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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Beltaine


Festival de Beltaine
Beltane - Rudemas – Véspera de Maio (no hemisfério norte) – Cetsamhain – Giamonos


Samhain representa o anoitecer do ano. Beltaine o amanhecer. Em ambas as ocasiões, o véu entre os mundos está tênue.

Beltaine é a época de se comunicar com o Povo das Fadas. Nos bosques, nessa época, crescem círculos de cogumelos chamados de ‘anéis de fada’, e marcam o lugar onde as fadas dançam e fazem suas comemorações noturnas.
Nesse período os animais se acasalam e gado que estava preso é solto nos pastos. Os rebanhos são conduzidos entre duas fogueiras, a fim de garantir uma boa ordenha.
O espinheiro, uma árvore que tradicionalmente não é cortada ou levada para dentro de casa, pode ser cortada nessa ocasião e representa a Deusa Branca.
O Deus agora é um robusto jovem que se encaminha para a fase adulta, enquanto que a Deusa está no ápice da beleza e feminilidade.
Eles irão consumar seu amor.

Beltaine marca a união do Deus com a Deusa, representa a fertilidade dos animais e as colheitas do próximo ano. Comemoramos a fertilidade, o amor e o retorno do sol, a união do feminino e masculino da Criação.
O termo Beltaine vem de Bel, o Luminoso, senhor da vida, da morte e dos espíritos. É o mesmo Belenos ou Baal, e pode ser também chamado de Cernnunos. Tine é a palavra celta para fogo. Beltaine quer dizer Fogo de Bel.


Nesse festival todo o fogo da casa era apagado e uma grande fogueira, chamada na antiguidade de ‘fogueiras da necessidade’, era feita com galhos de nove árvores: freixo, bétula, teixo, aveleira, sorveira, salgueiro, pinheiro, espinheiro e carvalho. Nove homens levavam a madeira.
Nessa fogueira era colocadas oferendas como ervas, totens animais em madeira, etc. A fogueira era acesa ao nascer da lua, dando início ao Sabat.
Cada família levava para casa um pouco das brasas do fogo, símbolo da renovação depois do inverno frio.
As pessoas pulavam a fogueira de Beltaine para se livrar de doenças e energias negativas, para pedir bênçãos e bons partidos.
Na Irlanda, a primeira fogueira era acesa por Ard Ri, o Rei de Tara.

O maior símbolo de Beltaine é o May Pole, o mastro feito de tronco de árvore alta, vidoeiro ou freixo para os antigos, enfeitado com flores e fitas.
Originalmente a fogueira era montada em volta desse tronco de árvore decorado com vegetação e simbolizava a união do Senhor da Floresta e a Rainha da Primavera.
O mastro simboliza o falo e a coroa de flores sobre ele, a vulva da Deusa. A união das fitas durante a dança representa a união do Deus e da Deusa, uma união sexual simbólica.
As cores das fitas que representam essa união são o branco – o sêmen do Deus, e o vermelho – a menstruação da Deusa.
Na feitiçaria contemporânea as fitas ganharam inúmeras cores, cada uma simbolizando a energia que o dançarino do May Pole deseja ver entrar em sua vida.

Na antiguidade, jovens entravam nas florestas para colher flores e distribuir aos moradores das casas que encontravam pelo caminho. Em retribuição, recebiam as melhores comidas e bebibas.

Nesse Sabat, o Grande Rito é realizado e possui grande significado.
Na Europa antiga, quando as pessoas se uniam sexualmente em Beltaine, as crianças geradas eram consideradas filhos do Deus e da Deusa.

Em Beltaine, as sementes plantadas na primavera começam a brotar. É tempo de encorajar e nutrir magicamente o que plantamos em Ostara.

Correspondências e tividades de Beltaine:
* cor verde
* decorar o altar com frutos e coroa de flores
* pular a fogueira e guardar as cinzas para encantamentos de fertilidade
* dançar em torno do mastro
* lavar a face com o orvalho da manhã de Beltaine
* colocar um pedaço de tecido numa árvore e fazer um pedido ao Povo das Fadas
* fazer uma oferenda ao Povo das Fadas
* usar coroa de flores (mulheres) e de folhas (homens)
* fazer um ‘pacote de Beltaine’ com galhos de nove árvores

Bibliografia: Wicca - A Religião da Deusa de Claudiney Prieto
Imagem: fogueira do segundo Festival de Beltaine que oficiei, em 1993, num sítio na cidade de Gravatai/RS
By Mara Barrionuevo

sábado, 29 de setembro de 2012


PLENILÚNIO ÁRIES, SOL EM LIBRA
30 de setembro de 2012

Áries, o primeiro signo do zodíaco, é um signo de fogo, regido por Marte. Representa os inícios, nascimentos, pioneirismos e iniciativas. Possui muita coragem, criatividade e poder de decisão. Tem espírito combativo e guerreiro e é um grande desbravador sempre pronto a trilhar novos caminhos, a desafiar a si mesmo e a vida e se lançar em aventuras. É forte, decidido, independente e original. Na roda zodiacal, nada vem antes dele, o que faz com que siga apenas seus instintos e intuição.

Por outro lado, sua veemência pode torna-lo agressivo e rígido, bravo e irritado. Seu espírito competitivo, em excesso, pode afastá-lo de outras pessoas e suas iniciativas, se impensadas, podem resultar em situações complicadas.

Libra é um signo de ar, regido por Vênus e, quando próximo ao equinócio de primavera o sol entra nesse signo, nos encontramos no ponto médio do zodíaco, quando dias e noites são iguais. É representado por uma balança com seus dois pratos e propõe o justo, o caminho do meio, impulso e contentamento, espontaneidade e reflexão, atração e repulsão de forças contrárias. Moderação, equilíbrio e harmonia são características de Libra, assim como o refinamento, a beleza, a inteligência do elemento ar e a natureza sutil da ponderação.

Por outro lado, é justamente nesse poder de atração que Libra exerce o encantamento sobre o outro para que o outro permaneça próximo, ao seu lado, cultuando-o como a melhor das companhias.

A combinação de um signo masculino regido por Marte com outro regido por Vênus ressalta, ao mesmo tempo, a oposição e a complementação das polaridades: combate e conciliação, eu e o outro, imposição e diplomacia, dar e receber.
Essa polaridade favorece a busca pelo equilíbrio nos relacionamentos, procurando meios adequados para estabelecer igualdade e harmonia, sem sobrecarregar nenhum dos pratos da balança. É o momento de buscar o caminho do meio entre a agressividade de Marte e a passividade de Vênus.

LUA DA SEMENTE

Embora tenha adotado o termo Lua da Semente pela proximidade com o equinócio de primavera, a lua cheia de setembro também é chamada de Lua da Tempestade, Lua dos Ventos, Lua das Seivas, Lua do Arado.

No calendário lunar, é tempo de ritos de iniciação mágica, encantamentos de fertilidade para gravidez e plantio simbólico dos sonhos e projetos.


COLL

O nono signo que compõe o calendário celta, Beth Luis Nion.

A energia desse plenilúnio corresponde ao signo da Aveleira, Coll.
A energia do plenilúnio anterior era a do carvalho; a desse, a do azevinho.  A aveleira é uma árvore pequena e muito produtiva e os frutos que vão se formando, se agrupam no número sagrado da Deusa Mãe.
Na mitologia celta, a árvore cresce sobre um lindo arroio que flui transparente e as avelãs que caem servem de alimento ao salmão, símbolo do conhecimento das artes e da ciência.
Nas lendas, um lindo jovem se senta na borda do arroio, enquanto que uma caçadora se mantém erguida, esperando para pescar um esplêndido salmão. O masculino e o feminino próximos nos remetem à Marte e Vênus.
O número nove de Coll é um número bárdico e se relaciona a Deusa pois é múltiplo de três. As aveleiras davam frutos a cada nove anos.
O aveleiro é também o nome de um deus – Mac Coll (filho do aveleiro), um dos primeiros governantes da Irlanda. Com seus irmãos, Mac Ceacht (filho do arado) e Mac Greine (filho do Sol), celebra um casamento tríplice com três deusas irlandesas: Eire, Fodha e Bandha.
Coll também se relaciona a ametista e a verbena.



A Matriarca da Nona Lunação

"A Mulher do Sol Poente". É a guardiã das gerações futuras. Nos ensina a encontrar a verdade pessoal, encarando o futuro sem medo e manifestando nossas visões na Terra. Aqui, somos responsáveis pelas próximas gerações e devemos lhes deixar um legado positivo e inteiro.

* imagens retiradas da web

* Bibliografia consultada para informações mitológicas/históricas:

The Celtic Lunar Zodiac - Helena Paterson

Livro Mágico da Lua - D. J. Conway

O Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur

Mara Barrionuevo  - jornal O Exotérico, edição maio de 2002

quarta-feira, 29 de agosto de 2012


A Lua Azul

            Em 31 de agosto teremos mais uma Lua Azul.

Acredita-se que a Lua Azul começou a ser cultuada, inicialmente, entre os egípcios, com a substituição do calendário lunar, que marcava o tempo usando as fases da lua, pelo solar, que introduziu  conceito de mês com 30 dias.
Lua Azul é o nome que se dá a segunda lua cheia dentro do mesmo mês. Um fenômeno que acontece, em média, uma vez a cada dois anos e sete meses, sete vezes a cada dezenove anos e trinta e seis vezes no século.
Desde a antiguidade, a Lua Azul é considerada um acontecimento de muita força magnética e poder espiritual, reforçando o sentido de plenitude da lua cheia.

            A Lua Azul nos proporciona uma oportunidade a mais de tocar o divino, um aumento de consciência diante das forças sobrenaturais reforçando, assim, o intercâmbio com outros planos, reinos e dimensões. Por ser considerada um “tempo entre os tempos”, um momento raro e, por isso, muito mais poderoso e mágico, fica mais fácil alcançar o “mundo entre os mundos” por meio dela. É uma lua de abundância, que permite colher muito mais do que se plantou. Os encantamentos tem maior poder e os resultados são mais rápidos.
Pensamentos e desejos tornam-se mais intensos e, assim, qualquer ritual pede maior cautela em relação aos objetivos e pedidos. Mais do que nunca vale a advertência: “cuidado com o que pedir, pois poderá conseguir”.
Com o surgimento do calendário juliano, no início do cristianismo, o culto à Lua Azul passou a ser reprimido por ser considerado uma exacerbação da simbologia lunar, do poder feminino, do culto às Deusas, assuntos perseguidos e proibidos. Mesmo assim, permaneceu sua aura romântica e poética e a Lua Azul passou a ser associada à crença de que era propícia ao romance e ao encontro de parceiros. Surgiu o termo inglês blue moon, significando algo muito raro, impossível, dando origem à músicas e poemas melancólicos ou esperançosos.

            Na mitologia celta, essa lua favorece o contato com o Reino Encantado dos seres da natureza. Invocam-se as Rainhas das Fadas – Aeval, Aine, Aynia, Bri, Creide, Mab e Sin – e empreende-se viagens reais ou imaginárias para os Sidhe, as colinas encantadas, morada do Povo Pequeno.
Para agradar as fadas, os celtas cultivavam perto das casas suas plantas preferidas – calêndulas, verbenas, violetas, prímulas e tomilho – e deixavam oferendas de mel, leite, manteiga, pão e cristais nas clareiras onde os círculos de cogumelos denotavam sua presença. Para favorecer a Visão, abrindo a percepção psíquica, usavam-se Artemísia, em chá ou infusão para banho, suco de samambaias ou orvalho passado nas pálpebras, sachês de mil folhas ou hipericão e invocações mágicas adequadas.

            A Lua Azul é regida pela Matriarca da 13ª. lunação. Ela é “Aquela que se torna a visão”, a guardiã de todos os ciclos de transformação, a mãe das mudanças. Essa Matriarca nos ensina a importância de seguir nosso caminho sem nos deixar desviar por ilusões que possam vir a interferir em nossas visões. Cada vez que nos transformamos, realizando nossas visões, uma nova perspectiva e compreensão se abre, permitindo-nos alcançar outro nível na eterna evolução espiral do espírito. A última visão a ser alcançada é a decisão de simplesmente SER. Sendo tudo e sendo nada, eliminamos os rótulos que limitam nossa plenitude.

            Para criar uma atmosfera apropriada à celebração da Lua Azul, use velas e roupas azuis. Prepare água lunarizada expondo garrafas de vidro azul, cheias de água, aos raios lunares. Prepare ‘travesseiros dos sonhos’, enchendo uma fronha azul com flores de sabugueiro, lavanda ou alfazema, hipericão, folhas de artemísia e sálvia. Imante cristais e pedras azuis, como o topázio azul, a safira, o berilo, a água-marinha, o lápis-lazuli e a sodalita. Use músicas com o som da natureza, como pios de coruja, uivo dos lobos ou canto das baleias. Permita que sua criatividade e intuição levem-no ao Reino das Fadas ou ao encontro das Deusas lunares.
Olhe fixamente para a lua e ‘puxe’ sua luz para sua testa, coração e ventre.
Conecte-se, em seguida, à Matriarca, pedindo orientação sobre as mudanças necessárias para alcançar a real transformação.
Permaneça, depois, em silencio, ouvindo as respostas ecoando em sua mente ou alegrando seu coração.
·        Mirella Faur - O Anuário da Grande Mãe 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Morrighan

Quando acordei da anestesia, meu corpo se contorcia em dor. Era para ter sido rápido, era para ter sido simples ... não foi. Cinco horas e muito sangue perdido depois, a dor gritava.
Eu não. Não articulava uma palavra, respirava mal e não sabia ser possível tanta dor.
Ouvia a enfermeira dizendo 'ela acordou' e ouvia o médico proibindo analgesias. 'A pressão dela está muito baixa; pode fazer coma'.
Não sei quanto tempo se passou até alguém lembrar de transfusão de sangue.
O sangue entra cortando as veias; é muito mais espesso do que soro e te faz sentir sua passagem a cada centímetro.

Foi nesse ínterim que Ela apareceu. O Grande Corvo.
O Corvo planava tão baixo que podia sentir seu hálito de morte.
Ela questionou: "Não querias ver Minha face de perto? Aqui estou!"
"Te vejo e Te sinto, Mãe", eu respondi.
A dor gritava, o corpo mal respirava e os médicos falavam na pressão que não subia.
"Não pensei ser digna dessa honra, Mãe. Ser levada por Ti, eu que nem guerreira fui. Fui apenas ousada, usando Teu nome no meu."
"Mãe, me dá alguns minutos? Tem gente que eu preciso perdoar, tem gente pra qual eu preciso pedir perdão"
Ela não respondeu. Apenas ficou ali, sobre mim, suas grandes asas negras.
Perdoei a quem achava que precisava ser perdoado, pedi perdão a quem feri.
Por fim, sem temor algum, disse à Ela: "Estou pronta Mãe, pode me levar"
E eu, que nem sabia ser digna da presença Dela, pensei: "é uma honra ser Tua filha, e a maior honra que um filho Teu pode receber é ser levado por Ti".
Seus olhos negros fitaram no fundo dos meus. Fechei os olhos, sem me perguntar para onde Ela me levaria, quando ouvi novamente Sua voz: "Ainda não é tua hora. Vive e honra Meu nome".
A transfusão de sangue começava a fazer efeito.
E eu, filha ingrata, quase esqueço de escrever essas palavras.

Blessed be, Morrighan

terça-feira, 27 de março de 2012

Páscoa - Origens e Mitos


Oito de abril, Páscoa! Dia feliz, quando podemos nos deliciar sem culpa com guloseimas das mais gostosas e variadas, desde os deliciosos pães de mel até os irresistíveis chocolates em forma de ovos e coelhos (você já teve o indiscutível prazer de morder a orelha de um coelho de chocolate?).
Páscoa, crianças de zero a 100 anos ansiosas e felizes, esperando pelo Sr. Coelhinho com seu enorme ninho recheado de ovos.


Para a maioria dos adultos, mais do que distribuição de chocolates a Páscoa é uma festa religiosa que comemora a Ressurreição do Cristo. Mas, o que teria em comum o dia da ressurreição, os chocolates, os coelhos e ovos? Para responder a essa pergunta, vamos voltar na história e tentar entender a origem dessa festa religiosa.

Na antiguidade, algumas representações de Deusas as mostravam acompanhadas de lebres, coelhos e ovos.
Na Grã-Bretanha, fala-se de uma deusa com o nome de Andraste. Pouco se sabe dessa Deusa, a não ser que era cultuada pela rainha-guerreira Boadicea. Andraste era associada à lua e o coelho era seu animal sagrado. De acordo com a história, a rainha Boadicea esteve perto de expulsar os conquistadores romanos, soltando um lebre um pouco antes da batalha. Ao observar o padrão de fuga da lebre, Boadicea teria previsto a conduta da batalha.
Uma versão posterior de Andraste é Eostre (interessante observar que o têrmo equivalente à Páscoa em inglês é easter). Eostre é a mesma Ostara, a deusa saxã da primavera e da fertilidade.
Ostara é representada segurando um ovo com uma das mãos, e mantendo um coelho aos seus pés. O coelho é sabidamente um símbolo da fertilidade, motivo pelo qual é o animal sagrado de Ostara. Já o ovo desde os tempos primitivos é simbólico.
Havia o Ovo do Mundo chamado pelos hindus Hiranya Garbha, no qual Brahmâ foi gestado e o Ovo do Mundo dos egípcios que procede Knef, a divindade não criada.
Havia ainda o Ovo da Babilônia no qual a deusa Ishtar foi gestada. De acordo com a lenda, o Ovo da Babilônia caiu no rio Eufrates.

Ovos coloridos foram usados durante centenas de anos na estação da primavera - a estação da fertilidade, pois o ovo é e sempre será emblema de nascimento ou de renascimento humano ou cósmico, celeste e terrestre. Na antigüidade eram pendurados em templos egípcios e trocados como símbolos sagrados. Ainda hoje podemos vê-los suspensos nas mesquitas maometanas.

Já a Deusa Ostara era o símbolo da ressurreição e adorada por vários povos, sob diferentes nomes - Ostara, Ostera, Esther, Eostre e Andraste, no início da estação das flores. Era costume entre os pagãos saxões e escandinavos, em tal época do ano, a troca de ovos coloridos, chamados de “ovos de Ostara”, que se tornaram os atuais ovos de Páscoa.
Os romanos celebravam a primavera com corridas em pistas ovais e ofertando ovos como prêmio. Desde a antigüidade, vários povos celebram nessa ocasião - o Equinócio de Primavera - um dos oito festivais conhecidos atualmente por Sabats.

O Festival do Equinócio de Primavera é um antigo rito de fertilidade que celebra o renascimento da vida na terra e o tempo do equilíbrio, onde dia e noite são iguais. É o momento no qual a donzela Kore retorna do reino de Hades para os braços de sua mãe, Deméter. Feliz, a Deusa faz a terra brotar. Nesse Festival, são honradas as deusas Ostara e Eostar, motivo pelo qual algumas Tradições chamam tal ocasião de Festival de Eostar. Em homenagem à Deusa, os pagãos ainda hoje pintam ovos com tinta colorida e atiram nas fogueiras.
(vale lembrar que os ritos da Antiga Fé surgiram no hemisfério norte e lá, agora, é primavera)

O cristianismo, adotando tal festa religiosa, deu outro significado a esse festival de renascimento e fertilidade, relacionando-o com a festa de ressurreição de Cristo que, como a vida latente no ovo, dormiu no sepulcro por três dias para então renascer para uma nova vida. Isso porque o Cristo era identificado como o Sol da Primavera que renasce após a morte do inverno.

Até hoje, o domingo de Páscoa é determinado pelas datas do festival pagão, pois o equinócio de primavera no hemisfério norte - local onde surgiram os ritos, acontece por volta do final de março.
O dia de Páscoa é determinado pelo primeiro domingo (dia do Sol) após a primeira lua cheia (o símbolo da Deusa grávida), após o equinócio (no hemisfério Sul, o equinócio de outono).
Como muitas das festas religiosas do cristianismo, a Páscoa é enriquecida com inúmeras características, costumes e tradições pagãs. A lebre, sagrada para as deusas lunares, e o ovo, símbolo do nascimento e renascimento, transformaram-se nas principais estrelas da festa de Páscoa.

Para aqueles que desejarem festejar a Páscoa como os antigos pagãos, vai aqui uma dica: Na noite anterior à Páscoa, acenda uma vela dourada, amarela ou verde e queime incenso de jasmim ou salva. Pinte com tinta colorida alguns ovos (um deles de dourado, simbolizando o sol). Separe alguns e ofereça aos amigos mais queridos. Projete nos restantes aquilo que gostaria de ver nascer ou renascer em sua vida e atire-os num fogo - fogueira, caldeirão, lareira ou numa churrasqueira - em honra da deusa Ostara.
Inclua em sua refeição ovos cozidos e bolos de mel.

Tenha um feliz Festival de Eostar e é claro, uma deliciosa Páscoa!

* texto: Mara Barrionuevo para jornal O Exotérico (numa Páscoa de mil, oitocentos e coquinhos)
* imagens da web

sexta-feira, 9 de março de 2012

XAMANISMO - A VIAGEM INICIÁTICA DA ALMA


Há cerca de 120.000 anos, viveu sobre o planeta o Homo Sapiens Neanderthalensis, ou Homem de Neanderthal. Esse homem primitivo possuía um cérebro igual ao nosso, usava instrumentos bem feitos e enterrava seus mortos. Para alguns historiadores, as primeiras manifestações de religiosidade da raça humana surgiram ai, no momento em que nosso antepassado passou a ritualizar a morte.
Depois do Homem de Neanderthal, no final do período Paleolítico, iniciou-se a evolução do Homo Sapiens Sapiens. Esse ancestral do homem deixou registrado, através de pinturas em cavernas, os primeiros sinais mágicos. A arqueologia registra, entre outras, as pinturas de animais nas cavernas de Lascaux e Niaux, na França e de Altamira, na Espanha.

Há 40 000 anos, nossos ancestrais viveram numa Europa em que grandes lençóis de gelo faziam seus últimos movimentos e, como caçadores, eles se aventuravam em pequenos grupos na perseguição de renas e bisões para garantir a sobrevivência dos clãs.
Alguns deles pintavam nas paredes das cavernas, antes da caçada, o animal que seria abatido e cujo espírito desejavam homenagear. Os especialmente dotados convocavam então as manadas até uma armadilha, onde alguns animais se deixariam capturar, garantindo assim a carne que os alimentaria.
Esses caçadores, chamados hoje xamãs primitivos, vestiam-se com peles e chifres e, em harmonia com o espírito da manada, se identificavam com os ritmos da natureza. Na Sibéria e Ucrânia, esses xamãs se identificavam com a natureza adorando uma Senhora dos Mamutes.

Xamã é uma palavra oriunda dos povos Tungus da Sibéria, usada pelos antropólogos para designar uma classe de pessoas dotadas de poderes ou conhecimentos especiais. Tais pessoas são, em culturas ocidentais, conhecidas como feiticeiros, curandeiros e videntes.
Mas nem todo feiticeiro ou vidente pode ser considerado um xamã. A antropologia moderna chama de xamanismo às religiões animistas onde o pajé, feiticeiro ou xamã é a figura central.
Xamã é uma pessoa - homem ou mulher - que desenvolveu a habilidade de acessar um determinado estado de consciência que o torna capaz de contatar uma realidade não visível à grande maioria das pessoas. Nessa realidade, que pode ser chamada supra sensorial, o xamã busca poder, conhecimento e capacidade de cura para os males físicos e espirituais da humanidade.
A técnica usada pelo xamã para acessar os níveis internos da realidade externa poderia ser comparada a técnicas de transformação de consciência usadas pela yoga. Porém, o xamanismo retira seus ensinamentos da própria natureza - animais, plantas, pedras, o próprio meio-ambiente configuram o vasto campo de aprendizado do xamã.

O antropólogo Michael Harner, estudioso do xamanismo entre as tribos Conibo e Jivaro da Amazônia peruana, fala dessa capacidade de transformação de consciência como êxtase - um transe durante o qual a alma do xamã, ao que parece, deixa o corpo e sobe aos céus ou desce ao submundo a fim de aprender.
A esse êxtase, a maioria dos antropólogos, inclusive o próprio Dr. Harner, chama de Estado Xamânico de Consciência (EXC). No EXC, o xamã não apenas desloca sua consciência da realidade física, como percebe claramente a realidade incomum a sua volta, sendo capaz de discernir sábia e perfeitamente a cerca do que passa a perceber.
Metaforicamente, essa mudança consciente de realidade é chamada pelo xamã de viagem.
Tal como os antigos druidas, que participavam de uma morte simbólica durante suas iniciações, e durante tal morte - ou transe - viajavam ao mundo dos espíritos para buscar sua sabedoria, o xamã empreende sua viagem durante um transe no qual o corpo físico permanece imóvel, enquanto que a alma galga livre por entre os inúmeros mundos que habitamos sem perceber, embora façam eles parte de nossa realidade.

São três as categorias de viagens xamânicas: as que acontecem através do submundo, do mundo do meio e do mundo superior.

A viagem ao mundo superior se caracteriza pela sensação de voar ou escalar uma montanha ou um árvore. Encontramos aqui um paralelismo entre o xamanismo e diversas outras culturas, onde o simbolismo da árvore encontra-se presente, como a Árvore da Vida da Cabala judaica, a Árvore do Mundo, Yggdrasil , da cultura nórdica ou a Árvore do Conhecimento, responsável pela expulsão de Adão e Eva do paraíso. A Árvore dos Xamãs, de acordo com Mircea Eliade em Xamanismo - Técnicas Arcaicas do Êxtase, encontra-se no centro do mundo e é por ela que eles sobem e descem durante suas viagens.

A maior característica do xamã tribal é o exercício da medicina natural. É para tornar-se um grande curandeiro que o xamã empreende suas viagens em busca de conhecimento e, como curador da tribo, o xamã tem obrigação de conhecer a doença.
Para isso, aqueles que estão sendo treinados passam por um estágio chamado ‘doença do xamã’ ou ‘o curandeiro ferido’. Submetem-se voluntariamente a experiências de doença para delas retornarem curados e sábios, muitas vezes com o auxílio de um espírito-guia, que se convencionou chamar Animal de Poder.
Além desse animal, um xamã reúne insetos, plantas e outros objetos, que se tornarão tsentsak, espíritos auxiliares de cura, que lhe prestarão ajuda em suas lutas contra demônios ou espíritos maus que provocam doenças. De seus rituais farão parte também estranhas beberagens alucinógenas, animais míticos, tambores e chocalhos, canto e dança, e muitos, muitos espíritos.
Então, todos prontos para começar a viagem?

PRÁTICAS XAMÂNICAS

Quando, no ano de 1968, Carlos Castaneda lançou seu primeiro livro, Os Ensinamentos de Don Juan, traduzido para o Brasil como A Erva do Diabo, o xamanismo estava sendo apresentado ao ocidente civilizado.
Desde então, centenas de fãs e muitos livros depois, termos como peiote, ayahuasca, animal de poder e viagem xamânica passaram a fazer parte do vocabulário e da vida de um número sem-fim de ocidentais apaixonados pela arte desses magos da natureza. Algumas das práticas xamânicas são aparentemente simples; já outras, bem...é melhor deixar para os xamãs.

BUSCA DO SONHO

Sonhar, para o xamã, não possui a conotação habitual.
Um sonho xamã é, na verdade, um ensinamento recebido dos espíritos. Os aborígenes australianos dizem que o Grande Espírito nos sonha, até o sonho se materializar. O objetivo do xamã é ligar-se ao Grande Espírito pegando o fio de seu sonho e sonhando junto com ele.
De acordo com sua crença, é difícil para os espíritos se comunicarem conosco quando estamos acordados, pois nossa mente consciente racionalizaria as informações recebidas. O xamã ou curandeiro nativo busca, através dos sonhos, a sabedoria dos curandeiros espirituais, que podem se manifestar através de animais, plantas ou pedras que falam, criaturas míticas e universos paralelos.
Através do sonho é possível contatar também seu Animal de Poder e, de acordo com algumas teorias, transformar a realidade provocando uma mudança no sonho. Para os xamãs, certos sonhos devem ser mantidos em segredo, pois, compartilhar um sonho de poder com a pessoa errada pode significar a perda desse poder ou mesmo a aquisição de alguma doença.

ERVAS DE VISÃO



Alguns curandeiros se utilizam de uma série de plantas psicoativas para buscar sonhos ou empreender as viagens xamãnicas. Uma dessas ervas, o peyote ou erva do diabo, forneceu o título em português para o primeiro livro de Castaneda.
O peyote, utilizado em doses conhecidas pelos curandeiros, provoca sonhos e visões, principalmente pela quantidade de veneno arsênico natural que se encontra na planta. Curandeiros nativos do sudoeste dos EUA se utilizam de outra planta para obter os mesmos resultados: a datura ou trombetinha, também citada por Castaneda em seus livros.
No entanto, a mais conhecida e utilizada de todas as plantas é, provavelmente, a ayahuasca, ou pequena morte, como é chama entre os nativos.
Os índios Conibo preparam uma beberagem feita da mistura de raízes da ayahuasca com folhas de cawa, outra planta alucinógena. Tal beberagem, fervida durante horas, resulta num líquido verde-escuro que deve ser ingerido sob supervisão do xamã, pois pode provocar a morte.

Apesar do largo uso de tais plantas, principalmente a ayahuasca, não somente entre pajés e xamãs, mas entre praticantes do Santo Daime e entre os ayahuasqueiros - descendentes de nativos que tratam doenças sob o efeito da droga - o curandeiro precisa conhecer outros métodos para alcançar a visão sem o uso das ervas. É essa habilidade que faz dele um verdadeiro xamã.

A VIAGEM

Numa viagem feita em EXC, o xamã mantém o controle sobre o rumo que deseja tomar, mas não sobre aquilo que vai descobrir. Transforma-se ele num explorador das infinitas possibilidades do universo oculto.
Entre os Chukchee da Sibéria, o ritual começa no escuro, ao som de tambores. O som cessa no momento em que o xamã cai no chão, pois ele está na verdade caindo no Mundo Profundo. É o começo da viagem.
Para empreender a viagem, o xamã necessita de uma passagem para o Mundo Profundo, que pode existir tanto na realidade física quanto na realidade incomum.
Os aborígenes da Califórnia usam como entrada uma nascente de águas quentes; os Arunta da Austrália tem num toco oco de árvore a entrada para o Mundo Subterrâneo. Outras entradas podem ser também cavernas, tocas de animais, buracos no chão, todas elas a porta de um túnel pelo qual desce o xamã. Os xamãs são conhecidos como aqueles que têm a capacidade de viajar longas distâncias sob a terra, entrando por uma nascente ou um buraco e saindo em outro lugar ou, por vezes, no mesmo.

MEDICINA NATURAL


O xamã é, na verdade, o grande curandeiro e são várias as formas usadas para curar, que variam de acordo com a sua tradição. Um índio Jivaro do Peru não usa necessariamente os mesmos meios de um aborígene australiano, embora a maioria das práticas seja comum a todas as culturas.
A medicina natural é praticada durante uma cerimonia de cura que dura até quatro dias. São usados a fumaça das ervas, as canções, o tambor e o chocalho, a dança e a fumaça de um cachimbo para estabelecer comunicação com o Grande Espírito e atrair seus aliados espirituais.

No xamanismo jivaro, tais aliados podem ser os tsentsak, espíritos auxiliares compostos por plantas, insetos e objetos pequenos o bastante para serem engolidos pelo xamã. O mau xamã usa tais aliados para provocar doenças; já o bom xamã usa esses mesmos tsentsak para ajudá-los a sugar os espíritos do corpo do paciente. Para isso, o curandeiro bebe ayahuasca para ver dentro do corpo doente.

Outra forma de cura indígena é o suor medicinal ou Tenda do Suor. Tal tenda é uma espécie de mini templo onde são usados o vapor da água aliado a alguma erva de cura e suas finalidades são diversas.
Na maioria das vezes, a busca é de purificação ou visão, quando então é oferecido tabaco para atrair os espíritos. Apesar da simplicidade, dizem os xamãs que não existem duas cerimônias iguais de Tenda do Suor.

ANIMAIS DE PODER


O xamanismo cultiva a crença de que todos os seres e fenômenos, sejam animais, vegetais, minerais, vento, sol, lua e estrelas, nuvens, rios ou montanhas tem poder.
Mais do que isso, durante séculos o xamã acreditou que seu poder era o mesmo dessas energias. Em seus mitos, os animais costumam ser apresentados em forma humana, com características individuais que identificam cada um deles.

Embora a irmandade mítica homem-animal esteja perdida entre as culturas antigas, o xamã ainda hoje busca uma estreita relação com a força desses animais. Tais animais não são, no entanto, comuns. Para os xamãs, não existe um corvo, um veado, um lobo. Existe O Corvo, O Veado, O Lobo.

O Animal de Poder representa a energia de uma espécie inteira, o que dá a ele o poder espiritual que os ocultistas chamariam de poder da alma-grupo. No México, o Espírito Guardião ou Animal de Poder é conhecido pela palavra nagual, que corresponde tanto ao animal, quanto ao xamã que se transforma nesse animal.

São várias as formas pela qual o xamã, ou mesmo o indivíduo comum, pode reconhecer seu Animal de Poder. O método mais usado é a busca da visão do animal numa vigília solitária num lugar agreste.
Alguns empreendem a busca numa espécie de viagem xamanica. Para isso, é necessário um ambiente tranquilo e sem interrupções. O buscador visualiza a entrada do Mundo Profundo como um buraco, uma caverna ou a passagem pelo tronco oco de uma árvore. A paisagem que surge pode ser uma campina, uma floresta, uma praia. Caminhando por essa paisagem, é possível identificar o Animal de Poder, contatá-lo e familiarizar-se com ele. Muitas vezes não é na primeira tentativa que o contato se faz. É preciso não desistir.

O Animal de Poder é geralmente selvagem. Por vezes se apresenta como um animal mítico como um centauro ou um dragão. Jamais será um inseto, ou se apresentará como um réptil mostrando as presas. Para que seja reconhecido como Animal de Poder, deverá ser identificado pelo menos 4 vezes.

O modo mais fácil para começar a trabalhar com os Animais de Poder é estudar primeiro as habilidades naturais do animal e como metaforicamente você vai aplicá-las em diversas situações na vida.
Por exemplo, por sua visão apurada, a Águia poderia lhe ajudar a manter uma visão de suas verdadeiras metas. Uma imagem de uma águia capturando sua presa é uma ferramenta poderosa para ajudá-lo alcançar metas. Tais imagens servem para lhe dar a força que você precisa para manter seu foco e alcançar metas.
Estudar também o modo de vida natural dos animais que representam seu Animal de Poder lhe ajuda a criar um laço poderoso com ele.
Estude ainda algum outro significado que esse animal pode ter em outras culturas. Por exemplo, para alguns: o urso representa introspecção, o colibri representa alegria, e o leopardo representa poder interno. Podemos usar estes mitos para nos ajudar a conectar com nossos Animais de Poder e como um enfoque para entender o que esses animais aliados vieram nos ensinar.
Assim que você estabelecer uma conexão forte com seu Animal de Poder, você poderá chama-lo quando desejar para auxiliá-lo e aconselhá-lo. Geralmente essa comunicação se dá pela Jornada Xamânica ou uma voz interna.

Uma das formas para conectar com seus Animais de Poder é utilizar um enfoque (um objeto físico para representar o animal) que pode ser um quadro, uma imagem, uma reprodução em miniatura ou uma parte do corpo, como um dente ou uma asa.
Qualquer um desses objetos poderá ser-lhe útil em sua conexão com ele. Segure o objeto e procure sentir a energia fluindo pelas mãos e tomando conta de todo seu ser dando-lhe a paz e o respeito necessário para a conexão.
(Nada de sair por ai abatendo animais para obter uma parte dele. Em caso de compra, certifique-se da origem. Ninguém quer trazer consigo parte de um animal que foi abatido para comércio).

Outro modo saudável para conectar com seu Animal de Poder é imitar o movimento dele. Exercite os movimentos que ele faz para livrar-se da tensão. Combinando esses movimentos com uma dança, você terá um pequeno ritual irá ajuda-lo no fortalecimento espiritual e em sua conexão com ele.
É muito importante, para manter esse elo, que você se ‘transforme’ regularmente no seu Animal de Poder, para que ele sinta-se satisfeito e possa permanecer ao seu lado. Esse espírito animal que existe na nossa mente-corpo, deseja ter a alegria de existir na forma material. Temos que encarar esse fato como uma permuta, pois tal como o ser humano deseja sentir a realidade incomum tornando-se um Xamã, também o Animal de Poder deseja sentir a nossa realidade entrando no corpo de um ser humano vivente. E você pode fazê-lo imitando os seus movimentos, criando uma 'dança' que vai possibilitar que ele se expresse através de seu corpo.

Mas, atenção: a busca pelo Animal de Poder, embora seja simples na teoria requer, na prática, muita experiência nos vários planos existenciais. Tentar empreender essa viagem sem ser guiado por quem já conhece o caminho é desaconselhável e perigoso.
(lembrem-se daquela velha história de crianças assistindo a um filme do Super Homem, e tentando reproduzir as proezas do herói. Não basta colocar uma capa vermelha e pular da janela)

Eis aqui alguns dos tantos Animais de Poder, e seu significado simplificado:

Águia - Conhecida como o pai do primeiro xamã, é considerada um animal iniciador, por simbolizar o voo do espírito livre alçando grandes alturas. A águia é símbolo da grande percepção, do conhecimento, da coragem, da liberdade e da nobreza.

Alce - Entre os índios americanos, o alce é o Espírito da Floresta. Para as antigas religiões, ele representava o Deus com Cornos ou o Divino Caçador. É o emblema da luz, da fecundidade e da renovação cíclica, da abundância das estações e da vida.

Búfalo - O búfalo, principalmente o branco, é entre os índios a representação do divino e de que suas preces estão sendo ouvidas. Os Lakotas reverenciam uma Mulher Novilha do Búfalo Branco. O animal simboliza a abundância, a vida semeada, o macho.

Beija-Flor - Esse delicado pássaro simboliza a leveza, a beleza, o júbilo e a alegria que pode ser expressa por aqueles que dançam o ritmo da vida. Símbolo da independência, dá aos homens o conhecimento do uso das flores e da qualidade das ervas para a cura.

Cavalo - Apesar de ter sido conhecido como animal funerário, o cavalo representa para o xamã o poder físico e o poder revelado. Seus atributos são a síntese do poder animal no homem e o caráter clarividente. Simboliza também poder e liberdade.

Coiote - Para os índios americanos, o coiote é o grande trapaceiro e responsável pelos males que atingem a humanidade, pela morte e pelos invernos. Apesar disso, é o símbolo da sabedoria, da criação, das brincadeiras, da inteligência e da adaptabilidade.

Castor - O castor é o construtor do reino animal. Constrói em regime de cooperação e revezamento. É o elaborador dos sonhos e simboliza a capacidade de sonhar sem ficar perdido. É um aliado na busca por um lar ou companheiro e protege nossas criações.

Cobra - Os índios consideram a cobra ou serpente um exemplo de adaptação à vida. Ela simboliza a ressurreição e a iniciação, o conhecimento, o renascimento e a expressão feminina. É também o símbolo da transmutação, dos ritos e da Mãe Terra.

Coruja - A Medicina da Coruja, entre os índios, está relacionada à clarividência, a projeção astral, a sabedoria e ao poder feminino. Sua audição e visão superiores a transformam na senhora da magia e representante da sabedoria do silêncio e da lua.

Corvo - O corvo é o Mensageiro do Vazio, aquele que nos dá coragem para penetrar na escuridão desse vazio, que os índios chamam de Grande Mistério. É o mensageiro do Reino Espiritual e nos ensina a enfrentar a existência sem ter medo do desconhecido.

Lobo - Na tradição indígena, o lobo é aquele que mantém a energia primal, preservando seu território e sua espécie. Tem visão, audição e olfato muito sensíveis. Simboliza o professor, o guardião, a espiritualidade, a lealdade, o conhecimento.

Puma - Para os índios é o Leão da Montanha e o animal totem da coragem e valentia no combate. Representa o poder, a força, a energia da liderança. Nele estão em harmonia a leveza, a beleza, o controle das energias, da força física e do poder pessoal.

Pantera - Associada ao leopardo e ao jaguar, é um totem muito antigo e poderoso. Esta associada à agressividade, a força e a ferocidade. Busca sua força no silêncio e é obstinada em perseguir e alcançar suas metas. Encontra seu poder na escuridão.

Raposa - Para os índios, ela é a Raposa Prateada, a heroína da criação. O Grande Espírito honrou-a com o dever de manter a família unida. Ela simboliza a proteção, a segurança, a camuflagem e a defesa do clã, e ainda a magia feminina e manutenção.

Urso - O urso é o Mestre da Floresta e é chamado para despertar o grande poder feminino e os poderes do inconsciente. Por isso, é invocado pelos xamãs para trabalhos de visão. Esta relacionado à Grande Mãe, as trevas, aos sonhos e poder inconsciente.


Gratidão ao Lobo, meu Animal de Poder, por estar caminhando comigo há 20 anos.

* imagens da web
* Bibliografia:
Michael Harner - O Caminho do Xamã
Mircea Eliade  - Xamanismo  Técnicas Arcaicas do Êxtase
A Iniciação de um Xamã - Kay Cordell Whitaker
Mara Barrionuevo para o jornal O Exotérico, edição de 1995

quarta-feira, 7 de março de 2012

TAROT - 78 DEGRAUS DE SABEDORIA


ORIGENS

No ano de 1432 um artista chamado Bonifácio Bembro pintou, para a família Visconti, um baralho de 78 cartas sem nome e sem número. Nesta época casavam-se Bianca Maria Visconti e Francesco Sforza.
Este baralho, chamado posteriormente de Visconti-Sforza, é um dos mais antigos baralhos de Tarô conhecidos e ainda existe na Biblioteca Pierpont Mongan em Nova York.
O termo Tarô, sua origem, assim como a origem das cartas permanece na obscuridade. Alguns estudiosos, entre eles Court de Gebelin, acreditam que a palavra Tarô deriva de dialetos egípcios - Tar = caminho e Ro = real.
Com a palavra Tarô é possível escrever uma frase que confirmaria esta origem - ROTA TARO ORAT TORA ATOR, que significa A RODA (no caso o arcano 10, Roda da Fortuna) DO TARO FALA A LEI DE ATOR (ou Hathor, divindade egípcia ligada à iniciação).
A origem das cartas também é obscura. De acordo com Paul Foster Case, elas teriam sido criadas num congresso de ocultistas em Fez, no Marrocos, para superar barreiras lingüísticas, pois a linguagem do símbolo é universal. W.A. Chatto, em seu livro “História das Cartas de Jogar” afirma terem sido inventadas em 1120 a.C. no reino do imperador chinês Seun-Ho para divertimento de suas diversas concubinas.
Outra teoria diz terem sido “inventadas” por Jacques Gringonneur para divertir Carlos VI da França.
Mas alguns dos maiores expoentes do ocultismo, como Papus, Eliphas Lévis, Mac Gregor Mathers e Antoine Court de Gebelin acreditam que o Tarô tenha surgido entre a civilização egípcia, através dos ensinamentos do grande iniciado Hermes Trismegisto - chamado Toth entre os egípcios.
Cout de Gebelin dedicou 20 anos de sua vida a pesquisa da mitologia antiga e procurou redescobrir a língua primitiva, cuja escrita hieroglífica explicaria as várias mitologias conhecidas. Em 1775 publicou sua pesquisa sob o título “Le Mond Primitif”, onde apresenta sua teoria sobre a origem egípcia do Tarô.
O grande magista Papus descreve a origem do Tarô da seguinte forma:
“Há três mil anos, em meio a grandiosa civilização egípcia, a ciência e a religião se achavam confinadas num só estudo, e todos os sábios, engenheiros, médicos e escribas eram chamados Iniciados.
No Templo era dada a instrução em todos os graus, conforme métodos pré-estabelecidos. A instrução mais elevada era dada no interior da Grande Pirâmide, Quéops. Sustenta a Tradição Hermética que as duas Chaves, o Tarô e a Astrologia, se encontram no interior desta pirâmide. Refere-se a ela um túnel, por baixo das patas da esfinge, a um Templo de Iniciação. Neste Templo, ao longo das paredes, veem-se tabuinhas nas quais estão inscritas as cartas do Tarô, que “pintam” a história da iniciação da alma à proporção que ela percorre o Ciclo da Necessidade.
Há 108 tabuinhas: 78 são o que conhecemos como Tarô Exotérico e 30 são o Tarô Esotérico. As últimas, de acordo com a Tradição, nunca foram produzidas no campo físico. Os neófitos, de acordo com seu grau de iniciação, alcançavam uma a uma, as 78 primeiras tábuas.

Houve um tempo em que o Egito, não mais podendo lutar contra seus inimigos, teve que preparar-se para morrer dignamente. Foi então que os sábios egípcios formaram uma grande assembléia para decidirem como salvariam da destruição a Ciência, reservada até então unicamente aos homens dignos de possuí-la. Discutiram primeiramente se os segredos seriam transmitidos a homens virtuosos recrutados secretamente. Mas, tendo observado que a virtude é a coisa mais frágil e difícil de encontrar, decidiram confiar a Tradição ao vício.
Foi então que se gravaram, em pequenas lâminas, misteriosas figuras que ensinavam outrora os maiores segredos da Ciência dos Magos, e desde então jogadores transmitem, de geração em geração, esse Tarô, melhor ainda do que o teriam feito os homens mais nobres da terra.
Porém, o baralho de jogar que conhecemos hoje encerra apenas os Arcanos Menores. Não teríamos um baralho completo se um povo conhecido pelo apego às tradições religiosas e as Sagradas Escrituras não as tivesse preservado durante milhares de anos: o povo hebreu. Eles receberam seu texto sagrado de Moisés, que foi iniciado no Egito e transmitiu a esse povo os mais profundos Mistérios da criação e da natureza humana. Os rabinos-iniciados têm preservado até hoje o Livro de Moisés inalterado. As várias partes do texto juntas formam a Torá, a Lei. Os textos sagrados que contém a chave da compreensão da Torá são o Zohar, a Clavícula de Salomão e o Tarô, que juntos formam a Kabala , ciência dos Deuses, da natureza e do homem.

MAS, AFINAL, O QUE É O TARÔ?

O termo Tarô aplica-se a um baralho de 78 cartas dividido em dois grupos principais: os Arcanos Maiores e os Arcanos Menores.
Os Arcanos Maiores, também chamados Trunfos, são 22 cartas numeradas de 1 a 21 e uma carta sem número, ou numerada zero, conhecida como O Louco.
Em alguns baralhos são numeradas de 1 a 22, sendo o Louco, apesar de não possuir número, o correspondente a posição número 21. Cada uma das outras 21 cartas traz um número, um título e uma figura simbólica que normalmente descreve um quadro estranho à nossa cultura, como a Roda da Fortuna, o Enforcado ou a Temperança.
Estas figuras são a representação de arquétipos universais, e despertam na mente do tarólogo uma história relacionada com a tendência geral da situação estudada.
Os Arcanos Maiores ilustram, além do conhecimento do universo e de si mesmo, a vida humana: suas alegrias e dores, esperanças e desesperanças, amizades, casamentos, doença e morte. Espelham a humanidade em suas múltiplas faceta ou “humanidade decaída”.

Cada um dos Arcanos Maiores relaciona-se ainda a um planeta ou signo zodiacal, uma letra do alfabeto hebraico, um dos 22 caminhos da Árvore da Kabala, um arquétipo, um mito, enfim, a um infindável número de possíveis relações, o que torna possível afirmar que o Tarô é um esquema cosmogônico completo.

Os Arcanos Menores, em número de 56, subdividem-se em 4 naipes - ouros, copas, espadas e paus, que por sua vez tem como os Arcanos Maiores uma série de relações, cujas principais são os quatro elementos e os quatro mundos habitados pelo homem, ou seja : ouros / terra / mundo físico, copas / água / mundo emocional, espadas / ar / mundo mental, paus / fogo / mundo espiritual.
Estão relacionados também com as quatro esferas ou mundos da Kabala: Assiah, Yetzirah, Briah e Atziluth.
A cada um dos quatro naipes pertence uma série de cartas numeradas de 1 a 10 e quatro ilustradas com figuras humanas, conhecidas como Corte ou Realeza.

Assim como os Arcanos Maiores estão relacionados aos signos e planetas, os Arcanos Menores se relacionam aos decanatos do zodíaco. Sendo assim, temos 40 cartas numeradas das quais retiraremos os quatro ases, pois os ases não se relacionam a decanatos, mas representam a síntese do elemento de seu naipe. As 36 cartas restantes, numeradas de 2 a 10, representam os 36 decanatos: 12 signos x 3 decanatos cada = 36 decanatos.

Além disso, cada Arcano Menor, com exceção dos ases, traz a posição de uma planeta num signo, o que por si só explicaria seu significado.
Como exemplo, podemos tomar o Sete de Copas, uma carta que nos fala de sonhos, devaneios, mediunidade, às vezes alucinações e é regida por Netuno em Escorpião ou o Seis de Ouros, que nos fala de abundância material e é regido pela Lua em Touro. Os vários elementos associados nas cartas representam não só experiências, mas também diferentes enfoques da vida.

As cartas da Corte ou Realeza representam 16 tipos de personalidades diferentes. São elas: o Rei ou Cavalheiro, a Rainha, o Valete, Cavaleiro ou Príncipe e o Pajem ou Princesa (a nomenclatura depende do autor do baralho). Nas cartas da Corte temos uma “família” completa para cada naipe.
Quando aparecem numa leitura de Tarô, podem representar pessoas, personalidade de pessoas ou de acontecimentos, decisões pessoais ou decisões de terceiros ou fatores humanos que tendem a influenciar nos acontecimentos. Um Rei, por exemplo, não significa exatamente um homem, nem uma Rainha uma mulher.
Doze dessas 16 cartas estão relacionadas aos signos, ou especificamente, aos graus dos signos do zodíaco. Por exemplo, o Rei de Paus é regido pelo signo de Áries, a Rainha de Copas por Peixes e o Príncipe de Espadas por Aquário. Pode-se dizer que essas doze cartas cobrem o mapa do céu. As 4 restantes, os Pajens, estão relacionados com os pólos.

Para sintetizar o significado das 78 cartas, podemos afirmar que os Arcanos Maiores refletem as decisões dos Deuses (o Karma), as Cartas da Corte as decisões dos homens (o livre arbítrio) e os Arcanos Menores são as forças postas em jogo pela combinação de karma e livre arbítrio.

Muito se tem falado a respeito do Tarô e certamente pouco se tem entendido. Durante séculos o ser humano tem buscado nos oráculos respostas para sua vida. Os que, no passado, consultavam o Oráculo de Delfos, certamente tinham os mesmos questionamentos daqueles que hoje procuram as leituras de Tarô. E assim como ocorre com todo grande oráculo, o uso mais conhecido do Tarô é a adivinhação.
Todos temos centenas de questionamentos sobre o presente e futuro. Entretanto, se olharmos para o Tarô sob outro ângulo, descobriremos que sua maior dadiva para a humanidade tem sido, atualmente, negligenciada: a possibilidade real de entendermos quem somos, como influenciamos o mundo ao nosso redor e de que forma estamos construindo, dia a dia, a nossa realidade.
O Tarô é um sistema que possibilita, através da leitura, o encontro de uma direção para nossa vida. Ensina a nos manter em harmonia com padrões mutáveis, criando um equilíbrio entre o Karma e o livre-arbítrio, o racional e o intuitivo, o objetivo e o subjetivo. Leva-nos também a observar nossas próprias atitudes em relação à vida, como o passado nos afeta hoje e a forma pela qual nossas esperanças e desejos nos auxiliam a criar o futuro.
O Tarô busca, com a ajuda do subconsciente, nossos padrões internos, ou seja, as sementes que estão plantadas em nosso interior. E, assim como cada semente já contém o botão, o aroma, a cor, a flor desabrochada e seu murchar, as sementes de nosso interior contém nosso padrão interno.
Não podemos, no entanto, vê-lo nem predizer o destino. Se o conhecêssemos, teríamos autoconhecimento e poderíamos avançar na vida com passos firmes.
As pessoas, em sua maioria, não conhecem a si mesmas. Não sabendo como lidar com o destino, ficam a vagar pela vida como crianças que tateiam no escuro, pois são incapazes de reconhecer que todas as respostas pelas quais anseiam estão dentro de si mesmas.
Muitos acontecimentos são imutáveis, dívida kármicas. Certo é, todavia, que a influência desses acontecimentos pode ser trabalhada de forma criativa ou destrutiva, dependendo de nosso grau de evolução. O homem só pode evoluir quando tiver autoconhecimento, sabendo quem é, o que faz aqui e para onde irá.
O Tarô ensina também importantes questões como o livre arbítrio. Será que agimos de acordo com escolhas deliberadas ou seguimos padrões de comportamento imutáveis, ditados pelo nosso Karma? Será que experiências de vidas passadas tendem a manipular nossas vidas em determinadas direções, ou somos nós quem determinados essas direções?
As leituras de Tarô mostram essas influências combinadas e seus prováveis resultados. E, a partir dai, do conhecimento das influências internas que conduzem nossas vidas é que começamos a mudar, nos tornando senhores de nossos destinos, e não apenas viajantes inconscientes da Roda da Fortuna.

A leitura de Tarô é uma fascinante viagem pelas paisagens estranhas dos mundos arquetípicos, povoados por magos, pessoas penduradas de cabeça para baixo e seres andróginos a dançar a Dança Espiral. É a Terra dos Sonhos, cujo ingresso é a coragem de mudar e a recompensa é o despertar da sabedoria latente em todos. O Tarô serve como um mapa no caminho do autoconhecimento, onde cada Arcano é um sinalizador que mostra em que região do Eu nos encontramos.




A Grande Roda do Samsara
A Roda da Lei (Dharma)
A Roda do Tarô
A Roda dos Céus
A Roda da Vida”

Todas essas Rodas são uma, mas de todas elas só a Roda do Tarô te serve conscientemente.
Medita, homem, nessa Roda extensamente, fazendo-a girar em tua mente.
Que a tua tarefa seja essa: ver como cada carta emana necessariamente de todas as demais, inclusive na ordem devida, desde o Louco até o Dez de Moedas.
E então, uma vez conhecida perfeitamente a Roda do Destino, perceberás Aquela Vontade que a pôs em movimento um princípio (não há princípio nem fim).
E é aqui que terás cruzado o abismo.

Aleister Crowley – O Livro das Mentiras

Imagens da web
Bibliografia:

• Autores citados no texto
• Mara Barrionuevo para o Jornal O Exotérico – dezembro de 2001

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A Lua Cheia de Fevereiro

PLENILÚNIO EM LEÃO, SOL EM AQUÁRIO



Assim como a Lua é a representação cósmica da Deusa, o Sol é a representação do Deus, que tem na Roda do Ano o reflexo de sua ação sobre as estações.
Influencia diretamente a sobrevivência do homem, pois é sua posição no girar do planeta que determina as épocas de semeadura, colheita e fertilidade dos animais. Mas, assim como fertiliza a Mãe Terra e, juntos, promovem a abundância, retira sua luz e calor e dá lugar ao frio e a fome.

LEÃO é um signo de fogo, regido pelo Sol, e representa, como o sol, luz, calor, brilho e imensa capacidade expressiva para oferecer ao mundo. Tem como algumas de suas características a determinação, a coragem e o poder, assim como exercita qualquer atividade ou relacionamento com forte presença e doação. 
Por outro lado, o rei leão espera o reconhecimento de seus dons, talentos e realizações. Inspira amor e admiração nos que o cercam, quando a expressividade nasce no coração e é carregada de sentimentos nobres e transparência.


AQUÁRIO é um signo de ar, regido por Urano, e tem como características as preocupações comunitárias, as mudanças, a impessoalidade e o idealismo. É o mais diferenciado dos signos do zodíaco, por ser dotado de habilidade mental suficiente para trilhar seus próprios caminhos, planejar o futuro e manejá-lo com criatividade. A regência de Urano o torna inovador e dado a inverter sua vida com mudanças bruscas.
Por outro lado, tende a rebeldia e a indisciplina e a atitudes extremadas que terminam por separá-lo de outras pessoas. Busca autonomia para emitir suas próprias opiniões se ter que se vincular a nada nem a ninguém.

A combinação de um signo regido pelo fogo com um signo regido pelo ar nos ensina que os elementos diferentes são também complementares, na medida em que o ar é necessário para a combustão do fogo.

Esse plenilúnio possui uma atmosfera propícia as mudanças pessoais, nos tirando do meramente individual em direção ao comunitário e expandindo nossa consciência planetária.
Projeta ondas de luz e amor para com as pessoas e o planeta.
Também nos estimula a coragem de superar obstáculos e rotinas que nos mantém presos a situações e sentimentos de derrota ou opressão. Como a rei Leão, é o momentos de rugir para uma nova vida.

NO CALENDÁRIO LUNAR - A LUA DA COLHEITA

Embora tenha adotado o termo Lua da Colheita pela proximidade com o Festival de Lammas, 1º. Festival da Colheita, a lua cheia de fevereiro também é chamada de Lua do Milho, da Cevada, Lua das Disputas e Weodmonath, que significa Mês da Vegetação.

No calendário lunar, é tempo de ritos de paz e prosperidade, novas experiências e purificação.
É tempo de assar pães com os grãos da colheita e comemorar a abundância da terra.

NO CALENDÁRIO CELTA - TINNE

Tinne é o oitavo signo que compõe o calendário celta, Beth Luis Nion.
Como esse calendário é originário do hemisfério norte, é preciso girá-lo, para que acompanhe a maré energética do hemisfério sul, e a energia desse plenilúnio corresponde ao signo do Azevinho, Tinne. 
Na mitologia celta e nas Tradições que usam seus elementos como referência, a luta anual entre o Rei Carvalho e o Rei Azevinho é bastante conhecida. Embora esteja eu fazendo referência à mitologia celta, o combate entre duas grandes forças vem de costumes de povos mais antigos, onde a “Mãe da Tribo” escolhia, a cada um ano e um dia, um novo consorte - o jovem mais forte e viril do clã, para garantir a fertilidade da terra. Esse combate entre o antigo e o novo consorte ficou conhecido como a luta entre “O Rei Novo e o Rei Velho” ou o combate entre “O Rei Carvalho e o Rei Azevinho” e, até hoje, é tema de mito-dramas.



O Azevinho representa o aspecto sempre verde na psique. A árvore, na mitologia, cresce sob um antigo monumento funerário e simboliza a energia solar dentro da Mãe Terra. A Deusa se veste de vermelho para simbolizar a colheita e a proximidade do outono.

NOS CLÃS MATRIFOCAIS

A Matriarca da segunda lunação é A Guardiã da Sabedoria.
Essa Matriarca é guardiã das tradições sagradas e da memória planetária. Ela nos ensina a encontrar a sabedoria, tornando-nos receptivos aos ensinamentos e pontos de vista alheios. Nos ensina a aceitar a verdade e o espaço sagrado de cada ser, expandindo nossa noção de família planetária e reafirmando nossos laços afetivos com todos os nossos irmãos.

* imagens retiradas da web
* Bibliografia consultada para informações mitológicas/históricas:
The Celtic Lunar Zodiac - Helena Paterson
Livro Mágico da Lua - D. J. Conway
O Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur
Mara Barrionuevo - jornal O Exotérico, edição maio de 2002
e lembranças de antigos aprendizados que, pensei, estavam perdidos em minha memória

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ritos de Fevereiro



Morrer e renascer, a Roda está a girar! Essa estranha frase é o primeiro verso de um cântico usado pelos praticantes da Antiga Fé, chamada hoje de Bruxaria em um de seus ritos.
A Roda, a qual se refere o cântico, é a Roda do Ano, uma divisão em oito partes que os povos antigos estabeleceram para o período agrícola de um ano, em dois aspectos distintos: o aspecto solar e o aspecto que trata da fertilidade da terra.
Nesse calendário circular, o ciclo das estações gira infinitamente e, em observância a ele, os homens primitivos estabeleceram oito festivais religiosos, um para cada ciclo. Quatro destes festivais se referem a jornada do sol pelo céu - os solstícios e equinócios - e foram chamados Sabás Menores. Outros quatro estão relacionados ao ciclo agrícola - semeadura, crescimento, colheita e descanso da terra - e são chamados Sabás Maiores. Durante esses oito festivais, a Deusa Mãe e seu filho/consorte são homenageados.
Em cada festival, a Deusa muda de aspecto, da mesma forma que o ciclo de fecundidade da mulher: por vezes ela é a Mãe Terra, generosa em alimentos para seus filhos, por vezes ela é a Rainha do Céu, em suas fases lunares. Num festival ela se apresenta como a Amante Cósmica, para em seguida mostrar sua face Ceifeira, cobrando a vida que há pouco havia doado. Já seu filho e consorte, o Deus, tem na Roda do Ano o reflexo de sua existência: com ela ele nasce, nela cresce e seu torna adulto e dentro dela morre, para renascer num período seguinte.
Um dos festivais religiosos que honram os deuses dentro da Roda do Ano acontece no mês de fevereiro. No hemisfério norte, o segundo mês do ano é o coração do inverno, mas também a garantia de que a primavera se aproxima. Nesse mês, acontece o Festival de Brígida - Deusa Tríplice celta. O Sabá de Brígida é o Festival do Fogo ou da Purificação, a preparação dos campos para a recepção à primavera. Mas foi de outra deusa do fogo - a romana Februa - que o mês de fevereiro recebeu seu nome.
No hemisfério sul fevereiro acontece no coração do verão, prenunciando também o outono que se aproxima. No calendário agrícola, é o momento de colher o grão e, para abençoa-lo, comemoramos o Sabá de Lammas, ou 1o. Festival da Colheita.
Nessa época, os seguidores da Antiga Religião acreditam que “o Deus entra no milho” pois, para colher é preciso sacrificar o que será colhido. É momento de agradecer ao Deus pelo sacrifício e a Deusa da Terra pela abundância. É também momento de meditação, pois a Deusa da Terra está assumindo seu aspecto Ceifeira, cortando a vida para que ela possa renascer depois do inverno. Lammas é também o Festival do Pão, que para honrar aos deuses é feito dos primeiros grãos colhidos. Em algumas tradições, esse festival de fevereiro é chamado Lughnasad e comemora a ressurreição de Lugh, o grande deus guerreiro celta, também chamado deus sol.

Além dos festivais agrícolas, entre 1º e 3 de fevereiro foram comemorados os Mistérios de Elêusis na Grécia antiga: celebravam a Filha que Retorna - Deméter e Perséfone, Ceres e Prosérpina. No dia 7 os antigos comemoravam também o Dia de Selene e de outras deusas da lua, enquanto que em Roma, entre 14 e 21 de fevereiro, tinham lugar as festividades em homenagem à Deusa Afrodite. Em Singapura, China e Taiwan, fevereiro é o mês dedicado a Deusa Kuan Yin, a lua cheia.

Festivais Católicos
Muitos dos ritos católicos acontecem também no mês de fevereiro e grande parte deles tem origem em festividades pagãs. A Festa da Candelária tem como provável origem o Festival da deusa Brígida - ou Santa Brígida para os católicos. Sendo a festa da purificação de Nossa Senhora, esse ritual nos remete diretamente para a purificação dos campos durante o Sabá de Brígida. Curiosamente também é o tempo em que os católicos levam seus pães à igreja para que sejam abençoados, da mesma forma como os pagãos levam seus pães para os altares de Lammas.
Fevereiro é ainda o mês da procissão de Nossa Senhora dos Navegantes no estado do Rio Grande do Sul, da Festa de Nossa Senhora da Glória no Rio de Janeiro e de Nossa Senhora das Candeias (Candelária) na Bahia.

Deusas das Águas
Nossa Senhora dos Navegantes é relacionada, dentro das tradições Afro-brasileiras, à bela orixá Iemanjá, a Rainha dos Mares. No dia 02 de fevereiro, Iemanjá é homenageada como o arquétipo da grande mãe, aquela que controla a fertilidade, a gravidez e a sensualidade. Das águas de Iemanjá tiveram origem os seres vivos, pois são salgadas como o líquido amniótico. Suas águas, assim como o líquido que protege o feto, não podem ser bebidas pelo homem, mas o mantêm vivo em sua origem. Essa deusa é a mãe dos orixás. A fertilidade e a sexualidade a ela atribuídas são vistas também em suas imagens: belas e generosas formas, seios fartos e corpo forte. Iemanjá é a própria energia da água, assim como Brígida é a energia do Fogo e Deméter a energia da Terra. São homenageadas no mesmo dia a Senhora do Fogo, a Senhora da Água e a Senhora da Terra, corpo, útero e espírito da deusa, elementos doadores de vida.
Aos que tem no coração a intuição do amor da deusa, não importa sob que nome ou credo Ela será louvada. Pois, como disse um dia uma grande Senhora da Magia, “todos os deuses são um só Deus e todas as deusas são uma só Deusa, e há apenas um iniciador”. A cada homem a sua verdade. Abençoadas sejam, Brígida, Kuan Yin, Deméter, Afrodite! Odoiá Iemanjá!
Abençoada seja Ker, a Senhora de Lammas.
Abençoados sejam aqueles que, perseguidos torturados e mortos pela intolerância de uma nova igreja, voltaram reafirmando sua fé.
Lammas é o primeiro Festival da Colheita. Que a colheita daquilo que plantamos seja farta.
Aos que, como eu, giram a Roda do Sul, abençoado Festival de Lammas.
Aos que giram pela Roda do Norte, abençoado Festival de Brígida.


* texto: Mara Barrionuevo, publicado no Jornal O Exotérico em edição de fevereiro do ano de 2000.
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