http://www.mysticfair.com.br/bannermystic2011.gif

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Inquisição - Insanidade Religiosa ou Política?



No dia 9 de dezembro de 1484 o Bispo Inocêncio VIII assinou na Basílica de São Pedro, em Roma, o documento conhecido como “ A Bula de Inocêncio VIII”, no qual outorgava aos Professores de Teologia da Ordem Dominicana Heinrich Kramer e James Sprenger o poder amplo e irrestrito de, como Inquisidores recorrerem ao “ braço secular da Igreja”, ou seja, aprisionar e punir quaisquer pessoas sem qualquer impedimento e de todas as formas possíveis que fossem suspeitas de bruxaria, tendo assim se “desagarrado da Fé Católica, entregando-se a demônios”, de acordo com as palavras do próprio Bispo.
Nesse mesmo ano de 1484, Kramer e Sprenger escreveram o Malleus Maleficarum, o manual oficial da Inquisição para a caça as bruxas, que levou à tortura e à morte mais de 100 mil mulheres. O período em que ocorreu a Inquisição, conhecido como Era das Fogueiras, vai do final do século XIV até meados do século XVIII.
Mas, como e porque acontece a Santa Inquisição ?
Até meados do século IV, a religião pagã dominava a Europa. Os nobres e camponeses adoravam a uma Deusa Mãe e seu filho Divino. A mulher era considerada um ser sagrado por sua função reprodutora e as sociedades que se dedicavam a coleta, pesca e a caça à pequenos animais podiam ser consideradas matricentrais.
Quando os recursos vegetais e pequenos animais vão se esgotando, inicia a caça sistemática a grandes animais, e junto com ela, a supremacia masculina. No decorrer dos séculos acontece a transição das culturas e, enquanto se escrevia o Gênesis no Oriente Médio, as grandes culturas patriarcais vão se sucedendo e a Deusa Mãe vai perdendo seu poder. No século IV, início da Idade Média, o Cristianismo torna-se a religião oficial dos romanos e até o século X vai se sedimentando entre os clãs e tribos bárbaros.
A chegada da nova religião não altera significativamente os hábitos religiosos dos camponeses, que vêem na Virgem Maria a Grande Mãe e no Menino Jesus a Criança Divina, ou seja, outra visão de suas próprias crenças.
Mas o patriarcado e a nova religião tornaram confusos os papeis da mulher na sociedade. Contudo, ela continua a ocupar lugar de destaque na sociedade porque os homens se ausentavam e morriam em função das constantes guerras. Os que voltavam reassumiam seus papéis públicos enquanto suas mulheres voltavam a sua condição doméstica.
Ainda assim, na alta Idade Média, a condição das mulheres florescia na Europa. Elas tinham acesso às artes, às ciências, à literatura. Uma monja, Hrosvitha de Gandersheim, foi o único poeta da Europa por cinco séculos.
É logo após este período, no final do século XIV, que inicia oficialmente a “caça as bruxas”, um genocídio religioso conhecido como Inquisição.
Mas, a perseguição religiosa é muito mais antiga. Datado do século VII, o Liber Poenitentialis de Teodoro, Arcebispo de Canterbury, contém as leis eclesiásticas mais antigas da Inglaterra. Consiste numa lista de pecados e penitâncias correspondentes a cada um deles. Uma parte do livro é dedicada a Antiga Religião e seus ritos. Teodoro fala dos pecados: “Comer ou beber em templo pagão (...) é um sacrilégio e equivale a mesa dos demônios. Não só celebrar festins em abomináveis recintos pagãos, oferecer ali comida ou consumi-lá. Se em julho alguém transformar-se em animal, cervo ou touro (...) tres anos de penitência porque isso é diabólico.
Outro exemplo (e os exemplo de leis eclesiásticas são vários a partir de Teodoro) do séc. VIII é a Lei dos Sacerdotes de Nothumbría que diz que aquele que praticar qualquer ato de paganismo, com sacrifícios ou uso do fogo ou que seja amigo de uma bruxa (...) pagará dez marcos, metade a Cristo e metade ao Rei.
Em 1398, a própria Universidade de Paris deplora solenemente que o crime de bruxaria estava se tornando cada vez mais frequente. Mas o “crime religioso” cometido pelas pessoas acusadas de bruxaria era um só: adorarem deuses pré-cristãos como Diana, Cibele, Deméter, Bacco, Pã, nomes diferentes para designar a Deusa Mãe e Seu Filho Divino e, em sua homenagem, executarem 8 ritos anuais conhecidos como Sabats, festivais do fogo e da fertilidade que acompanhavam o ciclo das estações e comemoravam, desde a preparação do solo, até o término da colheita. (ver Exotérico número 9, pág. 7.)
O crime maior das “bruxas” era sua capacidade de entender e curar as dores e aflições humanas, seu conhecimento das ervas que se transformavam em chás e emplastos curativos, sua habilidade de fazer partos e benzer crianças, seu conhecimento mágico usado para aliviar os corações humanos. Sua ousadia maior consistia em dançarem nuas nos ritos à Deusa e ao Deus, pedindo à terra uma colheita fértil. Por estes crimes foram perseguidas, presas, torturadas e queimadas vivas durante quase quatro séculos. Com certeza existiram também aquelas que praticavam a magia negra, mas assim como nem todas as bruxas foram boas, nem todas as pessoas o são.
Mas, apesar dos milhares de processos de bruxaria acusarem especificamente estas mulheres, e muitos homens, principalmente nobres, de pacto com o demônio, as razões do hediondo crime chamado Inquisição são outras.
Em primeiro lugar, verifica-se que, em todos os casos de condenação, os bens e propriedades do acusado passavam para as mãos da igreja, na pessoa do inquisitor, o que tornava bastante atraente a acusação a nobres e grandes proprietários. Além disso, existiam “caçadores” profissionais de bruxas, pagos por condenação. Portanto, quanto maior o número de feiticeiras na fogueira, maiores os honorários do caçador.
Outro bom motivo para a Inquisição foram as faculdades de medicina surgindo no interior do sistema feudal. As “bruxas” era as melhores anatomistas de seu tempo, as parteiras e “médicas” populares, e aqueles que necessitavam de tratamento para saúde na certa procurariam sua vizinha curandeira e não um desconhecido formado em medicina.
Mas, talvez o maior motivo tenha sido a necessidade do sistema feudal de centralizar e hierarquizar, se organizando com métodos políticos para sobreviver e manter o sistema capitalista que estava se formando. Para isso, era necessario colocar dentro de “regras de comportamento” as massas camponesas, controlando as mentes e os corpos. O fizeram através dos tribunais da Inquisição que varreram a Europa, transformando o camponês livre em um ser alienado e sem vontade, normatizado sua vida e sua alma.
SALÉM
No ano de 1626 imigrantes ingleses fundaram no Estado de Massachusetts-EUA uma pequena e obscura cidadezinha a qual deram o nome de Salém.
Os imigrantes, que fugiram da Inglaterra para escaparem à perseguição religiosa, se consideravam o Povo Escolhido de Deus e pertenciam a Igreja Puritana. Fundaram em Salém uma comunidade fechada e teocrática, que não permitia a entrada de devotos de religiões diferentes da sua na comunidade.
Governavam a cidade os Ministros religiosos, que não admitiam sob hipótese alguma o não comparecimento da população aos cultos da Igreja Puritana, sob pena da excomunhão e perda de direitos, inclusive de propriedade, dos faltosos.
A administração era feita de modo severo, combinando trabalho árduo, justiça implacável e disciplina religiosa para que nenhum puritano se desviasse do caminho de Deus, pois acreditavam eles que o ser humano dificilmente alcançaria o Paraíso em função de já ter nascido pecaminoso. Por carregar consigo a maldição do pecado, a ninguém era permitido negligenciar de suas severas obrigações.
A rigidez dos costumes estendia-se a adolescentes e crianças, aos quais não eram permitidos quaisquer divertimentos.
As festas, as brincadeiras, a dança, tudo era considerado pecaminoso e absolutamente proibido.
Além da vida austera e trabalho árduo, a unica atividade que restava aos adolecentes era o estudo do evangelho.
Na primavera do ano de 1692, quando a estação de plantio iniciava, um fato insólito viria a mudar completamente a rotina desta cidadezinha até então desconhecida.
Quatro meninas entre nove e dezesseis anos - Mary Walcott, Anne Putnam, Abigail Williams e Betty Parris , está última filha do Pastor da Igreja Puritana, reverendo Parris - começaram a apresentar um estranho comportamento. Sofriam convulsões, desmaios, falta de concentração e outros males. Tinham visões fantásticas, nas quais o demônio em pessoa as importunava e tentava obrigá-las a assinar com ele um pacto no qual suas almas passariam a ser propriedade dele. Ao final do pesadelo, eram obrigadas a assistir a um Sabat onde homens e mulheres lhe prestavam homenagem.
Médicos e religiosos foram convocados para examinar as meninas, mas como nenhuma doença foi diagnosticada a causa da doença e dos pesadelos só poderia ser uma: possessão demoníaca.
Nesta época, a família de Betty Parris tinha uma crida negra chamada Tituba. Originária de Barbados, Tituba trazia consigo a tradição e cultura e seu povo, completamente diversa dos puritanos. Muitas vezes reuniu-se as meninas para contar histórias sobrenaturais e, numa ocasião, ensinou-as a arte da quiromancia. Evidentemente esse procedimento era absolutamente proibido e as meninas sabiam disso. Mas, numa comunidade como aquela, quais as opções de divertimento para um adolescente saudável?
Provavelmente o sentimento de culpa e o medo de serem descobertas causaram as crises e pesadelos e, ao serem interrogadas, confessaram a “verdade”, incluindo o fato de terem dançado à noite na floresta em companhia de Tituba.
Evidentemente, a crença dos puritanos os fez acreditar que aquilo era realmente coisa do demônia e Tituba sua mensageira.
Com medo das consequências de seu terrível pecado, e para se livrarem da culpa, as meninas começaram a acusar pessoas indiscriminadamente. Apontaram alguns que teriam feito “pacto com o demônio”, outros que teriam dançado com elas na floresta, outros de terem participado ativamente de seus pesadelos. No final, a loucura das adolescentes se espalhou de tal forma que cerca de 150 pessoas foram acusadas de bruxaria, e destas 20 foram executadas pela forca ou por esmagamento com pedras. A primeira delas, evidentemente, Tituba. Depois de Tituba, os alvos mais fáceis foram duas mendigas - Sarah Good e Bridget Bishop - e Sarah Osborne, mulher de comportamento suspeito por não frequentar regularmente a igreja.
Foi instaurado um tribunal na cidade, presidido por William Stroughton, um puritano severíssimo que ocupava o posto de tenente-governador.
Stroughton, bem como o reverendo Cottom Mather, acreditavam piamente em demônios e bruxas e o último orgulhava-se de ser um implacável caçador das feitiçeiras.
Um histeria coletiva tomou conta de Salém e as acusações se sucediam. Pessoas respeitáveis eram acusadas, provavelmente em função dos bens que possuíam, como o dono de uma grande propriedade rural e um prospéro proprietário de navios.
Todas as acusações eram acolhidas como verdadeiras, o que deu lugar a acusações por vingança, perseguições e disputa de terras. Como a bruxaria era uma “crime invisível”, onde só a bruxa e a vítima podem testemunhar, toda pessoa acusada era culpada. Todos aqueles que “confessavam a culpa” eram perdoados, porque os puritanos acreditavam que a confissão desfazia o “pacto com o demônio” a a alma ficava pronta para reencontrar Deus. Para verem-se livres da forca, essas pessoas não só admitiam publicamente sua culpa como eram obrigadas a apontar outros infelizes que passariam pela mesma humilhação.
Aqueles que se recusavam a confessar uma culpa que nunca tiveram foram executados.
Um fazendeiro de 83 anos, Giles Corey, foi esmagado por
pedras enormes colocadas sobre seu peito porque se recusava a confessar.
A condenada mais famosa de Salém foi Rebecca Nurse, uma senhora respeitável, caridosa e religiosa de 72 anos. Foi enforcada como feitiçeira, com base em provas improváveis apresentadas no tribunal.
Ainda em 1692, a histeria coletiva começou a diminuir. A ameaça de acusação feita por caçadores de bruxas à esposa do então governador Phips foi descisiva. O governador exigiu que se adotassem métodos mais rigorosos do que simples testemunhas para provar a culpa dos acusados. Em 29 de outubro de 1692 a perseguição as feitiçeiras foi encerrada. Os acusados ainda presos foram libertados e nunca mais houve condenação por bruxaria nos EUA. O saldo da tragédia: crianças nas ruas pedindo comida - órfãos dos condenados, propriedades abandonadas, animais soltos, safras apodrecendo nos campos.
TORTURA E FOGUEIRA
A história da bruxaria e seus processos é estranha e sombria. Torna-se difícil saber se o que aconteceu entre os séc. XIV e XVII foi uma psicopatologia coletiva, uma demência contagiosa ou o que se poderia denominar de Era do Caos, onde seres humanos (?) se regozijavam torturando e assassinando seus irmãos.
A tortura não foi exatamente uma novidade trazida pelo Braço Secular da Igreja e consumada nos chamados Autos da Fé - execuções públicas que se assemelhavam a um grande festival onde se reuniam curiosos, vendedores ambulantes e vagabundos, além dos representantes da igreja, carrascos e vítimas.
Egípcios e Assírios praticavam a tortura, assim como entre as cidades-estados da Grécia a pratica era comum. Em Atenas, escravos e estrangeiros eram torturados.
Essa prática (ou tática) porém, de torturar e matar em massa, é exclusiva da Santa Madre Igreja. Parece que é assim que se resolviam na época as “diferenças religiosas”, pois nem só de bruxas foram alimentadas as fogueiras. Entre 1307 e 1310, trinta e seis mil Templários morreram em Paris sob tortura. Talvez a perseguição nem fosse tão religiosa assim, considerando-se que a Ordem dos Templários acumulou riquezas e propriedades ao longo dos anos e que, após a prisão e execução de Jacques de Molé e seus seguidores, os bens da Ordem passaram para a igreja.
Para compreender a Era das Fogueiras como fator de perseguição religiosa, é necessário entender a mentalidade da época. É preciso lembrar que o diabo fazia parte da vida cotidiana, era uma personalidade real em que todos acreditavam, com quem alguns até “falavam” - as bruxas evidentemente - e que tal personagem empregava ardis e estratagemas para confundir os seguidores da fé católica. Estas estranhas crendices explicavam perfeitamente aos ignorantes o porquê de bruxos, e especialmente bruxas (80% dos condenados pela Inquisição eram mulheres) serem detidos diante da mínima suspeita, da mais inacreditável denúncia, serem torturados e executados.
Os especialistas da época, Springer, Bodin, Lancre deixaram sobre seus processos livros espantosos, detalhando os suplícios infligidos aos acusados. Aquilo que eles divulgavam apavorava por sua ferocidade e um deles se vangloriava de que sua “justiça era tão boa” que as bruxas buscavam por sí mesmas a morte para escapar dele. Jean Bodin falava dos crimes detestáveis praticados pelas bruxas, o menor dos quais merecia uma requintada morte.
Nos processos por bruxaria a condenação era a regra. Várias eram os meios de obterem confissões. Uma das principais provas de culpa da bruxa era a marca do diabo, isto é, um ou mais pontos insensíveis do corpo das mulheres que os carrascos procuravam espetando-lhes longas agulhas.
Outra prática comum era a prova da água. Num rio ou lagoa, elas eram jogadas de pés e mãos amarrados. Se inocentes, afundavam e se afogavam. Se culpadas, elas sobreviviam ao rio e eram queimadas. Outra prova era a da bibliomancia, onde colocavam num dos pratos de uma balança a Bíblia e no outro a bruxa. Se a bruxa pesasse mais que a Bíblia (e isso, naturalmente, sempre acontecia) ela era culpada e ardia nas chamas purificadoras da fogueira.
A fogueira era, efetivamente, a pena reservada às bruxas. Algumas vezes, como grande favor, eram estranguladas antes de serem queimadas, mas este “abrandamento da pena” era condenado pela maioria dos juízes.
Talvez de todos os inquisidores, o mais famoso tenha sido o espanhol Tomás de Torquemada, que publicou suas instruções, que descreviam o emprego detalhado dos procedimentos de tortura que deveriam ser usados nos processos por bruxaria. Seus métodos foram aperfeiçoados por Fernando de Valdez em 1561 e seguidos por vários de seus sucessores.
O mais famoso livro da inquisição é, sem dúvida, o Malleus Maleficarum, título traduzido por O Martelo das Feiticeiras. Este manual da demência religiosa datado de 1484 é dividido em três partes. A primeira delas versa sobre as condições necessárias para a bruxaria - incluindo-se naturalmente o diabo e a bruxa; a segunda sobre os métodos usados pelas bruxas para atormentar os homens ea última versa sobre os métodos judiciais a serem tomados contra as bruxas e hereges. O Malleus chega a cogitar a possibilidade do ataque de lobos a seres humanos ser obra de magia causada por bruxas, ou da transformação de homens em bestas como obras de bruxaria, ou ainda a capacidade das bruxas de fazer sumir ao órgão genital masculino.
Vários foram os processos famosos da Inquisição. Giordano Bruno foi queimado vivo, não sem antes ter sua boca lacrada por um pedaço de metal para evitar que continuasse a mostrar aos senhores da igreja o absurdo de suas crenças e métodos.
Joanna D’Arc foi queimada sem ao menos passar pelo processo comum de ser entregue as autoridades seculares, por ser ela o ponto de convergência de uma poderosa organização e uma representante da Velha Religião.
Nostradamus foi acusado e torturado pelas autoridades seculares mas conseguiu escapar com vida graças as suas relações com a corte, especificamente a rainha.
Os processos por bruxaria dentro das cortes da Europa também foram abundantes. Alguns nobres acusados de prática de bruxaria foram Catarina de Médicis, Maria de Médicis, Carlos IV e o Bispo de Troyes. Algumas das “vítimas” de enfeitiçamento: Jeanne de Navarre, Luis X, Henrique III e Henrique IV.
Durante a Era das Fogueiras, a tortura tornou-se procedimento ordinário em quase toda a Europa. Na Inglaterra, os acusados eram estimulados a confessar através de pena forte e dura. Na inquisição espanhola, a tortura era empregada regularmente para obter confissões e, até a morte de Franco, o garrote ainda era usado. Em 1975 um estudante de 25 anos foi morto por esse método.
Práticas abomináveis como o uso do Cavalete, do Balcão de Estiramento, da Roda de Despedaçamento ou da Cadeira da Inquisição - tal cadeira possui 1629 pontas e foi usada para torturar o célebre mago Caliostro - foram adotadas também na França, Alemanha e Itália.
Sob influência do Iluminismo, um movimento humanitário contra tortura cresceu no século XVIII até que a Inquisição abandonou o emprego de tais práticas. Agora, mais de dois séculos após o final da caça às bruxas, da tentativa de extinção da Velha Religião da face da terra, o resultado é aterrador: dois terços da humanidade passam fome, o arsenal nuclear pode provocar a destruição instantânea do planeta, a destruição do meio ambiente é lenta e continua e, para a maioria dos povos, religião não passa de uma palavra a ser colocada numa ficha qualquer de procura de emprego.
Mas, apesar disso, as bruxas voltaram, e para ficar. São terapêutas, tarólogas, curadoras, cartomantes, médicas, jornalistas, empregadas domésticas, estudantes, não importa. O que importa é que não podem ser queimadas novamente, que podem hoje rir dos Torquemadas, Kramers e Sprengers e se deliciar com tudo o que causou a morte das feiticeiras há dois séculos: podem amar, curar, romperem tabus, trabalhar, resgatar os valores femininos, humanos e religiosos da Deusa Mãe e transformar cada dia de suas vidas num ritual de fé e amor, onde o importante é ser e fazer feliz. Assim, as cem mil vítimas da ignorância dos inquisidores estarão bem vingadas.
Repetindo o que postei hoje no Facebook:
Não somos pobres camponesas indefesas. Não temos medo de fanáticos religiosos. Não desrespeitamos a religião alheia, embora os fundamentalistas não tenham o menor respeito pela nossa. Querem dominar as mentes desavisadas? Más notícias: existe vida pensante no planeta.
Querem uma nova Inquisição?
Más notícias (2): dessa vez, vão encontrar gente guerreira pela frente. Muita gente.

* textos: Mara Barrionuevo para o jornal "O Exotérico", publicados em três diferentes edições.
Bibliografia:
Seitas Secretas - coleção Mistérios do Desconhecido
Bruxas e Bruxarias - coleção Mistérios do Desconhecido
Malleus Maleficarum - 
Kramer e Sprenger
* Imagens da web







Nenhum comentário:

Postar um comentário