora que ensina a ele os mistérios. Ele é o jovem touro; ela a ninfa, sedutora. No verão, quando a luz é mais duradoura unem-se, e a força de sua paixão sustenta o mundo. Mas a face do deus escurece à medida em que o sol enfraquece, até que, finalmente, quando o grão é colhido ele também se sacrifica a fim de que todos possam ser nutridos. Ela é a ceifeira, o túmulo da terra ao qual todos devem retornar. Durantes as longas noites e dias que escurecem, ele dorme em seu ventre; em seus sonhos, ele é o Senhor da Morte que rege a Terra da Juventude, além dos portais da noite e do dia. Sua sepultura escura torna-se o útero do renascimento, pois no meio do inverno ela dá, novamente, à luz ele.

O Ciclo termina e começa outra vez e a Roda do Ano gira, ininterruptamente.

(The Spiral Dance)



Uma das mais importantes conquistas na formação das primeiras civilizações humanas estabeleceu-se no Neolítico, como consequência das grandes transformações no clima e na vegetação. Com temperaturas mais amenas, a prática da caça deu lugar à agricultura e à domesticação animal. Por volta de 6.500 a.C, o processo de sedentarização do homem passou a se estabelecer gradualmente.

O domínio da natureza e dos animais se deu através da observação da própria natureza. O ciclo de procriação dos animais e o caminho do sol no céu foram relacionados às mudanças de temperatura ao longo de períodos, e determinavam as épocas de semeadura e colheita.

O Deus de cornos de gamo da floresta foi transformado no Deus dos pastos e a Grande Mãe na Senhora da Colheita.

Buscando o equilíbrio com os Deuses e com os ritmos da natureza, nossos ancestrais harmonizaram os ciclos em oito rituais que contam o mito do nascimento, vida, morte e renascimento do Deus, refletidos nos ciclos da natureza. Chamamos a esses ritos de Festivais do Sol, e são eles que compõem, juntos, a Roda do Ano:

Yule – Solstício de Inverno – (HN: 22/12 – HS:21/06)

É o Festival do Renascimento do Sol, a noite mais longa do ano. Nessa noite, a Deusa dá à luz o Deus, que passa a governar a parte escura do Ano. Yule celebra o nascimento do Deus.

Imbolc – (HN: 01/02 – HS: 01/08)

O Primeiro Festival do Fogo é a festival de purificação dos campos e celebra a proximidade da primavera, os novos começos e o afastamento do antigo, simbolizado pela varredura. Em Imbolc, os campos começam a ser preparados para o plantio. Imbolc celebra a infância do Deus.

Eostre – Equinócio de Primavera (HN: 20/03 – HS: 23/09)

É o Festival das Árvores, o tempo da semente, da vida brotando na terra, o rito de fertilidade que celebra a chegada da primavera. O equinócio é um momento de equilíbrio, onde o dia e a noite (luz e escuridão) são iguais. Eostre marca a adolescência do Deus.

Beltaine – (HN:01/05 – HS: 31/10)

É o Festival da Fertilidade. Celebra a união da Deusa com seu consorte, bem como a força vital da natureza: o “jovem rei” mata o “velho rei” Nesse festival são acesos os fogos de Beltaine para iluminar o caminho em direção ao verão. Beltaine celebra a plena juventude do Deus, se unindo em amor à Deusa.

Litha – Solstício de Verão – (HN: 21/06 – HS: 21/12)

É o segundo Festival do Fogo e a época do grão amadurecido. A Deusa passa a governar a parte clara do ano. Simboliza o término do reinado do Deus do Ano Crescente – Deus Carvalho, e o começo do reinado do Deus do Ano Decrescente – Deus Azevinho. É tempo de colheita de ervas mágicas, adivinhação, ritos de cura e colheita do orvalho. Litha celebra o amadurecimento do Deus.

Lammas – (HN: 01/08 – HS: 02/02)

É o primeiro Festival da Colheita, a Festa do Pão para os católicos. Faz-se o pão com os primeiros grãos colhidos. Lammas comemora o resultado da fértil união entre a Deusa e o deus em Beltaine. O termo “crescimento de Lammas” significa que os carvalhos estão ganhando folhas novas. Em Lammas, o Deus começa a perder a vitalidade.

Mabon – Equinócio de Outono (HN: 23/09 – HS: 20/03)

É o segundo Festival da Colheita, ou término da colheita. É tempo de alegria e medo, de agradecer e meditar. Na mitologia grega, esse foi o dia em que Hades raptou Kore. Mabon celebra o envelhecimento do Deus.

Samhain – (HN: 31/10 – HS: 01/05)

É o Festival dos Mortos e o Ano Novo Celta, a festa de Samana, o Senhor da Morte. Os mortos deveriam esperar Samhain para passarem para o País do Verão. Nesse dia, os véus que dividem os mundos são tênues. Lanternas de abóboras em forma de crânios são usadas para assustar os fantasmas. Acendem-se fogueiras para guiar os mortos, ou fornos que se mantêm acesos até a primavera. Samhain marca a proximidade do inverno e o sacrifício do Deus, que volta ao útero da Deusa para renascer no próximo Yule.

Embora a Roda do Ano tenha início em Yule, a ‘nossa Roda’ começa aqui hoje, celebrando o Imbolc.

Imbolc

A palavra Imbolc significa “apressar-se” e, como todos os outros festivais, tem vários nomes: Imbolg (no ventre), Oimelc (em leite), Candlemas (massa de velas), Treguenda Lupercalia ou Bridget.

O Festival de Imbolc acontece exatamente 40 dias após o Yule. Esse é o período de tempo de recuperação da Deusa após o parto da Criança Solar e deu, provavelmente, origem a quarentena pós-parto. Na Roda do Ano, Imbolc é o oposto de Lammas, e festeja a Deusa como Donzela novamente. Na natureza, é o princípio da luz penetrando na escuridão do inverno e abrindo caminho para a primavera.

Nesta data, os novos adeptos da Antiga Fé são iniciados e os votos das Sacerdotisas são confirmados. Nos círculos que seguem a Tradição de graus de iniciação, é o momento de conferir um novo àquele que já foi iniciado.

Um dos nomes mais tradicionais desse sabbath é Bridget ou Brigith. Brigith é a tríplice Deusa Irlandesa do Fogo, da inspiração, da metalurgia e da cura e padroeira das fontes sagradas. É homenageada com fogueiras, coroa de velas e rodas solares. As lendas celtas descrevem-na como a Donzela que toca com seu bastão mágico, a terra congelada pelo Cajado da Anciã, despertando-a para a vida e aumentando a luz do dia.

Além de ser um dos oito Festivais do Fogo, é regido pela Deusa do Fogo, o que torna esse o momento mais propício para ritos de purificação. Nas casas e nos círculos mágicos se faz a varredura ritual, a limpeza do antigo que deve dar lugar ao novo. Nos campos, os pagãos saiam em procissão com tochas a fim de purificar a terra para que a semente pudesse germinar, ou uma nova semeadura fosse feita.

Na maioria das Tradições pagãs é costume confeccionar a Cruz de Brigith, uma cruz de quatro braços trançada em feixes de palha, ou a Brigith Doll, uma boneca feita com feixes de trigo ou aveia. Por ser Brigith uma Deusa da cura, ainda hoje, em diversos lugares da Europa, pagãos amarram fitas ou pedaços de pano em árvores próximas a essas fontes, pedindo saúde ou a cura de seus males.

A versão romana do Imbolc era a Lupercalia e os festejos para Frebrua e Diana. Para os povos nórdicos, era o dia da comemoração do Disting, o momento de enterrar energias negativas e as dificuldades do inverno e acender fogueiras para purificar a terra.

A atmosfera de Imbolc é marcada pelo despertar das sementes e propícia aos novos planos e oportunidades, a iniciação em um caminho espiritual, a purificação e renovação das energias, a busca de presságios e a preparação para sua realização.

A versão cristianizada desse sabbath é Candlemas ou a Festa da Candelária em honra a Virgem Maria.

Imagens da Net

Fontes de Consulta:

Janet & Stewart Farrar - A Witches’ Bible

Starhawk – The Spiral Dance

Raven Grimassi – Os Mistérios Wiccanos

Mara Barrionuevo – Rituais Wiccanos para o Jornal O Exotérico, maio 2002

Comentário:

Não acredito em acaso. Como postei em outro momento, publiquei matérias por 12 anos e, somente há pouco, me ocorreu a criação desse blog.

Cada postagem confirma minha certeza de que O Caminho do Sagrado Feminino é gestado no Caldeirão de Cerridween.

Não me soa estranho começar descrevendo a Roda do Ano em Imbolc (no hemisfério norte, Lammas), ao invés de começar antes, no Yule.

Foi em um Festival de Lammas, na Inglaterra, que o curso de minha jornada espiritual mudou há exatos 14 anos.

Em 01.08.1997 em Glastonbury, na Ilha de Avallon, participei, pela primeira vez, de um Lammas Tor Maze Walk. A subida do Tor pelo ‘caminho do labirinto’ é uma jornada iniciática que reproduz as jornadas das antigas sacerdotisas da Mãe na Ilha das Macieiras. São aproximadamente 5 horas de caminhada pelos sete patamares da colina do Tor e, em cada patamar, parávamos por alguns minutos para o rito apropriado.

Como hoje, em Porto Alegre, há 14 anos choveu muito durante nossa jornada pela colina. Muitos de meus companheiros de jornada escorregavam na lama e rolavam por um ou dois patamares. Lembro nitidamente de estar, num momento, sentada na lama ministrando Reiki à uma irmã de jornada que se machucou na queda. Lembro de nosso grupo silencioso se dando as mãos para que pudéssemos completar sob um forte temporal nossa iniciação nos Mistérios da Ilha. Lembro de cada pequeno rito e do silencioso e indescritível Rito de Mistérios do qual éramos parte, ao alcançarmos a “entrada de Avallon” oculta nas brumas.

Obrigada Senhora, por ter tocado e transformado meu coração e minha alma. Obrigada por me permitir ser parte de Ti.

Abençoados sejam

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