http://www.mysticfair.com.br/bannermystic2011.gif
quarta-feira, 7 de março de 2012
TAROT - 78 DEGRAUS DE SABEDORIA
ORIGENS
No ano de 1432 um artista chamado Bonifácio Bembro pintou, para a família Visconti, um baralho de 78 cartas sem nome e sem número. Nesta época casavam-se Bianca Maria Visconti e Francesco Sforza.
Este baralho, chamado posteriormente de Visconti-Sforza, é um dos mais antigos baralhos de Tarô conhecidos e ainda existe na Biblioteca Pierpont Mongan em Nova York.
O termo Tarô, sua origem, assim como a origem das cartas permanece na obscuridade. Alguns estudiosos, entre eles Court de Gebelin, acreditam que a palavra Tarô deriva de dialetos egípcios - Tar = caminho e Ro = real.
Com a palavra Tarô é possível escrever uma frase que confirmaria esta origem - ROTA TARO ORAT TORA ATOR, que significa A RODA (no caso o arcano 10, Roda da Fortuna) DO TARO FALA A LEI DE ATOR (ou Hathor, divindade egípcia ligada à iniciação).
A origem das cartas também é obscura. De acordo com Paul Foster Case, elas teriam sido criadas num congresso de ocultistas em Fez, no Marrocos, para superar barreiras lingüísticas, pois a linguagem do símbolo é universal. W.A. Chatto, em seu livro “História das Cartas de Jogar” afirma terem sido inventadas em 1120 a.C. no reino do imperador chinês Seun-Ho para divertimento de suas diversas concubinas.
Outra teoria diz terem sido “inventadas” por Jacques Gringonneur para divertir Carlos VI da França.
Mas alguns dos maiores expoentes do ocultismo, como Papus, Eliphas Lévis, Mac Gregor Mathers e Antoine Court de Gebelin acreditam que o Tarô tenha surgido entre a civilização egípcia, através dos ensinamentos do grande iniciado Hermes Trismegisto - chamado Toth entre os egípcios.
Cout de Gebelin dedicou 20 anos de sua vida a pesquisa da mitologia antiga e procurou redescobrir a língua primitiva, cuja escrita hieroglífica explicaria as várias mitologias conhecidas. Em 1775 publicou sua pesquisa sob o título “Le Mond Primitif”, onde apresenta sua teoria sobre a origem egípcia do Tarô.
O grande magista Papus descreve a origem do Tarô da seguinte forma:
“Há três mil anos, em meio a grandiosa civilização egípcia, a ciência e a religião se achavam confinadas num só estudo, e todos os sábios, engenheiros, médicos e escribas eram chamados Iniciados.
No Templo era dada a instrução em todos os graus, conforme métodos pré-estabelecidos. A instrução mais elevada era dada no interior da Grande Pirâmide, Quéops. Sustenta a Tradição Hermética que as duas Chaves, o Tarô e a Astrologia, se encontram no interior desta pirâmide. Refere-se a ela um túnel, por baixo das patas da esfinge, a um Templo de Iniciação. Neste Templo, ao longo das paredes, veem-se tabuinhas nas quais estão inscritas as cartas do Tarô, que “pintam” a história da iniciação da alma à proporção que ela percorre o Ciclo da Necessidade.
Há 108 tabuinhas: 78 são o que conhecemos como Tarô Exotérico e 30 são o Tarô Esotérico. As últimas, de acordo com a Tradição, nunca foram produzidas no campo físico. Os neófitos, de acordo com seu grau de iniciação, alcançavam uma a uma, as 78 primeiras tábuas.
Houve um tempo em que o Egito, não mais podendo lutar contra seus inimigos, teve que preparar-se para morrer dignamente. Foi então que os sábios egípcios formaram uma grande assembléia para decidirem como salvariam da destruição a Ciência, reservada até então unicamente aos homens dignos de possuí-la. Discutiram primeiramente se os segredos seriam transmitidos a homens virtuosos recrutados secretamente. Mas, tendo observado que a virtude é a coisa mais frágil e difícil de encontrar, decidiram confiar a Tradição ao vício.
Foi então que se gravaram, em pequenas lâminas, misteriosas figuras que ensinavam outrora os maiores segredos da Ciência dos Magos, e desde então jogadores transmitem, de geração em geração, esse Tarô, melhor ainda do que o teriam feito os homens mais nobres da terra.
Porém, o baralho de jogar que conhecemos hoje encerra apenas os Arcanos Menores. Não teríamos um baralho completo se um povo conhecido pelo apego às tradições religiosas e as Sagradas Escrituras não as tivesse preservado durante milhares de anos: o povo hebreu. Eles receberam seu texto sagrado de Moisés, que foi iniciado no Egito e transmitiu a esse povo os mais profundos Mistérios da criação e da natureza humana. Os rabinos-iniciados têm preservado até hoje o Livro de Moisés inalterado. As várias partes do texto juntas formam a Torá, a Lei. Os textos sagrados que contém a chave da compreensão da Torá são o Zohar, a Clavícula de Salomão e o Tarô, que juntos formam a Kabala , ciência dos Deuses, da natureza e do homem.
MAS, AFINAL, O QUE É O TARÔ?
O termo Tarô aplica-se a um baralho de 78 cartas dividido em dois grupos principais: os Arcanos Maiores e os Arcanos Menores.
Os Arcanos Maiores, também chamados Trunfos, são 22 cartas numeradas de 1 a 21 e uma carta sem número, ou numerada zero, conhecida como O Louco.
Em alguns baralhos são numeradas de 1 a 22, sendo o Louco, apesar de não possuir número, o correspondente a posição número 21. Cada uma das outras 21 cartas traz um número, um título e uma figura simbólica que normalmente descreve um quadro estranho à nossa cultura, como a Roda da Fortuna, o Enforcado ou a Temperança.
Estas figuras são a representação de arquétipos universais, e despertam na mente do tarólogo uma história relacionada com a tendência geral da situação estudada.
Os Arcanos Maiores ilustram, além do conhecimento do universo e de si mesmo, a vida humana: suas alegrias e dores, esperanças e desesperanças, amizades, casamentos, doença e morte. Espelham a humanidade em suas múltiplas faceta ou “humanidade decaída”.
Cada um dos Arcanos Maiores relaciona-se ainda a um planeta ou signo zodiacal, uma letra do alfabeto hebraico, um dos 22 caminhos da Árvore da Kabala, um arquétipo, um mito, enfim, a um infindável número de possíveis relações, o que torna possível afirmar que o Tarô é um esquema cosmogônico completo.
Os Arcanos Menores, em número de 56, subdividem-se em 4 naipes - ouros, copas, espadas e paus, que por sua vez tem como os Arcanos Maiores uma série de relações, cujas principais são os quatro elementos e os quatro mundos habitados pelo homem, ou seja : ouros / terra / mundo físico, copas / água / mundo emocional, espadas / ar / mundo mental, paus / fogo / mundo espiritual.
Estão relacionados também com as quatro esferas ou mundos da Kabala: Assiah, Yetzirah, Briah e Atziluth.
A cada um dos quatro naipes pertence uma série de cartas numeradas de 1 a 10 e quatro ilustradas com figuras humanas, conhecidas como Corte ou Realeza.
Assim como os Arcanos Maiores estão relacionados aos signos e planetas, os Arcanos Menores se relacionam aos decanatos do zodíaco. Sendo assim, temos 40 cartas numeradas das quais retiraremos os quatro ases, pois os ases não se relacionam a decanatos, mas representam a síntese do elemento de seu naipe. As 36 cartas restantes, numeradas de 2 a 10, representam os 36 decanatos: 12 signos x 3 decanatos cada = 36 decanatos.
Além disso, cada Arcano Menor, com exceção dos ases, traz a posição de uma planeta num signo, o que por si só explicaria seu significado.
Como exemplo, podemos tomar o Sete de Copas, uma carta que nos fala de sonhos, devaneios, mediunidade, às vezes alucinações e é regida por Netuno em Escorpião ou o Seis de Ouros, que nos fala de abundância material e é regido pela Lua em Touro. Os vários elementos associados nas cartas representam não só experiências, mas também diferentes enfoques da vida.
As cartas da Corte ou Realeza representam 16 tipos de personalidades diferentes. São elas: o Rei ou Cavalheiro, a Rainha, o Valete, Cavaleiro ou Príncipe e o Pajem ou Princesa (a nomenclatura depende do autor do baralho). Nas cartas da Corte temos uma “família” completa para cada naipe.
Quando aparecem numa leitura de Tarô, podem representar pessoas, personalidade de pessoas ou de acontecimentos, decisões pessoais ou decisões de terceiros ou fatores humanos que tendem a influenciar nos acontecimentos. Um Rei, por exemplo, não significa exatamente um homem, nem uma Rainha uma mulher.
Doze dessas 16 cartas estão relacionadas aos signos, ou especificamente, aos graus dos signos do zodíaco. Por exemplo, o Rei de Paus é regido pelo signo de Áries, a Rainha de Copas por Peixes e o Príncipe de Espadas por Aquário. Pode-se dizer que essas doze cartas cobrem o mapa do céu. As 4 restantes, os Pajens, estão relacionados com os pólos.
Para sintetizar o significado das 78 cartas, podemos afirmar que os Arcanos Maiores refletem as decisões dos Deuses (o Karma), as Cartas da Corte as decisões dos homens (o livre arbítrio) e os Arcanos Menores são as forças postas em jogo pela combinação de karma e livre arbítrio.
Muito se tem falado a respeito do Tarô e certamente pouco se tem entendido. Durante séculos o ser humano tem buscado nos oráculos respostas para sua vida. Os que, no passado, consultavam o Oráculo de Delfos, certamente tinham os mesmos questionamentos daqueles que hoje procuram as leituras de Tarô. E assim como ocorre com todo grande oráculo, o uso mais conhecido do Tarô é a adivinhação.
Todos temos centenas de questionamentos sobre o presente e futuro. Entretanto, se olharmos para o Tarô sob outro ângulo, descobriremos que sua maior dadiva para a humanidade tem sido, atualmente, negligenciada: a possibilidade real de entendermos quem somos, como influenciamos o mundo ao nosso redor e de que forma estamos construindo, dia a dia, a nossa realidade.
O Tarô é um sistema que possibilita, através da leitura, o encontro de uma direção para nossa vida. Ensina a nos manter em harmonia com padrões mutáveis, criando um equilíbrio entre o Karma e o livre-arbítrio, o racional e o intuitivo, o objetivo e o subjetivo. Leva-nos também a observar nossas próprias atitudes em relação à vida, como o passado nos afeta hoje e a forma pela qual nossas esperanças e desejos nos auxiliam a criar o futuro.
O Tarô busca, com a ajuda do subconsciente, nossos padrões internos, ou seja, as sementes que estão plantadas em nosso interior. E, assim como cada semente já contém o botão, o aroma, a cor, a flor desabrochada e seu murchar, as sementes de nosso interior contém nosso padrão interno.
Não podemos, no entanto, vê-lo nem predizer o destino. Se o conhecêssemos, teríamos autoconhecimento e poderíamos avançar na vida com passos firmes.
As pessoas, em sua maioria, não conhecem a si mesmas. Não sabendo como lidar com o destino, ficam a vagar pela vida como crianças que tateiam no escuro, pois são incapazes de reconhecer que todas as respostas pelas quais anseiam estão dentro de si mesmas.
Muitos acontecimentos são imutáveis, dívida kármicas. Certo é, todavia, que a influência desses acontecimentos pode ser trabalhada de forma criativa ou destrutiva, dependendo de nosso grau de evolução. O homem só pode evoluir quando tiver autoconhecimento, sabendo quem é, o que faz aqui e para onde irá.
O Tarô ensina também importantes questões como o livre arbítrio. Será que agimos de acordo com escolhas deliberadas ou seguimos padrões de comportamento imutáveis, ditados pelo nosso Karma? Será que experiências de vidas passadas tendem a manipular nossas vidas em determinadas direções, ou somos nós quem determinados essas direções?
As leituras de Tarô mostram essas influências combinadas e seus prováveis resultados. E, a partir dai, do conhecimento das influências internas que conduzem nossas vidas é que começamos a mudar, nos tornando senhores de nossos destinos, e não apenas viajantes inconscientes da Roda da Fortuna.
A leitura de Tarô é uma fascinante viagem pelas paisagens estranhas dos mundos arquetípicos, povoados por magos, pessoas penduradas de cabeça para baixo e seres andróginos a dançar a Dança Espiral. É a Terra dos Sonhos, cujo ingresso é a coragem de mudar e a recompensa é o despertar da sabedoria latente em todos. O Tarô serve como um mapa no caminho do autoconhecimento, onde cada Arcano é um sinalizador que mostra em que região do Eu nos encontramos.
A Grande Roda do Samsara
A Roda da Lei (Dharma)
A Roda do Tarô
A Roda dos Céus
A Roda da Vida”
Todas essas Rodas são uma, mas de todas elas só a Roda do Tarô te serve conscientemente.
Medita, homem, nessa Roda extensamente, fazendo-a girar em tua mente.
Que a tua tarefa seja essa: ver como cada carta emana necessariamente de todas as demais, inclusive na ordem devida, desde o Louco até o Dez de Moedas.
E então, uma vez conhecida perfeitamente a Roda do Destino, perceberás Aquela Vontade que a pôs em movimento um princípio (não há princípio nem fim).
E é aqui que terás cruzado o abismo.
Aleister Crowley – O Livro das Mentiras
Imagens da web
Bibliografia:
• Autores citados no texto
• Mara Barrionuevo para o Jornal O Exotérico – dezembro de 2001
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário